Por Antunes Ferreira
PUBLICOU O SOL que “É reconfortante saber que pelo menos um país no Mundo tem as suas prioridades bem definidas. Na nação africana do Malawi, está a ser votada uma lei que tem como objectivo «moldar cidadãos responsáveis e disciplinados», tornando para isso a flatulência pública ilegal. Por vontade do Executivo, episódios desses em público deixaram de ser apenas um acto rude e de má educação para passarem a ser crime. Finalmente, existe um governo que não teme fazer frente a um crimes mais antigos que a humanidade comete impunemente”.
De acordo com órgãos de comunicação internacionais, a lei terá sido discutida na quarta-feira no Parlamento do país, mas até então ainda não havia notícias sobre se a proibição foi ou não adiante. Nestes temas de gritante actualidade não se compreende que não se esteja “em cima do acontecimento”. Não há desculpas para tal procedimento.
Há que ter a noção da importância dos assuntos no contexto globalizado em que vivemos, e que começou com a publicação da “Aldeia Global” pelo Sr. Marshall McLuhan. Há que hierarquizá-los e, assim, há que os escolher cuidadosamente. Sem qualquer rebuço a criminalização da flatulência em público no Malawi está no grupo da frente.
Andamos nós (e muitos outros) ouvindo e seguindo, com mais ou menos atenção, questões menores, como o fado corrido “Entra não entra”, interpretado pelo Governo Português, acompanhado à guitarra pelo Fundo Monetário Internacional e à viola pelo Fundo de Estabilização Europeu – e descuramos a flatulência em público.
Surge o Senhor Cardeal Patriarca a comunicar que vai apresentar a sua resignação a Roma, invocando ter acabado o seu prazo de validade e nós ficamos numa expectativa tensa. Aceitará o Santo Padre o pedido do Senhor Dom José Policarpo, ou rejeitá-lo-á? Outra dúvida atroz aqui por casa. Ainda que emérito eclesiástico nos tenha informado que nunca nos abandonará interneticamente, os pontos de interrogação acentuam-se. Quanto à flatulência em público, pelos vistos, estamo-nos borrifando sobre a sua possível caracterização criminal.
O Malawi é um exemplo mundial. O seu Parlamento – como todas as Assembleias em regimes democráticos – pode já ter dado o passo decisivo – e nós, moita, carrasco. Não procuramos estar informados, não nos preocupamos com a formação, ignoramos as novas oportunidades. Somos uns distraídos ou persistimos em dormir na forma?
Conta-se que o nosso Elmano Sadino assistia a uma sessão artístico-cultural, quando uma Senhora flatulenciou, motivando que os assistentes a interrogassem, ainda que de boca calada, mas com os olhares críticos acerados. Em surdina, a dama pediu ao poeta que a salvasse da humilhação.
E o Manuel Maria de Barbosa l’Hedois du Bocage levantou-se e disse claramente: “Minhas Senhoras e meus Senhores, o traque que esta Senhora deu, não foi ela, fui eu”. Olha se a cena tivesse decorrido no Malawi, depois da lei aprovada e promulgada por sua Excelência o Senhor Presidente Bungu wa Mutharika, depois de aprovada na Assembleia Nacional de Lilongwe. Pena maior, quiçá.
PUBLICOU O SOL que “É reconfortante saber que pelo menos um país no Mundo tem as suas prioridades bem definidas. Na nação africana do Malawi, está a ser votada uma lei que tem como objectivo «moldar cidadãos responsáveis e disciplinados», tornando para isso a flatulência pública ilegal. Por vontade do Executivo, episódios desses em público deixaram de ser apenas um acto rude e de má educação para passarem a ser crime. Finalmente, existe um governo que não teme fazer frente a um crimes mais antigos que a humanidade comete impunemente”.
De acordo com órgãos de comunicação internacionais, a lei terá sido discutida na quarta-feira no Parlamento do país, mas até então ainda não havia notícias sobre se a proibição foi ou não adiante. Nestes temas de gritante actualidade não se compreende que não se esteja “em cima do acontecimento”. Não há desculpas para tal procedimento.
Há que ter a noção da importância dos assuntos no contexto globalizado em que vivemos, e que começou com a publicação da “Aldeia Global” pelo Sr. Marshall McLuhan. Há que hierarquizá-los e, assim, há que os escolher cuidadosamente. Sem qualquer rebuço a criminalização da flatulência em público no Malawi está no grupo da frente.
Andamos nós (e muitos outros) ouvindo e seguindo, com mais ou menos atenção, questões menores, como o fado corrido “Entra não entra”, interpretado pelo Governo Português, acompanhado à guitarra pelo Fundo Monetário Internacional e à viola pelo Fundo de Estabilização Europeu – e descuramos a flatulência em público.
Surge o Senhor Cardeal Patriarca a comunicar que vai apresentar a sua resignação a Roma, invocando ter acabado o seu prazo de validade e nós ficamos numa expectativa tensa. Aceitará o Santo Padre o pedido do Senhor Dom José Policarpo, ou rejeitá-lo-á? Outra dúvida atroz aqui por casa. Ainda que emérito eclesiástico nos tenha informado que nunca nos abandonará interneticamente, os pontos de interrogação acentuam-se. Quanto à flatulência em público, pelos vistos, estamo-nos borrifando sobre a sua possível caracterização criminal.
O Malawi é um exemplo mundial. O seu Parlamento – como todas as Assembleias em regimes democráticos – pode já ter dado o passo decisivo – e nós, moita, carrasco. Não procuramos estar informados, não nos preocupamos com a formação, ignoramos as novas oportunidades. Somos uns distraídos ou persistimos em dormir na forma?
Conta-se que o nosso Elmano Sadino assistia a uma sessão artístico-cultural, quando uma Senhora flatulenciou, motivando que os assistentes a interrogassem, ainda que de boca calada, mas com os olhares críticos acerados. Em surdina, a dama pediu ao poeta que a salvasse da humilhação.
E o Manuel Maria de Barbosa l’Hedois du Bocage levantou-se e disse claramente: “Minhas Senhoras e meus Senhores, o traque que esta Senhora deu, não foi ela, fui eu”. Olha se a cena tivesse decorrido no Malawi, depois da lei aprovada e promulgada por sua Excelência o Senhor Presidente Bungu wa Mutharika, depois de aprovada na Assembleia Nacional de Lilongwe. Pena maior, quiçá.