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Por João Paulo Guerra
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Há 28 detidos por corrupção e peculato nas cadeias portuguesas
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SÓ FALTAM, POIS, 4.999.972 presos para completar o meio país que anda a enganar ou mesmo a roubar outro meio. Falando sério. Os portugueses pactuam com a corrupção, como concluíram os autores de um livro recentemente publicado, e a vista grossa dos poderes à alta criminalidade económica assume foros de completa indecência.
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Um dos casos mais chocantes em matéria de combate à corrupção foi a reviravolta que as propostas do ex-deputado João Cravinho levaram até se tornarem num pacote de inocuidades, sem efeito prático. Tive oportunidade de escrever sobre o assunto uma reportagem que deu manchete no Diário Económico. Todos os especialistas que ouvi depositavam confiança na iniciativa legislativa de Cravinho. Mas a iniciativa morreu e a prevenção e combate à corrupção ficou a zeros.
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De maneira que não admira nada que num país de "casos" o número de presos por corrupção e peculato seja uma caricatura. Este é o país onde os mecanismos da administração da justiça prevêem para o exercício da corrupção dos poderes todas as escapatórias, todas as modalidades de dilação e ainda a demora infinda dos processos e, por fim, a prescrição. E como se não bastasse há uma pedagogia que ensina a respeitar o "chico-espertismo" nacional. Veja-se o caso dos suspeitos e indiciados de corrupção e peculato que "lavam" as suspeitas no sufrágio popular, com grande êxito, aliás. Este ano há eleições autárquicas e os mesmos e novos suspeitos vão apresentar-se a votos, como se nada fosse. E de facto, não é.
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Mudemos de assunto: "Viva quem vence. E vence quem mais pode, e quem mais pode tenha tudo por seu", Arte de Furtar, literatura portuguesa de costumes, século XVII.
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«DE» de 13 de Janeiro de 2009
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NOTA (CMR): Em colaboração com J. P. Guerra, será premiado, com um livro a indicar, o autor do melhor comentário que venha a ser feito, no Sorumbático, a esta crónica até às 2oh do próximo dia 22, quinta-feira.
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