domingo, 19 de abril de 2009

Dito & Feito

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Por José António Lima
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PELO ATRASO COM QUE APRESENTOU o seu candidato às europeias – mais de um mês depois de o PS ter colocado o seu cabeça-de-lista no terreno e quando falta pouco mais de mês e meio para as eleições – a líder do PSD parece não ter valorizado devidamente a importância e as consequências que este primeiro acto eleitoral de 2009 terá para o seu partido. E para a sua liderança.
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Acontece que as eleições do Parlamento Europeu se apresentam como as mais incómodas para Sócrates e para o PS, pois são tradicionalmente aquelas em que os eleitores mais fácil e descomprometidamente expressam o seu voto de protesto com o Governo em funções. E o clima de crise acentuada e de desemprego crescente potencia ainda mais esse voto de descontentamento.
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Acresce que José Sócrates se viu forçado a ir buscar uma figura de segundo plano, com perfil académico mas reduzida visibilidade política e limitado impacto eleitoral. Vital Moreira não é o tipo de candidato que empolgue a militância do PS, que convença o eleitorado moderado e central a dar-lhe o seu voto ou que mobilize alguém na larga fatia de abstencionistas.
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Neste contexto, face às fragilidades da candidatura do PS e às delongas do PSD em avançar, esperava-se que Manuela Ferreira Leite apresentasse um nome com indiscutível projecção nacional, com alargado e fácil reconhecimento público. Ora, a líder do PSD escolheu o seu líder parlamentar, Paulo Rangel, contra a opinião da maioria dos vice-presidentes da sua direcção, que apostavam em Marques Mendes.
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Paulo Rangel, apesar dos meses que leva à frente da bancada em S. Bento, é uma figura mal conhecida pela maioria dos portugueses, não tem a dimensão política ou o prestígio nacional de Mendes. Nem a capacidade deste para mobilizar as distritais e as bases laranjas. Manuela Ferreira Leite preferiu, pois, um candidato com menos hipóteses de vencer, mas que não lhe fizesse sombra. Com Marques Mendes em campanha, poder-se-ia perguntar quem era, afinal, o verdadeiro líder do PSD.
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Com a escolha de Paulo Rangel, Ferreira Leite acrescentou ainda um problema para Outubro: o de o PSD ter que encontrar um novo líder parlamentar. Mas fê-lo, porventura, com a convicção de que esse já não será um problema seu. Nem da sua liderança.

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«Sol» de 18 de Abril de 2009

NOTA: Este texto é uma extensão do que está publicado no 'Sorumbático' [v. aqui], onde eventuais comentários deverão ser afixados.