segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Senhoras Donas, por favor!


Por Alice Vieira

CADA PAÍS (CADA LÍNGUA, CADA CULTURA) tem a sua maneira específica de se dirigir às pessoas. Mal passamos Vilar Formoso, logo toda a gente se trata por tu, que os espanhóis não são de etiquetas nem de salamaleques.
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Mas nós não somos espanhóis.
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Também não somos mexicanos, que se tratam por “Licenciado” Fulano.
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Nem alinhamos com os brasileiros, para quem toda a gente é “Doutor”, seguido do nome próprio: Doutor Pedro, Doutor António, Doutor Wanderlei, etc.
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Por cá, Doutor é seguido de apelido, e as mulheres, depois de passarem por aqueles brevíssimos segundos em que são tratadas por “Menina”, passam de imediato - sejam casadas, solteiras, viúvas ou amigadas, sejam velhas ou novas, gordas ou magras, feias ou bonitas, ricas ou pobres – à categoria de “Senhora Dona”.
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Mas parece que uns estranhos ventos sopraram pelas cabeças das gerações mais novas que fizeram o “dona” ir pelos ares ou ficar no tinteiro.
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Quando recebo daqueles telefonemas que me querem impingir tudo o que se inventou à face da terra - desde “produtos” bancários que me garantem vida farta, até prémios que supostamente ganhei por coisas a que nunca concorri — sou logo tratada por “Senhora Alice.” Respondo sempre: “trate-me por tu, se quiser; ou só pelo meu nome, se lhe apetecer; mas nunca por Senhora Alice”.
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Mas o cérebro destes pobrezinhos não foi formatado para encontrar resposta a estas coisas, e exclamam logo: “ah, então não é a Senhora Alice que está ao telefone!”
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Eu sei que isto não é uma coisa importante, mas que é que querem, irrita-me quando oiço este tratamento dado às mulheres.
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Tal como me irrita quando vejo/oiço um jornalista tratar por você alguém com o dobro da idade dele.
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É uma questão de delicadeza. De respeito. E de saber falar português. Três coisas — admito — completamente fora de moda.
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Pois qual não é o meu espanto quando, aqui há dias, na televisão, oiço o Senhor Primeiro Ministro referir-se assim à mulher (também odeio a palavra “esposa”…) do Comendador Manuel Violas. “A Senhora Celeste…” (não sei se é este o nome da senhora, mas adiante).
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Fico parva. Nos cursos todos que tirou, ninguém lhe ensinou que as senhoras são todas “Senhoras Donas”?
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Parafraseando livremente o nosso Augusto Gil, “que quem trabalha num call-center nos faça sofrer tormentos… enfim!/ Mas o Primeiro Ministro, Senhor? Porque nos dás esta dor? Porque padecemos assim?”
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«JN» de 28 de Setembro de 2008
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NOTA: Este post é uma extensão do que está afixado no Sorumbático [v. aqui], onde os eventuais comentários deverão ser afixados.

Nas entrelinhas de Machado

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Por Nuno Crato
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É QUASE IMPOSSÍVEL PASSAR HOJE por uma livraria brasileira sem notar o destaque dado a um escritor que muitos em Portugal apenas conhecem de nome. Não se trata de Jorge Amado nem de Graciliano Ramos. O homem que tem obras em todas as vitrines usava óculos e bigode. Era filho de uma lavadeira açoriana e de um pintor mulato, por sua vez filho de escravos. Chamava-se Machado de Assis (1839–1908) e há uma quase unanimidade da crítica em apreciá-lo como o maior escritor de sempre da grande nação sul-americana. Harold Bloom considera-o «até hoje, o supremo escritor de origem negra». Agora, que se assinala o centenário da sua morte, ocorrida a 29 de Setembro, há escaparates inteiros com os seus livros. Há exposições nas bibliotecas. Por toda a cidade do Rio de Janeiro, onde Machado nasceu, viveu e morreu, há cartazes e bonecos de pano que o representam e chamam a atenção para as suas muitas reedições, biografias e estudos.
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Machado viveu momentos de grandes mudanças. Viveu o fim da escravatura no Brasil e a implantação da república. Protagonizou a transição do romantismo literário para o realismo. Nesse percurso, criticou o romance Primo Basílio, de Eça de Queirós, vindo-se depois a arrepender de outras críticas ao escritor português. Na realidade, Machado foi homem de poucas polémicas, preferindo intervir pela subtileza da sua criação literária — onde há muito a ler, nas linhas e nas entrelinhas.
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Entre as formas de homenagem que os Brasileiros escolheram há a reposição de uma peça de teatro quase desconhecida — a última do escritor. É a Lição de Botânica (1908), uma farsa em que um cientista rigoroso tenta evitar uma jovem enamorada, por achar que não há espaço no seu coração para dois amores. Dividido entre a ciência e a paixão, queria resistir à segunda para melhor se dedicar à primeira. Imagina-se que perderá a batalha.
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Na Casa de Ciência da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, um extraordinário estabelecimento de investigação científica na periferia do Rio de Janeiro, a farsa é representada para deleite dos espectadores jovens. No final discute-se a visão de Machado, que insistia na necessidade de concórdia entre a razão e a emoção.
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Se esta peça de teatro é uma das obras menos conhecidas de Machado, já a segunda discutida pelos brasileiros neste âmbito de comentário científico é uma das mais lidas — e uma das mais consideradas. Trata-se do conto ou novela O Alienista (1882), em que um alienista, ou seja, um médico de loucos, resolve tratar por métodos pretensamente científicos todos os habitantes da sua cidade. Ao longo das cinquenta páginas da ficção, Machado ridiculariza a pretensão cientifista então em voga no Brasil.
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Os positivistas brasileiros, que tiveram um papel determinante na implantação da república em 1889, eram seguidores do filósofo francês Auguste Comte e pretendiam gerir a sociedade e moldar a mente humana por métodos ditos científicos. Era a ambição de tudo submeter ao racionalismo extremo, que transforma o desejo de progresso na recusa da diferença.
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Se o leitor não conhece Machado de Assis, O Alienista é uma obra excelente para começar. Daí siga directamente para os romances mais conceituados: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro. Mas se quer uma opinião pessoal, não perca, sobretudo, o extraordinário Memorial de Aires.

