Por Antunes Ferreira
AS ELEIÇÕES estão à porta. Trocam-se acusações, a crise foi originada pelo desgoverno, as finanças estão de rastos, os cidadãos cada vez mais desconfiados, farto de promessas está o Inferno cheio, as vitórias estão ali mesmo à biquinha, os maus (maus? Péssimos!) resultados têm de ser ultrapassados.
A crise é isso mesmo. Uma amálgama de maus procedimentos de há anos a esta parte, de ilusões frustradas, de tropeções constantes, de desencantos generalizados. Em suma: um real pot pourri. Nunca se tinha vivido uma como esta. As pessoas já deviam estar habituadas, já deviam saber o que a casa gastava, já deviam desconfiar dos que mandavam, c’os diabos, era a altura de mudar.
Mudar para quê? Para que tudo ficasse na mesma? Para que os bosses fossem sempre os mesmos, das mesmas famílias, dos mesmos desconchavos, dos mesmos procedimentos? Quando a dúvida se instala é mau; quando as dívidas o fazem é muito pior. É péssimo. Como pagá-las, esse é o busílis da questão.
Os adversários chegaram às últimas; só faltam mesmo as agressões físicas, a trolha, o pontapé, os olhos negros, a facada pelas costas. Também tu, bruto? Numa tal terra de cegos, um que tem um só olho é rei, diz a sabedoria popular e diz muito bem. Anda uma geração à rasca? Andamos todos. Ainda que sem manifestações de centenas de milhar.
Os elencos apresentam-se, os dinheiros são prometidos e garantidos. Nestes preparos, é tudo bem-vindo para que as coisas entrem nos eixos e, logo, que se levantem. Chega de rastejar na lama, basta de jogadas subterrâneas, está-se farto dos esgotos; viva quem vai ganhar, porque é sempre melhor estar do lado dos vencedores.
Estou, naturalmente, a falar das eleições no meu paupérrimo clube, de que nem sou sócio mas apenas simpatizante. A verde e branco, é óbvio. No Sporting Clube de Portugal; pois que mais havia de ser? Que são daqui a oito dias, a 26 deste mês e se esperam que sejam as mais concorridas de sempre. Ao contrário das outras, em que a abstenção sobe mais do que os juros da dívida pública.
Eram seis os candidatos, mas já desistiu um, o senhor Zeferino Boal de seu nome. Ficaram na luta os senhores Godinho Lopes, Bruno de Carvalho, Dias Ferreira, Pedro Baltazar e Abrantes Mendes. Todos se afirmam homens de bem, salvadores dos leões, carregados de euros, com fundos e… mundos.
Todos amam o clube desde pequeninos, alguns mesmo são sócios de berço, para não dizer uterinos. Todos têm treinadores de nomeada, todos apresentam jogadores do melhor que há pelo orbe fora, todos se rodeiam de figuras gradas, de velhas glórias, de ídolos do passado.
É o fartar vilanagem, é o regabofe. Se o leão está moribundo, todos lhe atiram… remédios miraculosos. Também diz o povo que antes a morte que tal sorte. Eu, não sendo associado, não vou votar. E se o fosse e se fosse votar era no Paulinho roupeiro. Tiro e queda.
AS ELEIÇÕES estão à porta. Trocam-se acusações, a crise foi originada pelo desgoverno, as finanças estão de rastos, os cidadãos cada vez mais desconfiados, farto de promessas está o Inferno cheio, as vitórias estão ali mesmo à biquinha, os maus (maus? Péssimos!) resultados têm de ser ultrapassados.
A crise é isso mesmo. Uma amálgama de maus procedimentos de há anos a esta parte, de ilusões frustradas, de tropeções constantes, de desencantos generalizados. Em suma: um real pot pourri. Nunca se tinha vivido uma como esta. As pessoas já deviam estar habituadas, já deviam saber o que a casa gastava, já deviam desconfiar dos que mandavam, c’os diabos, era a altura de mudar.
Mudar para quê? Para que tudo ficasse na mesma? Para que os bosses fossem sempre os mesmos, das mesmas famílias, dos mesmos desconchavos, dos mesmos procedimentos? Quando a dúvida se instala é mau; quando as dívidas o fazem é muito pior. É péssimo. Como pagá-las, esse é o busílis da questão.
Os adversários chegaram às últimas; só faltam mesmo as agressões físicas, a trolha, o pontapé, os olhos negros, a facada pelas costas. Também tu, bruto? Numa tal terra de cegos, um que tem um só olho é rei, diz a sabedoria popular e diz muito bem. Anda uma geração à rasca? Andamos todos. Ainda que sem manifestações de centenas de milhar.
Os elencos apresentam-se, os dinheiros são prometidos e garantidos. Nestes preparos, é tudo bem-vindo para que as coisas entrem nos eixos e, logo, que se levantem. Chega de rastejar na lama, basta de jogadas subterrâneas, está-se farto dos esgotos; viva quem vai ganhar, porque é sempre melhor estar do lado dos vencedores.
Estou, naturalmente, a falar das eleições no meu paupérrimo clube, de que nem sou sócio mas apenas simpatizante. A verde e branco, é óbvio. No Sporting Clube de Portugal; pois que mais havia de ser? Que são daqui a oito dias, a 26 deste mês e se esperam que sejam as mais concorridas de sempre. Ao contrário das outras, em que a abstenção sobe mais do que os juros da dívida pública.
Eram seis os candidatos, mas já desistiu um, o senhor Zeferino Boal de seu nome. Ficaram na luta os senhores Godinho Lopes, Bruno de Carvalho, Dias Ferreira, Pedro Baltazar e Abrantes Mendes. Todos se afirmam homens de bem, salvadores dos leões, carregados de euros, com fundos e… mundos.
Todos amam o clube desde pequeninos, alguns mesmo são sócios de berço, para não dizer uterinos. Todos têm treinadores de nomeada, todos apresentam jogadores do melhor que há pelo orbe fora, todos se rodeiam de figuras gradas, de velhas glórias, de ídolos do passado.
É o fartar vilanagem, é o regabofe. Se o leão está moribundo, todos lhe atiram… remédios miraculosos. Também diz o povo que antes a morte que tal sorte. Eu, não sendo associado, não vou votar. E se o fosse e se fosse votar era no Paulinho roupeiro. Tiro e queda.