domingo, 31 de agosto de 2008

«Sem Cura Possível», de André Brun - Cap. VI




É de mestra! (*)

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QUANDO, POR FIM, chegou a altura de passar a escrito as peripécias que acabaram de ler, peguei no meu computador portátil, procurei um banco numa boa sombra de um jardim sossegado e, inspirado pelo canto dos passarinhos e pelo grasnar dos patos, comecei a trabalhar, entusiasmado.
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Ora, a certa altura, apercebi-me de que uma velhinha, tão pequenina quanto espevitada, se sentava ao meu lado, começando de imediato a espreitar e a bisbilhotar o que eu estava a escrever; e o facto de o monitor ser de matriz activa permitia que ela, mesmo de um ângulo desfavorável, pudesse ver tudo à sua vontade.
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«Que diabo!» – pensei eu – «Como é que ela se pode interessar por um assunto destes, em que quase só se fala de bits e de bytes?!».
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Porém, como não quis ser malcriado, não comentei nem resmunguei e fiz os possíveis por me concentrar no trabalho que tinha de fazer.
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No entanto, apesar dos meus melhores esforços nesse sentido, o certo é que, devido ao nervoso miudinho que se tornara incontrolável, começaram a aparecer mais erros do que o habitual. Felizmente, o corrector ortográfico que eu havia instalado ia corrigindo tudo automaticamente, pelo que a grafia errada apenas se mantinha visível no monitor durante uma curta fracção de segundo.
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Mesmo assim, o diabo da velhinha era terrivelmente perspicaz, pelo que comecei a ver que, a breve trecho, ela produzia surdas interjeições de desagrado quando eu me enganava!
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Era apenas um «Tch...! Tch...!» – seco, mas sumamente irritante!
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A certa altura, não aguentando mais, decidi-me a fechar ostensivamente o computador e a sair dali, não escondendo o meu desagrado pela situação. E foi nessa altura, quando lhe ia deitar um olhar raivoso à laia de despedida, que sucedeu o mais incrível:
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Apesar dos muitos anos decorridos, descobri então que a senhora era, nem mais nem menos do que a D. Judite, a minha antiga professora de escola primária, e que me reconhecera!
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- Seu maroto... – comentou ela, sorrindo – Estás muito crescido!
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Vieram-me as lágrimas aos olhos e fiquei sem palavras!
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- Tenho estado a ver-te a escrever... – prosseguiu – Sabes? Merecias 20!
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«Coitadinha...» – pensei eu – «Mal ela sabe que era o corrector automático do processador de texto a trabalhar!»
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Mas uma surpresa maior veio logo a seguir:
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- Jeremias, grande maroteco... Julgas então que eu não conheço o Word e essa função do auto-correct, hem?!
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Fiquei banzado! E ainda eu não tinha fechado a boca de espanto quando ela concluiu, ao mesmo tempo que me dava dois beijinhos de despedida:
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- Vai-te lá embora, que tu bem merecias 20... reguadas!
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(*) - Capítulo XIV, com que termina o livro «Jeremias dá uma mãozinha», de CMR, Ed. Plátano, 2006.
Para receber uma versão de distribuição restrita, enviar um e-mail para medina.ribeiro@netcabo.pt escrevendo, em 'assunto', o título do livro.

sábado, 30 de agosto de 2008

Notícias dos CTT

1 - PRÉMIO DE €50 para quem encontrar uma destas maquinetas que funcione
Fora de Serviço (em português e em inglês técnico)

Quiosque para navegação na Internet, cofinanciado pelo FEDER e pelo Plano Operacional para a Sociedade do Conhecimento
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Foram criados 10 milhões de endereços de e-mail. Alguém é capaz de indicar meia-dúzia?
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Dão esta resposta, pelo menos, as máquinas das estações da Av. de Roma e Av. João XXI quendo se lhes pede um selo para "livros": Se a correspondência pesa mais do que ZERO gramas... está tramado!

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2 - PRÉMIO DE €50 para quem encontrar um quiosque de venda de selos que aceite cartões
Eram assim estes cartões... quando existiam!
O da esquerda, emitido pelos CTT, custava €5,49. Desapareceu.
o da direita podia ser dado, ou vendido - dependia dos bancos.

«Inserir o PMB ou o Cartão Netpost». Onde é que se adquirem? Alguém sabe?

A solução dos CTT: tapar a referência aos cartões...
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Máquina de venda de selos na Estação da Av. de Roma: dias seguidos fora de serviço.
Av. EUA, à porta da estação do CTT. A empresa colocou uma autocolante a tapar a indicação do PMB; mas, além da fenda lá continuar (como sucede em todos...), o logótipo vê-se à transparência.
Avenida da Igreja, em Lisboa, Agosto de 2008
À porta da estação do CTT: pede-se a "quantia exacta" e "sugere-se" o uso do defunto PM-Multibanco!
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Alguém sabe onde é que se vendem envelopes selados de correio normal para Portugal?
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Lembram-se de um serviço pré-pago, que havia, e que permitia escrever cartas no computador e enviá-las pela internet? Eram impressas na estação mais próxima do destinatário e entregues rapidamente.
Foi assim que consegui contactar uma pessoa amiga em Castelo de Paiva, aquando da queda da ponte de Entre-os-Rios. O serviço acabou...
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Envelopes almofadados, de correio normal para Portugal, formatos M e L, estão esgotados em várias estações "porque é Agosto". No fim do ano sucedeu o mesmo, "porque era Natal".
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Alguém conhece alguma estação dos CTT onde se possa pagar com Visa ou MB?