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«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 27 de Setembro de2008

domingo, 28 de setembro de 2008

«Sem Cura Possível», de André Brun - Cap. II

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A absolvição do banqueiro

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Por J. L. Saldanha Sanches
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ERA UM PEQUENO BANCO PORTUGUÊS, surgido do nada e cheio de gente vinda da política. Com especulação imobiliária, lavagem de dinheiro e traficâncias várias conseguiu singrar.
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Ninguém percebia como. Os auditores fugiram horrorizados e explicaram porquê mas como não metia futebol ninguém ligou. Depois veio a crise, o banco ficou à beira do colapso, parecia que ia ter de ser salvo com os dinheiros do contribuinte, mas talvez pela sua pequena dimensão arranjou quem o comprasse.
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A nova administração passou as contas a pente fino, elaborou volumosos dossiers com provas circunstanciadas dos desfalques. O Banco de Portugal e a Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários enviaram para tribunal caixotes e caixotes de prova. Tarde, mas enviaram.
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O país ficou à espera do resultado.
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O juiz não gostou do que viu. Preferia julgar vadios por assaltos à mão armada. A prova era abundante, mas não tão simples como o assassínio na esquadra de Faro. E mesmo esse caso...
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Para mais, tudo se passava num banco e o juiz não gostava de bancos. Tudo o quanto sabia sobre bancos é que lhe tinham aumentado os juros do empréstimo da sua casa e ninguém o convencia que culpa não era exclusivamente deles. Isso dos bancos, achava o juiz, eram uma cambada de ladrões.
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Lá num recanto nevoento da sua cabeça havia uns vagos ecos de teorias de quando a banca era essencial numa economia de mercado, que a subida dos juros era uma decisão do Banco Central Europeu, mas eram ecos muito longínquos. As pessoas com quem falava diziam todas que os bancos eram uns ladrões.
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Por isso, mesmo quando lhe explicavam minuciosamente como é que o financiamento do banco a uma sociedade off-shore tinha ido directamente para o bolso do arguido ficava com dúvidas. E o que era isso de uma sociedade off-shore? Para mais, os advogados do banqueiro decaído explicavam doutamente que não era nada assim e conseguiam sustentar a sua tese com documentos muito bem elaborados.
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E pensava o juiz, o que lhe iria suceder, se navegando sem mapa nem bússola naqueles milhares de páginas cheias de contratos abstrusos, cometesse um qualquer erro que levasse à anulação do julgamento e à absolvição futura do arguido? E se o banqueiro vítima indefesa da justiça portuguesa que lhe tinha manchado a reputação (qual reputação?) o obrigasse a passar o resto da vida a pagar uma indemnização?
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E depois? Iam ser aqueles senhores (também banqueiros) que lhe tinham explicado em julgamento como aquele tipo de manejos destruía a economia que iriam pagar a indemnização?
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Não. Tinha dúvidas. In dubio, pro reo. Absolveu-o: ao menos aquele não fazia reféns quando assaltava (por dentro) o banco.
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Os jornais falaram disso por uns tempos mas depois esqueceram-se e o juiz prosseguiu tranquilamente a sua brilhante carreira sempre com a classificação de “muito bom”
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Portugal, país da impunidade? De modo nenhum.
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O banqueiro decaído moveu uma acção por denúncia caluniosa contra o Governador do Banco de Portugal e o Presidente da Comissão do Mercado dos Valores mobiliários. Prova? Tinha sido absolvido.
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Mais afoito que o juiz do crime o juiz cível dá-lhe razão. O processo contra ele tinha sido uma monstruosidade e tinha causado danos irreversíveis na sua reputação (qual reputação?).
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Um final feliz. O banqueiro refez a virgindade perdida e foi indemnizado. O Governador do BdP e da CMVM pagaram chorudas indemnizações. O Ministro da Justiça assistiu a tudo embevecido: cumpria-se a Constituição.
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NOTA: Este post é uma extensão do que está afixado no Sorumbático [v. aqui], onde os eventuais comentários deverão ser afixados.

