sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Aquecimento Global

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Por Maria Filomena Mónica
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NÃO HÁ MELHOR MANEIRA de acreditar numa teoria do que sentir os seus efeitos na pele. De cada vez que alguém me falava de aquecimento global, respondia que isso mais não era do que o substituto ideológico para quem tinha perdido a fé em Deus. Foi neste espírito que li a recente notícia de que a União Europeia, pela voz de José Sócrates, pretendia chegar, até 2012, a um acordo pós-Quioto, penalizando a emissão dos GEE (gases de efeito de estufa). Os EUA e a China não recuarão provavelmente na sua vontade de fazer o que lhes apetece. O mesmo não sucede comigo.
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Perguntar-me-ão qual a razão desta epifania. A resposta é simples: a presença de traças em casa. Há alguns meses, fui a uma entrevista na televisão, envergando uma camisola preta de que me orgulhava. Quando lá cheguei, a maquilhadora de serviço fez-me notar as dezenas de pequenos orifícios que tinham transformado aquela peça numa renda. Ao chegar a casa, verifiquei que as minhas camisolas - as melhores - tinham sido todas atacadas. Para além do desperdício, irritou-me a snobeira dos insectos, patente no facto de desprezarem o acrílico, concentrando-se na cashemira.
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De início, atribui o facto ao meu desleixo. De facto, não colocara cânfora, nem naftalina, nem sacos de lavanda nos armários. Eis que, depois de ter enchido a casa de produtos químicos, a invasão prosseguiu, pelo que tive de recorrer a uma empresa da especialidade. Mas a coisa não resultou. Estava já desesperada quando, por acaso, li um artigo em que se afirmava que, devido ao aquecimento global do planeta, as traças haviam entrado num processo de crescimento exponencial: em vez de se reproduzirem apenas uma vez por ano, fazem-no agora a triplicar. Estou portanto num dilema: ou convivo com as traças, o que é impossível, ou aqueço ainda mais o planeta com o uso do spray, o que é indesejável. Antes de me penalizar, o engº Sócrates tem de resolver o problema das traças.
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Setembro de 2007