terça-feira, 14 de outubro de 2008

Asteróide previsto e visto

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Por Nuno Crato
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HÁ QUEM PREFIRA ENFIAR OS OLHOS NA AREIA e ignorar os perigos que o cercam. De acordo com um grupo notável de geólogos, engenheiros e outros especialistas que recentemente escreveram o livro «Sismos e Edifícios», é isso que se passa entre nós no que respeita aos perigos do terramoto que inevitavelmente assolará Lisboa num futuro incerto. A obra, coordenada por Mário Lopes, acaba de sair com a chancela da Orion. Nela se tratam temas variados relacionados com os sismos e com o que pode ser feito para minorar os seus efeitos sobre as construções e as vidas. É uma obra de especialistas, mas escrita para todos.
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O alerta dos sismólogos passa despercebido entre muitos. Não porque o perigo seja desprezável, mas porque a sua pouca probabilidade imediata convida à inconsciência. O mesmo se passa com um evento catastrófico que quase inevitavelmente assolará o planeta num futuro ainda mais incerto: a queda de um meteorito que poderá provocar um cataclismo semelhante ao que, há 65 milhões de anos, levou à extinção dos dinossauros. A possibilidade de evitar este cataclismo destruindo o objecto no espaço tem seduzido Hollywood. Mas, tal como acontece com muita ficção científica, esse cenário de resistência pode vir a tornar-se realidade. Para isso são necessárias várias coisas. Entre as quais, a detecção atempada da ameaça.
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Visualizar um meteorito em rota de colisão com a Terra é muito difícil. O espaço interplanetário é vasto e as ameaças estão espalhadas. Esta semana, no entanto, chegou-nos uma boa notícia. No Domingo passado, um telescópio da Universidade do Arizona detectou um pequeno e distante reflexo movendo-se no espaço. Logo de seguida, astrónomos profissionais e amadores observaram-no com mais cuidado. Após juntarem um total de 25 observações, calcularam com precisão a órbita do que se veio a perceber ser um pequeno asteróide que se dirigia para o nosso planeta.
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Giovanni Sosterno e outros astrónomos italianos conseguiram fotografá-lo quando estava a meio caminho entre a Terra e a Lua. Percebeu-se que tinha cerca de três metros de diâmetro e que iria atingir a nossa atmosfera obliquamente sobre o Sudão. Não iria constituir uma ameaça, pois destruir-se-ia pelo atrito na atmosfera. O que se esperou foi uma bola de fogo, um meteoro muito mais luminoso que o habitual. Segunda-feira às 14h59, o Observatório Smithsonian, em Harvard, anunciou que se esperava a entrada do asteróide na atmosfera pelas 2h46 da noite de segunda para terça e divulgou o local do impacto.
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No momento previsto, detectou-se por ultra-sons a explosão do meteoro na atmosfera. A bordo de um avião conseguiu-se visualizar um rasto luminoso. No entanto, sendo a zona de impacto muito deserta, não se conseguiram confirmações locais.
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É a primeira vez na história que se consegue visualizar no espaço um objecto extraterrestre em direcção à nossa atmosfera. Tudo isto pode ter passado despercebido nos noticiários. Mas é uma notícia histórica.
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«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 11 de Outubro de 2008 (adapt.)
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NOTA: este texto é uma extensão do que está publicado no Sorumbático [aqui], onde eventuais comentários deverão ser afixados.

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