sábado, 27 de setembro de 2008

Passatempo sem prémio

Soluções:
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Luís Bonito oferece aos leitores do Sorumbático este conjunto de problemas com fósforos.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

«Sem Cura Possível», de André Brun - Cap. III



Comunas e burguesia

Por Antunes Ferreira

PRONTO. O Presidente do Governo Madeirense afirmou ontem no Funchal que Portugal está a viver «em cima de uma panela de pressão». E disse mais. De acordo, ainda, com a Comunicação Social, Alberto João Jardim acentuou: «Isto tudo é de uma grande irresponsabilidade», tendo considerado como sendo facto «insólito, em qualquer democracia europeia», que em Portugal as sondagens recentemente publicadas indicarem que há «uma intenção de voto de 20 por cento nas organizações comunistas todas somadas». O que, para ele, Jardim, «é impensável em qualquer país da União Europeia». Assim, disse ainda «um em cada cinco eleitores está disposto a votar no partido comunista».
O governante madeirense opinou também que enquanto se assiste a este cenário «a burguesia portuguesa, com a sua tradicional incultura, acha que está tudo bem, que os direitos sociais dos trabalhadores podem continuar a ser violados, porque o que interessa é ganhar dinheiro e que o mercado continue a funcionar selvaticamente».
Acrescentou ainda que «há um fenómeno muito desagradável em Portugal: os partidos políticos fecharam-se como que numa concha, tornando-se em centros de interesses individuais e de grupo, tornando-se mais em lobbies do que representantes do sentir da Nação portuguesa».
Ora toma. Quem havia de dizer? A riqueza do pensamento político-cultural do Senhor da Madeira é, realmente, ofuscante. E a sua coerência, espantosa. Se não, veja-se: em Portugal ocorre o «impensável» na UE: um em cada cinco eleitores está disposto a votar no PC; mas, por outro lado, a inculta burguesia portuguesa vai violando os direitos sociais dos trabalhadores, num mercado a funcionar selvaticamente.
Não fosse já conhecido o discurso habitual do líder regional – e as gentes pasmavam. Claro, cidadãos ignaros, ralé, arraia miúda, diria o Fernão Lopes, tinham de aprender com as tiradas sapientes e profundas do Dr. Alberto João. E não apenas os da Região Autónoma. Todos. O povo, que já não é quem mais ordena, agora tem de ser quem mais aprende. Com o grande dirigente. Ao pé do qual o finado Kim il-Sung não passava de um aprendiz de feiticeiro. Jardim, neste contexto, deixa, por exemplo, Arnaldo Matos – lembram-se dele? - a anos-luz de distância.
AJJ é um fenómeno. Indiscutivelmente. Capaz de afirmar aos berros e de dedo em riste, o que raríssimos Portugueses (para não dizer fundamentalisticamente nenhuns) conseguiriam sequer sussurrar. As suas diatribes, bastas vezes a roçar a inconveniência e, até, a má educação, ressoam pelo nosso País inteiro. Uma tal truculência virulenta pede meças ao mais pintado. E parece que muitíssima gente tem medo dele. Veja-se Jaime Gama, veja-se até Cavaco Silva que, anote-se, é o Presidente…, mas só da República.
No mesmo saco: os comunistas e a burguesia que se cuidem. O verdadeiro grande educador está um luta. Atenção, seus filhos da p…romiscuidade política mais abjecta. Que seria da Madeira sem Jardim? Ora essa: que seria de todos nós os Portugueses sem Jardim? Que seria de Portugal?
Viver sobre uma panela de pressão é incómodo, perigoso, fatal. Mas, sosseguem, gentes: temos quem nos salve.
NOTAS: Este post é uma extensão do que está afixado no Sorumbático [v. aqui], onde os eventuais comentários deverão ser afixados. Blogue do autor: Travessa do Ferreira; cartoon cedido por Sergei

6ª "dica" para Passatempo-relâmpago



Estas fotos já são extremamente próximo do local-mistério.
E mais! A foto inferior foi tirada junto ao toco de árvore que se vê na foto-mistério afixada no Sorumbático...
Se, depois disto tudo, ninguém acerta... não sei o que faça!

