Por
Antunes Ferreira
NUMA
SEMANA em o
Tribunal Constitucional deu mais uma machadada na
credibilidade do (des)Governo considerando inconstitucionais seis normas
propostas por São Bento para alterar a Lei do Trabalho;
Numa
semana em que o porta-voz do PSD, Marco António Costa, considerou que
seria encontrada uma solução que torne viáveis as normas do Código do Trabalho
declaradas inconstitucionais, que assinalou terem sido aprovadas "sem
terem o voto contra do PS";
Numa semana em que terminou a campanha eleitoral para as
autárquicas que decorrem neste domingo, 29 de Setembro, e na qual esta
deliberação do TC veio servir de arma de arremesso para a esquerda e para a
direita, o assunto mais falado em Portugal foi a situação de Jorge Jesus, o
treinador do Sport Lisboa e Benfica. Isto exemplifica bem o pensamento
dominante da população portuguesa.
Uma esmagadora maioria dos cidadãos seguiu e segue e seguirá
o evoluir da situação criada pelo técnico encarnado que no final do jogo no
estádio D. Afonso Henrique, na cidade de Guimarães ao envolver-se num distúrbio
resultante da entrada em campo de adeptos benfiquistas e que motivou a
intervenção da PSP.
Como acontece sempre em desacatos com esta dimensão, cada
parte arrogou a sua justificação para a desordem. A Polícia entendeu que o técnico
do Benfica se portou mal, tendo agredido agentes da força pública e seguranças
que tinham intervindo no que se passara. Jesus negou que assim tivesse sido, no
que foi acompanhado pelo presidente do clube, Luís Filipe Vieira.
A PSP anunciou, entretanto, que iria interpor a acção que
entende corresponder ao destempero do treinador junto dos tribunais
competentes. O advogado do técnico declarou que o caso não passava de uma
tempestade num copo de água, que o seu constituinte não agredira ninguém,
obviamente polícias.
Porém, a situação complicou-se com a entrada em cena da
Federação Portuguesa de Futebol, através do seu Conselho de Disciplina ter
ordenado a instauração de um inquérito disciplinar a Jorge Jesus, pelo episódio ocorrido
em Guimarães. Este
seguiu, em conformidade, para a Comissão de Instrução e Inquéritos (CII) da
Liga Profissional.
Esta
última também abriu de abriu de imediato processos disciplinares a todos os
envolvidos nos incidentes, nomeadamente ao treinador do Benfica, à equipa de
arbitragem (liderada por Bruno Esteves e composta ainda por Mário Dionísio, Rui
Teixeira e Manuel Oliveira) e aos delegados da Liga (Paulino Carvalho e Carlos
Santos).
Se em relação a Jorge Jesus o procedimento surgiu com naturalidade, dado que já era esperado, não deixa de causar estranheza que também árbitros e delegados estejam sob a alçada disciplinar. Segundo a Lusa, tal deve-se ao facto de a CII da Liga entender que existem indícios de omissão do dever de informação nos respetivos relatórios.
Se em relação a Jorge Jesus o procedimento surgiu com naturalidade, dado que já era esperado, não deixa de causar estranheza que também árbitros e delegados estejam sob a alçada disciplinar. Segundo a Lusa, tal deve-se ao facto de a CII da Liga entender que existem indícios de omissão do dever de informação nos respetivos relatórios.
A
decisão da Comissão de Instrução e Inquéritos foi tomada com base nos
relatórios da PSP e dos delegados, e fundamentalmente através das imagens
televisivas dos incidentes. E
aqui o principal problema que pode complicar a vida de Jorge Jesus resulta das
cenas capturadas pelas câmaras das televisões. Mais ainda: as redes sociais
encarregaram-se de passar essas imagens que, desta forma, se espalharam pelo
Mundo.
O próximo passo para o apuramento de responsabilidades, ao nível da justiça desportiva, é chamar todos os intervenientes e testemunhas para prestarem declarações. Caso seja provada a agressão, o que é o pior dos cenários em termos disciplinares, Jorge Jesus será suspenso entre três meses e três anos.
O próximo passo para o apuramento de responsabilidades, ao nível da justiça desportiva, é chamar todos os intervenientes e testemunhas para prestarem declarações. Caso seja provada a agressão, o que é o pior dos cenários em termos disciplinares, Jorge Jesus será suspenso entre três meses e três anos.
Estão,
pois, reunidos os ingredientes para se cozinhar um prato altamente picante e,
até, tóxico. Os Portugueses, que pouca atenção dispensaram à campanha
eleitoral, viraram-se para este tema escaldante. No fundo, estão nas tintas
para a política e voltaram-se, como habitualmente para o futebol.
Há
muito que esta atenção se verifica a nível da população. Recordo que no tempo
do salazarismo existiu um ditado elucidativo: “Quem não é do Benfica não é bom chefe de família”. Complementado
de resto por outro slogan cabotino: “A minha
política é o trabalho!”
Tal
como nas primeiras telenovelas apresentadas na RTP, já lá vão uns bons anos se
informava que eram apresentados de seguida “cenas do próximo episódio” Ora este
“importantíssimo assunto “ leva ao
desencanto quanto às eleições para as autarquias, em detrimento do caricato
“Processo Jesus”.
Vamos
ver no que isto dá: em primeiro lugar este último; depois, os resultados dos
votos introduzidos nas urnas. Já o Estado Novo defendia que em Portugal havia a
trilogia dos três F: Fátima, futebol e Fado. Mas o fado que vivemos não é
apenas triste: é catastrófico.