Por Antunes Ferreira
JÁ SE SABIA que as coisas corriam (muito) mal no que concerne à dívida
pública. Mas a situação passou de má a pior. Com este (des)Governo despudorado
e ladrão. A
dívida das administrações públicas bateu o recorde: subiu de novo no segundo
trimestre do ano, fixando o seu rácio em 134% do PIB e alargando a distância
face à meta traçada pelo Governo. Para este agravamento contribuiu o programa
de reestruturação financeira às empresas públicas de transportes, que obrigou a
reconhecer na dívida pública 3,5 mil milhões de euros de dívida bancária da CP,
Carris e STCP.
Ora, em Março, ela
atingira 132,9%. E com este rácio ela pulou do obtido no final de 2013: 128,9%.
Mas o azar, quando bate à porta deixa sempre o infeliz visitado de cara à banda
e muito preocupado. Porque, além da dívida bruta, a dívida pública líquida de
depósitos da administração central ( que como se sabe é a “almofada” de
liquidez que tem ajudado o IGCP a gerir a dívida) também apresentou um aumento.
Os dados publicados pelo banco central indicam que a dívida líquida de
depósitos passou de 118,8% do PIB no primeiro trimestre do ano, para
122,4% no segundo trimestre.
O (des)Governo parece
ter assobiado para o lado face a estas percentagens. Recordo que o
estranhíssimo Documento de Estratégia Orçamental dado à luz em Abril previa que
no conjunto deste ano a dívida bruta atingiria os 130,2% do PIB. Até agora, de
São Bento ouve-se um silêncio assustador. Será que a desorientação habitual dos
homens de Passos e de Portas também cresceu? A ser assim é pior a emenda do que
soneto. Manuel Maria Barbosa du Bocage parece ter premoniado a actual situação
das finanças nacionais.
Face
a esta situação, António Costa, candidato às primárias do Partido Socialista
(que se me afigura viver em permanente ebulição e confusão geral) referiu que
no inicio desta crise, Portugal tinha a dívida publica em 97% do Produto
Interno Bruto e acrescentou que com todos os aumentos dos impostos, com todos
os cortes nos salários, nos serviços e nas pensões dos reformados, obra deste
suposto Executivo, ela atingiu os 134% já mencionados, segundo o Banco de
Portugal. Convém também mencionar que é o
banco central e regulador (?) da actividade que no seu boletim estatístico, a desgraçada
dívida pública na óptica de Maastricht a que conta para Bruxelas, alcançou uns…
223.270 milhões de euros em Junho deste ano. Peanuts, para a coligação.
Com a euforia representada pelas privatizações, pelas
exportações, pelos resultados fantásticos na ida aos mercados (que a esmagadora
maioria dos Portugueses nem sabem o que são…) há coisas que não se podem nem
devem ocultar. Um só exemplo serve para desmontar a falácia das exportações: a
balança comercial continua a ser altamente deficitária. Mas isso para o
(des)Governo não tem qualquer relevo. É despiciendo.
Se William
Shakespeare não se tiver enganado, o to
be or not to be, that’s the question
continua eterno. No caso vertente, isto é, o português, o
ser ou não ser, eis a questão, que Hamlet eternizou em “ A tragédia de
Hamlet príncipe da Dinamarca”, tem toda a
razão: ser deficitário ou não ser
deficitário, esta é a questão levantada pela Frau Angela Merkel e posta em
prática pela amaldiçoada tróica. Isto quer dizer que o Orçamento do Estado, que
era o último reduto das finanças portuguesas, também nos foi roubado e
europeizado.
Um dia destes, para não aumentar uma vez mais
o défice do PIB têm os (des)governantes de pensar em privatizar Portugal. O
problema é saber quem estará interessado. No “Frei Luís de Souza” a resposta do
Romeiro foi: Ninguém!
-
Aditamento -
texto da Lusa:
A atividade económica em Portugal voltou a abrandar em julho, fixando-se
nos -0,3% e entrando pela primeira vez em terreno negativo desde setembro do
ano passado, segundo indicadores divulgados hoje pelo Banco de Portugal (BdP).
De acordo com os Indicadores de Conjuntura
hoje divulgados pelo banco central, o indicador coincidente mensal para a
evolução homóloga tendencial da atividade económica fixou-se nos -0,3%.
Este valor indica uma queda de 0,3
pontos percentuais face a junho, mas a atividade económica vinha a abrandar
desde janeiro, quando o indicador se fixou nos 0,7%.
A atividade económica entra assim em
terreno negativo, o que não acontecia desde setembro de 2013, quando o
indicador referente se fixou nos -0,1%, segundo os números do BdP.
Os Indicadores de Conjuntura hoje
divulgados dão também conta de uma ligeira diminuição no consumo privado, com o
indicador coincidente para a evolução homóloga tendencial do consumo privado a
fixar-se nos 0,9%, 0,1 pontos percentuais abaixo do valor registado em junho.
Este indicador desce a valores de
fevereiro, depois de se ter mantido estabilizado durante quatro meses.
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