Passatempo-relâmpago - "5 ª dica"



Fotos tiradas, com poucos dia de intervalo, a uma centena de metros do local que se pretende identificar
Nesta ruela, onde é proibido PARAR, toda a gente pode estacionar à vontade, e até extravazando para o passeio, que não lhe acontece nada.
Recentemente, alguém assinalou, com uma fita, a ruína iminente do murete.
Pouco depois, outro alguém retirou o sinal de perigo, e tudo voltou ao habitual...

"Dicas" para o passatempo "Cidade Escaldante"

dica
A foto do passatempo afixado hoje no Sorumbático foi tirada na mesma cidade que esta, num local situado a uns 2000 metros daqui.

2ª dica - Estacionamento para deficientes
A foto do passatempo afixado hoje no Sorumbático foi tirada na mesma cidade que esta, num local situado a uns 1000 metros daqui.
3ª dica - Estado habitual de um passeio junto a uma famos casa de frutas e sumos.
A foto do passatempo afixado hoje no Sorumbático foi tirada na mesma cidade que esta, num local situado a uns 500 metros daqui.

4ª dica - Estado habitual do parque para motos (quem diria?) existente à porta de um famoso café

A foto do passatempo afixado hoje no Sorumbático foi tirada na mesma cidade que esta, num local situado a uns 250 metros daqui.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Curiosidades de arquitectura e engenharia...

É muito possível que algumas destas imagens tenham sido concebidas por computador.
Noutros casos, poderá tratar-se de construções feitas de propósito, com intuito humorístico ou provocatório.
Seja como for, aqui fica a colecção completa:












quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O ARGUMENTO DA HONRA

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Por Baptista-Bastos
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A ÉTICA REPUBLICANA iluminava as virtudes do carácter e a grandeza dos princípios. As revoluções, idealmente, não são, apenas, alterações económicas e substituições de regimes. Transportam a ideia feliz de modificar as mentalidades. Essa mistura de sonho e ingenuidade nunca se resolveu. A esperança no nascimento do "homem novo" não é exclusiva dos bolcheviques. O homem das revoluções jamais abandonou o ideal de alterar o curso da História e de modelar os seus semelhantes à imagem estremecida das suas aspirações.
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É uma ambição desmedida? Melhor do que ninguém, respondeu Sebastião da Gama: "Pelo sonho é que vamos/comovidos e mudos./Chegamos? Não chegamos?/Partimos. Vamos. Somos." A ética republicana combatia a sociedade do dinheiro, da superstição religiosa, da submissão, e pedia aos cidadãos que fossem instrumentos de liberdade. As "raízes vivas", de que falou Basílio Teles.
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Fomos perdendo, sem sobressalto nem indignação, a matriz ética da República. De vez em quando, releio as páginas que narram os desassossegados dezasseis anos que durou o novo regime, obstinadamente defendido por muitos a quem se impunha a consciência do compromisso. Esses, entre o aplauso e o assobio, percorreram o caminho que vai do silêncio à perseguição, do exílio ao assassínio político. Morreram pobres. São os heróis de uma história que se dissipou, porque o fascismo impediu nos fosse contada, nas exactas dimensões das suas luzes e das suas sombras.
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Relembrei estes episódios ao tomar conhecimento, pelo semanário Sol, de que Ramalho Eanes prescindira dos retroactivos a que tinha direito, relativos à reforma como general, nunca por ele recebidos. A importância ascende a um milhão e trezentos mil euros. É um assunto cujos contornos conformam uma pequena vindicta política. Em 1984, foi criada uma lei "impedindo que o vencimento de um presidente da República fosse acumulado com quaisquer pensões de reforma ou de sobrevivência que aufiram do Estado." O chefe do Governo era Soares; o chefe do Estado, Ramalho Eanes, que, naturalmente, promulgou a lei.
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O absurdo era escandaloso. Qualquer outro funcionário poderia somar reformas. Menos Eanes. Catorze anos depois, a discrepância foi corrigida. Propuseram ao ex- -presidente o recebimento dos retroactivos. Recusou. Eu não esperaria outra coisa deste homem, cujo carácter e probidade sobrelevam a calamidade moral que por aí se tornou comum. Ele reabilita a tradição de integridade de que, geralmente, a I República foi exemplo. Num país onde certas pensões de reforma são pornográficas, e os vencimentos de gestores" atingem o grau da afronta; onde súbitos enriquecimentos configuram uma afronta e a ganância criou o seu próprio vocabulário - a recusa de Eanes orgulha aqueles que ainda acreditam no argumento da honra.
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«DN» de 17 de Setembro de 2008
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NOTA: Este post é uma extensão do que está afixado no Sorumbático [v. aqui], onde os eventuais comentários deverão ser afixados.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Portugal para turistas