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Edição de 1988
Embora não seja em 2ª mão, o livro está um pouco manuseado (da loja). Foi, no entanto, incluído no passatempo «Agosto em Lisboa» [v. aqui] porque o título vem a propósito da crónica de Alice Vieira. Vai, então, ser enviado para 'Mr. Shankly'.
Bom fim-de-semana e obrigado a todos!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Ainda a Central de Biomassa da CML

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O Sr. Manuel Abrantes Gouveia enviou-me estas fotos (tiradas nas ruas Constantino Fernandes, Ricardo Jorge Largos João Vaz e Pote d' Água), que confirmam o que eu penso: Lisboa está em vias de poder compor o orçamento à custa da comercialização de biomassa...
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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Rua José Duro - Alvalade, Lisboa





POBRE POVO NAÇÃO DOENTE

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Por Baptista-Bastos
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ESTÁ UMA BATALHA LÁ FORA e os políticos não encontram melhor forma de reconhecimento do que se passa senão com dizer coisas sem sentido. A violência está a mudar (mudou) a nossa sociedade e põe em causa não apenas a face social do País como favorece a emergência de ataques à liberdade, em nome da segurança. As primeiras páginas dos jornais, os "alinhamentos" dos noticiários televisivos não se baseiam em princípios abstractos: a gestão do medo traduz a realidade do medo, e uma falta de confiança na avaliação dos políticos.
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Impressionamo-nos com a crueza das imagens de brutalidade mas, a seguir, admitimo-las porque nos resignámos. Criou-se a mentalidade difusa, volatilizada, de que esta realidade é a concepção subjacente da "modernidade". Oculta-se a verdadeira razão: o capitalismo contemporâneo criou um indivíduo que recusa e resiste a qualquer forma de compromisso. Os laços sociais foram destruídos e o homem "moderno" encerra-se em si próprio, indiferente não só ao "outro" como relapso aos assuntos públicos.
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As esferas estão demarcadas. Se, num lado, os guetos não ocultam a injustiça e são alfobres de ressentimento, resultantes das deformações sociais, no outro lado estão os condomínios fechados, que multiplicam as fronteiras entre dois mundos distintos. O que se entrevê como protecção transforma-se em couraça.
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As classes dirigentes alteraram, dramaticamente, os espaços de aproximação afectiva. Vivemos num país, numa sociedade, que ignora o conceito de comunidade e de partilha para se converter numa massa esvaziada de substância.
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A "prevenção" do crime está certa. Mas as declarações nesse sentido, proferidas por responsáveis da "segurança", desembaraçam-se de qualquer desejo de análise e de racionalidade. "Mais polícia" é paliativo; não é solução. A desumanização social, a deformidade e a abjecção que se encontram na natureza do sistema ganharam raízes na cultura dominante. A desigualdade na distribuição da riqueza é afrontosa. Os jornais informam que aquele multimilionário superou, em fortuna acumulada, aqueloutro; que "gestores" auferem reformas sumptuárias após meia dúzia de meses de exercício de funções; que a fuga aos impostos é uma prática só possível, e permitida, aos ricos - como se o valor de uma pessoa fosse, claramente, inferior ao de outra.
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Dostoievski ensinou que o crime compensa. Raskolnikov é, unicamente, castigado pelo remorso. Sentimento que me não parece muito comum entre aqueles indicados. Henri Michaux, poeta de que gosto muito, autor, aliás, de um pequeno livro, Equador, este, sim, maior, escreveu: "Só lutamos bem por causas que nós próprios modelamos e com as quais nos queimamos ao identificarmo-nos com elas."
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O português não é mobilizado porque é constantemente desprezado.
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«DN» de 27 de Agosto de 2008
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NOTA: Eventuais comentários a este texto deverão ser afixados no Sorumbático - e não aqui.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

domingo, 24 de agosto de 2008

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Prémio «Lolita», uma obra de peso!


Pesagem antes de o passatempo começar


Pesagem depois de o passatempo terminar

Cada pesagem foi efectuada por várias vezes, depois de ajustado o "zero" cuidadosamente. Por estranho que pareça (mas isso pode ter a ver com a humidade, como noutro lado se diz), há uma diferença de 9 gramas entre ambas.

Assim, vejamos os 3 resultados possíveis:

A - Considerando só a pesagem inicial (como se faz nas corridas de cavalos...):

1.º: Mr. Shankly errou por 1 g

2.º: Bolonhado errou por 2 g)

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B - Considerando só a pesagem final:

1.º: Manuel Araújo errou por 7 g

2.º: Mr. Shankly errou por 8 g

C - Considerando a média de ambas:

1.º: Mr. Shankly errou por 3,5 g

2.º: Bolonhado errou por 6,5 g

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Assim, parece-me justo que haja 3 prémios:

1.º prémio para Mr. Shankly (que ganha em duas hipóteses - pelo que receberá um prémio adicional, surpresa);

2.º prémio para Manuel Araújo (que ganha numa hipótese)

3.º prémio para Bolonhado (que, embora não ganhando, esteve rés-vés...)

Se estiverem de acordo, enviem as vossas moradas, até domingo, 24, à noite, para sorumbático@iol.pt. Obrigado a todos!

Importante: caso pretendam, em alternativa ao «Lolita» poderá ser enviado um livro-surpresa.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Passatempo Impunidade Garantida - I

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Qual das 30 fotos seguintes é a mais recente (tirada hoje, às 12h40m)?
As respostas deverão ser dadas aqui, em comentário, podendo cada leitor dar uma única.
O prémio será um exemplar de «Cidade Escaldante» (de Chester Himes) ou de «Ontem e Amanhã» (de J.G. Romão Coutinho) - à escolha do vencedor.
Actualização: o passatempo foi ganho por Melo, a quem se pede que, nas próximas 48h, contacte sorumbatico@iol.pt indicando qual o livro que prefere e morada para envio.
Obrigado a todos.
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