Por Maria Filomena Mónica
NA SEGUNDA-FEIRA, de madrugada [Jan 2008], a TVI começou a exibir a quarta série de House. Há meses que ocupo as minhas noites a observar, em versão DVD, a vida deste médico. Sempre gostei de séries passadas em hospitais, as quais me permitem juntar ao meu catálogo de doenças, as que, por lapso, ainda não estavam lá incluídas. Além de ser uma hipocondríaca, tenho outro defeito: gosto de homens bonitos. Ora, Hugh Laurie, que conhecia da série Blackadder, brilha aqui em todo o seu esplendor físico.
Reconheço de bom grado que isto não pode servir de explicação exclusiva para o sucesso de House junto do público americano nem, muito menos, para o número de prémios que tem recebido desde 2005. O êxito deriva do facto da série constituir uma revolução no género. Agora, já não é o ambiente das urgências, muito menos os tratamentos clínicos, que contam, mas o médico que produz os diagnósticos que mais ninguém é capaz de fazer. E, no entanto, não é o seu talento ou não é apenas ele que nos atrai.
Viciado em analgésicos, egocêntrico e cínico, Gregory House possui um calcanhar de Aquiles, supostamente causado por um trauma sofrido na infância. Como o próprio confessou a uma das suas colaboradoras, a melíflua Dra Cameron, é «um ser emocionalmente danificado». Daí provem não só a sua dificuldade em lidar com os doentes vulgares mas a sua incapacidade em se apaixonar. Intelectualmente, House é um génio; afectivamente, um monstro. Dele se poderia dizer o mesmo que Lady Caroline Lamb disse de Lord Byron: é louco, mau e um perigo para quem com ele se cruza. As frases que House displicentemente murmura ao longo dos programas são brilhantes, mas o que nele nos atrai não é tanto isso, mas a fissura primordial que atravessa o seu espírito. No fundo, todas as mulheres gostariam de o salvar: é este o segredo da série.
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Janeiro de 2008.
Este texto é uma extensão do que está publicado no 'Sorumbático' [v. aqui], onde eventuais comentários deverão ser afixados.
NA SEGUNDA-FEIRA, de madrugada [Jan 2008], a TVI começou a exibir a quarta série de House. Há meses que ocupo as minhas noites a observar, em versão DVD, a vida deste médico. Sempre gostei de séries passadas em hospitais, as quais me permitem juntar ao meu catálogo de doenças, as que, por lapso, ainda não estavam lá incluídas. Além de ser uma hipocondríaca, tenho outro defeito: gosto de homens bonitos. Ora, Hugh Laurie, que conhecia da série Blackadder, brilha aqui em todo o seu esplendor físico.
Reconheço de bom grado que isto não pode servir de explicação exclusiva para o sucesso de House junto do público americano nem, muito menos, para o número de prémios que tem recebido desde 2005. O êxito deriva do facto da série constituir uma revolução no género. Agora, já não é o ambiente das urgências, muito menos os tratamentos clínicos, que contam, mas o médico que produz os diagnósticos que mais ninguém é capaz de fazer. E, no entanto, não é o seu talento ou não é apenas ele que nos atrai.
Viciado em analgésicos, egocêntrico e cínico, Gregory House possui um calcanhar de Aquiles, supostamente causado por um trauma sofrido na infância. Como o próprio confessou a uma das suas colaboradoras, a melíflua Dra Cameron, é «um ser emocionalmente danificado». Daí provem não só a sua dificuldade em lidar com os doentes vulgares mas a sua incapacidade em se apaixonar. Intelectualmente, House é um génio; afectivamente, um monstro. Dele se poderia dizer o mesmo que Lady Caroline Lamb disse de Lord Byron: é louco, mau e um perigo para quem com ele se cruza. As frases que House displicentemente murmura ao longo dos programas são brilhantes, mas o que nele nos atrai não é tanto isso, mas a fissura primordial que atravessa o seu espírito. No fundo, todas as mulheres gostariam de o salvar: é este o segredo da série.
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Janeiro de 2008.
Este texto é uma extensão do que está publicado no 'Sorumbático' [v. aqui], onde eventuais comentários deverão ser afixados.