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Por Alice Vieira
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Foto obtida [aqui]
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NEUZA TEM 23 ANOS, nasceu em Brasília, onde vive com um namorado português, meu amigo, que lhe prometeu mostrar a pátria assim que pudesse.
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Caíram-me há dias no colo.
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Traziam no corpo mais de dois mil quilómetros em estradas portuguesas, e agora ela queria conhecer Lisboa.
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“Tenho um almoço de negócios”, disse-me ele ao telefone, “podes tratar dela esta tarde?”
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Nunca fui grande cicerone, ainda por cima agora, que um vírus qualquer anda a fazer-me a vida negra, provocando-me tantas dores no corpo e um tal cansaço que parece que passo dias inteiros na estiva.
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Mas não podia dizer que não, e lá fui apanhar a Neuza à esplanada da Brasileira – completamente fascinada pelas pessoas, pelo bacalhau, pelos pastéis de nata, pelos ovos moles, pelos palácios, pelas caves de vinho do Porto.
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Desde que o avião aterrara, não tinham tido um minuto de descanso, cumprindo à risca o itinerário traçado em Brasília.
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E a Neuza falava, emocionada, do centro histórico de Guimarães, dos cais de Gaia, da capela dos ossos de Évora, da subida ao Palácio da Pena, de Trancoso, de Cabanas de Viriato, etc.
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Para não deixar Lisboa malvista, arranco com ela pelo Chiado, levo-a a almoçar num desses restaurantes muito zen que abundam agora na Baixa, paro no Largo do Carmo onde lhe conto a história (acho que vai chegar ao Brasil confundindo o Condestável, o Marquês de Pombal e Salgueiro Maia…) e dou-me conta de que tenho nas mãos uma brasileira de 23 anos que sabe tanto da história recente de Portugal como um português de 23 anos sabe da história recente do Brasil, perguntando, espantada, “fizeram uma revolução?! E porquê? O governo era corrupto?”. (Para uma brasileira de 23 anos, o único motivo para fazer revoluções é a corrupção).
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A Neuza emociona-se com o rio em Santa Catarina, abre a boca de espanto com o tecto arte nova do restaurante, sente-se no paraíso diante das montras das grandes marcas, parece uma criança à janela do 28.
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A Neuza é uma turista perfeita e, para turistas perfeitos, Portugal é um país perfeito.
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E eu tenho pena de não ser capaz de olhar para o país com a ingenuidade dos olhos dela, e de me emocionar assim – sem pensar no desgoverno que vai por aí.
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Se o país fosse aquilo que a Neuza vai levar nos olhos para o Brasil, como nós seríamos felizes!
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A um país assim, tenho a certeza de que até o meu vírus acabaria por se render.

«JN» de 14 de Setembro de 2008
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NOTA: Este post é uma extensão do existente no Sorumbático [v. aqui], onde os eventuais comentários deverão ser afixados.

Os Fim dos Dinossauros

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Por Manuel João Ramos*
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QUE O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA tenha sido eleito por um em cada nove lisboetas não é normal. Que o seu grupo de vereadores tenha poder de planear e gerir projectos tão estruturais como a terceira travessia do Tejo, a frente ribeirinha, urbanizações e reabilitações de vastas áreas do território da cidade é quase um golpe de estado.
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É urgente que um ciclone varra a classe política instalada, que uma tempestade curte-circuite o espectro partidário, que uma onda gigante leve os maçons para França, os opus dei para Itália, o compadrio para a Sicília e as cunhas para Espanha (cuña = berma).
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A população portuguesa está-se nas tintas para o socialismo, borrifa-se para a social-democracia, marimba-se para a democracia cristã, considera o comunismo uma anedota, e o bloquismo de esquerda uma espécie de loja do canhoto.
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Ninguém, a não ser os clientes da partidocracia em que se tornou a cangalhada herdada da revolução de 1974, se revê sinceramente no sistema político montado, em que a ordem é produzida em Bruxelas, o sustento é assegurado por grupos financeiros e a mira da felicidade é acaparada pela peste do futebol. O resultado confrangedor deste estado de coisas da res publica lusitana é um intransponível abismo cavado entre eleitores e eleitos, que se espelha na quase total ausência de participação cívica na vida política, e no desamor colectivo pelos conceitos de comunidade e de civilidade.
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Lisboa é um caso agudo desta derrocada cultural. Em grande parte tal é devido à existência de um mastodonte político-administrativo chamado CML.
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A CML deveria ser, pura e simplesmente, suprimida e em seu lugar deveriam ser criadas dez câmaras que pudessem gerir eficazmente os vários núcleos urbanos que compõem a cidade. Estas câmaras, com as dos concelhos limítrofes, deveriam compor um conselho municipal com funções de gestão e planificação estratégica, que absorvessem funções da CCDR e do governo civil. A miríade de freguesias deveria ser destituída segundo o princípio de que uma junta de freguesia urbana não deveria administrar uma população menor que 5.000 e maior que 20.000 habitantes. A Assembleia Municipal deveria ser correspondentemente reformada de modo a funcionar como parlamento regional.
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Seria mais lógico que os munícipes votassem em agrupamentos cívico-partidários que representassem e defendessem interesses específicos à freguesia, ao núcleo urbano, à cidade e à região.
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Depois de tal terramoto, justificar-se-ia a criação de um museu dedicado à evocação da memória dos tempos jurássicos da democracia portuguesa. Seria o local indicado para contemplar as foices, martelos, setas, punhos e flores, bolas e estrelas partidárias.
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* Cidadão de e por Lisboa
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NOTA: Este post é apenas uma extensão do existente no Sorumbático [v. aqui], onde os eventuais comentários deverão ser afixados.

O buraco negro e a aposta de Pascal

Por Nuno Crato
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AINDA AQUI ESTAMOS? Sim, eu pelo menos ainda aqui estou... ou estava, quando acabei de escrever este artigo. E se o leitor o está a ler é porque ainda aqui está, neste nosso mundo, apesar dos avisos catastróficos dos que diziam que o LHC iria criar um buraco negro que engoliria a Terra e todo o sistema solar.
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De onde surgem estes medos? Por que razão sempre que a ciência avança há quem queira fazer-nos retroceder às superstições dos tempos das cavernas?
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Quem menos ajuda a compreender o fenómeno têm sido algumas corrente antropológicas e sociológicas que identificam conhecimento e superstição — seriam tudo crenças impossíveis de provar de forma absoluta — e chegam a dizer que a ciência é uma construção social como outra qualquer, portanto entre crendice e conhecimento científico haveria apenas uma distinção de grau, se é que existiria alguma.
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O LHC está de pé para provar a diferença. A superstição jamais conseguiria construir um aparelho tão perfeito, tão bem pensado e com tanto sucesso. A ciência constrói modelos teóricos e testa-o com os factos. Usa a razão e a dúvida sistemática. Confronta as previsões teóricas com as observações. Usa a experimentação e submete-a à análise estatística. Constrói.
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Nos últimos anos, quem mais tem contribuído para perceber as origens da crendice têm sido os biólogos e teóricos evolucionistas. A capacidade humana para a associação espúria entre causa e efeito teria tido, afirmam, um papel positivo na sobrevivência da espécie humana. Ou seja, a crendice ter-nos-ia ajudado a sobreviver.
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Um leve restolhar de folhas, para dar um exemplo muito discutido nos estudos evolucionistas, seria o suficiente para fazer a horda primitiva levantar-se e fugir. Poderia ser um leão a aproximar-se, poderia também ser apenas o vento, mas o melhor seria tomar precauções. Os humanos desenvolveram uma capacidade de associação entre factos provavelmente desconexos que originou as crenças supersticiosas.
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Esta semana, os evolucionistas Kevin Foster a Hanna Kokko publicaram um modelo matemático que explica as condições de sucesso da associação espúria (DOI: 10.1098/rspb.2008.0981). Esse modelo adapta um argumento original do filósofo Blaise Pascal que, nos seus Pensamentos (1670), dizia ser melhor acreditar em Deus, pois poucas desvantagens haveria se Ele não existisse enquanto o benefício da fé seria imenso. O argumento ficou conhecido como a «aposta de Pascal», e tem sido muito criticado em termos teológicos e filosóficos, mas oferece uma das primeiras formulações daquilo que veio a ser conhecido com a teoria matemática dos jogos. Foster e Koko constróem uma matriz de percas e ganhos semelhantes à da aposta de Pascal e estudam as condições em que as associações irracionais trouxeram vantagens à espécie humana.
Uma conclusão, no entanto, é clara. A civilização e a ciência ultrapassam pouco a pouco a associação espúria. Onde há dados científicos não há vantagens em regressar aos buracos negros da crendice.
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«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 13 de Setembro de 2008 (adapt.)
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NOTA: Este post é apenas uma extensão do existente no Sorumbático [v. aqui], blogue onde os eventuais comentários deverão ser afixados.

Passatempos em curso

1 - «Acontece...» [v. aqui]: terminou às 20h de 15 Set 08. Aguarda-se a decisão do júri.
2 - Pilha de livros (em conjunto com o Travessa do Ferreira) [v. aqui]: termina às 24h de 17 Set 08.
3 - Raul Brandão/Gomes Freire de Andrade [v. aqui]: aguardam-se respostas até ao início de Outubro.*
NOTA: Chama-se a atenção dos vencedores para o prazo para reclamar os prémios.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

«Pois...»

Foto de arquivo


Domingo, 14 Set 08, de manhã

Estas fotos, que documentam o estacionamento selvagem aos fins-de semana numa paragem da Carris na Av. de Roma, vêm no seguimento do post «Conversa da treta» [v. aqui], onde se mostra uma imagem do caos e da impunidade que, se já é exasperante de segunda a sexta, atinge o delírio completo nos feriados e fins-de-semana.
Pois bem. Ontem, passei pelo parque de reboques da EMEL, em Sete-Rios. Lá estavam estacionadas umas poucas de carrinhas-bloqueadoras e reboques da empresa que, pelos vistos, folga ao domingo - o que até se compreende, dado que o parqueamento é gratuito nesse dia. Só que isso implica(ria) que a repressão ao estacionamento selvagem fica(sse), nessas alturas, entregue aos cuidados da PSP e da PM.
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NOTA: O requinte do absurdo não é só o facto de as autoridades não fazerem rigorosamente nada nesses dias (*); é também o facto de haver, por todo o lado, lugares vagos... GRATUITOS.
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(*) Sábados (a partir das 14h), domingos e feriados.

domingo, 14 de setembro de 2008

«Sem Cura Possível», de André Brun - Cap. IV



Este post, como todos os afixados aqui, é uma extensão do que foi afixado no Sorumbático

sábado, 13 de setembro de 2008

Número de capítulos de «O Livro Verde da Revolução»

Os "palpites" feitos foram:7-12-15-18-22.
O vencedor foi, pois, o leitor Florêncio que, ao aventar o n.º 22, foi quem mais se aproximou do correcto (34).Como sempre, pede-se-lhe que contacte sorumbatico@iol.pt, indicando morada para envio do livro.
Obrigado a todos!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Pátio do Tronco

Entrada pela Rua das Portas de Santo Antão
Parede do lado Sul

Parede do lado Norte

Pormenor de Arte Urbana

E ao fundo, no pátio propriamente dito...
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Aqui esteve preso, no seguimento de uma rixa, um senhor muito conhecido que dava pela alcunha de Trinca-Fortes. Em 1992, a Câmara Municipal de Lisboa resolveu perpetuar o facto cobrindo o túnel com azulejos mostrando a cara do ilustre recluso e escrevendo, em grandes letras, SEMPRE PORTUGAL. Pois...
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NOTA: Este post é uma extensão de outros, afixados nos blogues O Carmo e a Trindade e Sorumbático. Nomeadamente neste último, está a decorrer uma interessante troca de ideias acerca do amor pela cidade - ou da ausência dele.
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Actualização (10 Jun 09): algum tempo depois de amplamente divulgadas estas fotos, os grafitos foram removidos. O mesmo não se poderá dizer do lixo, que se manteve como ex libris do local...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

GERTRUDE, o médico e o monstro

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Por Manuel João Ramos
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Gertrude em Bordéus
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POUCOS PORTUGUESES SABEM o que é o GERTRUDE. E menos ainda sabem como funciona e para que serve.
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Em breves palavras: o GERTRUDE é um sistema de controlo centralizado de gestão do trânsito, implantado na cidade de Lisboa há cerca de vinte anos. É basicamente um software que gere o sistema de semáforos do centro da cidade e gere os fluxos automóveis, através de sensores implantados no pavimento ligados a uma estação central de controlo viário. Foi concebido por uma empresa de Bordéus, e tem sido gerido em parceria pelo departamento de tráfego da CML e pela EISA-TESIS, uma firma portuguesa que detém o monopólio da semaforização de Lisboa (por sinal, a mesma que implantou o sistema de radares fixos da cidade).
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O GERTRUDE tem sido criticado por contribuir para o estado geral de caos do trânsito da cidade, e para o ambiente de insegurança rodoviária que resulta de uma circulação automóvel feita em velocidade excessiva.
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O que quase ninguém sabe é que: 1) o sistema é flexível, 2) o seu afinamento actual não é imputável à empresa francesa, mas resulta de directivas políticas assentes numa visão arcaica da mobilidade urbana, e 3) a empresa tem, desde há vários anos, insistido em convidar – sem qualquer sucesso até hoje - os sucessivos presidentes da CML e seus vereadores do trânsito, bem como as administrações da Carris, a visitar Bordéus, para que uns e outros possam perceber como o sistema pode funcionar com outro tipo de directivas.
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Bordéus é uma cidade média francesa cujo município, como muitas outras autarquias europeias, apostou na redução drástica do acesso do automóvel privado às zonas centrais da malha urbana. Fê-lo criando parques de estacionamento na periferia, introduzindo linhas de eléctrico que, como um metro de superfície, ocupam o espaço antes cedido ao automóvel nas principais vias da cidade, e alterando o afinamento do GERTRUDE de modo a dar total prioridade ao transporte colectivo (eléctrico e autocarros) e ao trânsito de peões e bicicletas, em detrimento do transporte automóvel privado.
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O resultado foi o aumento exponencial da qualidade de vida na cidade, uma profunda requalificação urbanística, uma economia de transportes muito mais sustentável, e uma impressionante diminuição da poluição atmosférica e acústica.
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Eu decidi fazer aquilo que nenhum vereador do trânsito da CML e nenhum administrador da Carris alguma vez fez: fui a Bordéus avaliar o sucesso do sistema.
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E regressei impressionado e profundamente desanimado. É que, apesar de Bordéus partilhar com Lisboa o software GERTRUDE, o nosso problema não é de natureza técnica, mas política. Por isso, o paraíso de mobilidade urbana que é Bordéus não é transplantável para Lisboa – não porque o afinamento do GERTRUDE não possa produzir os mesmos resultados nas duas cidades, mas porque o provincianismo e falta de visão dos nossos políticos municipais irá continuar a impedir a mais que urgente modificação do sistema de gestão de trânsito cá implantado.
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Ao mesmo tempo que Lisboa se endividava para construir vias rápidas e túneis que garantem a invasão diária de mais de meio milhão de veículos à cidade, Bordéus colocava linhas de eléctrico protegidas por muretes que bloqueiam quase completamente o acesso dos automóveis ao centro urbano.
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Não estou certo que a recusa dos autarcas e transportadores lisboetas em aceitar o convite da empresa GERTRUDE para visitar Bordéus se deva a problemas de ordem financeira. Mas, para que esse pretexto não seja publicamente invocado, desde já me ofereço para participar na compra de um bilhete de avião Lisboa-Bordéus, à especial atenção do presidente da CML.
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NOTA: Este post é uma extensão do que foi afixado no Sorumbático, pelo que eventuais comentários devem ser lá afixados [v. aqui].

NÃO HÁ DISCURSOS GRÁTIS

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Por Baptista-Bastos
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ARFANTE DE EXPECTATIVA, a pátria aguardava o discurso de Manuela Ferreira Leite. Não a pátria toda. Contrariando a gravidade que o momento reclamava, o Público, embora pouco propenso à ironia, fez uma manchete com agudo e jocoso sentido: "No discurso da rentrée, parte do PSD foi ver aviões." É um comentário demolidor. Não sei se justo. Lamentavelmente não fui convidado a assistir às instrutivas sessões da Universidade de Verão. Mas, se o título não é justo, lá que parece, parece. Pelo que assisti, nas televisões, a intervenção da presidente do PSD foi uma bocejante chatice.
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Além de nada dizer que sobressaltasse as almas, a senhora é desprovida de convicções, de paixão, de fulgor, de compromisso vital, de empatia, de simpatia e de persuasão. Também escutei, nas rádios com "antena aberta", as opiniões de portugueses. Vinte e quatro horas após o sinédrio de Castelo de Vide, as pessoas ainda estremeciam de assombro. Digamos que 98 por cento dos intervenientes reduziram a subnitrato a fúnebre oração. Não creio que todos os radiouvintes discordantes fossem comunistas, como acusou, severo e cruel, um participante, que se confessou admirador de Salazar e de Portas. Este hábito de se etiquetar de comunista todo aquele que desacorde é outra singularidade da nossa escassez de convivência cultural. E resulta na hirsuta confusão que habita na cabeça daquele pobre sujeito.
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Se o discurso de Manuela Ferreira Leite foi uma pungente manifestação da astenia por que passa o PSD, a intervenção de Jerónimo de Sousa, na Festa do Avante!, embora excessivamente longa e repetitiva, não deixou de reflectir a imagem de um homem convicto, impulsionado pela razão que lhe assiste, por discutível que seja, marcado pelo fogo de um entusiasmo que tem muito a ver com o desejo, e empolgado pela ideia de um pensamento optimista. Goste-se ou não. Esteja-se ou não de acordo.
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Manuela Ferreira Leite é, em todos os aspectos, e com perdão da palavra, um frigorífico. Com outro revés: não possui nenhuma ideia nova, não apresenta nenhum projecto, não expressa nenhuma característica de mudança. O que poderia suscitar um curioso estudo das anti-relações linguísticas e ideológicas entre as duas identidades políticas perdeu-se nessa espécie de crise da razão que percorre a sociedade portuguesa em geral - e que existe entre o insulto soez e a ignorância crassa.
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Devo dizer que me não congratulo. O esvaziamento, cada vez mais acentuado, das variantes clássicas debilita as possibilidades do jogo democrático. E o cenário fixo de um partido sem antagonista, perpetuado no poder por inexistência de repertórios opostos, com encenações negociadas consoante as situações - vai corroendo, letalmente, o regime. E atinge todos os partidos. Todos.
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«DN» de 10 de Setembro de 2008
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NOTA: Este post é uma extensão do que foi afixado no Sorumbático, pelo que eventuais comentários devem ser lá afixados - [v. aqui].

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Lisboa 8 Set 08 - Descendo do Jardim do Torel até à Rua das Pretas









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