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Por José António Lima
MANUEL ALEGRE viu-se obrigado a apressar o seu calendário político e a retirar o véu diáfano com que vinha encobrindo (pouco) o desígnio que o tem movido nos últimos dois anos: ser o candidato unitário do PS e de toda a esquerda às presidenciais de 2011. Desde já, Alegre veio assumir a sua disponibilidade presidencial e apontar o dedo a «uma parte da direcção do PS, como os chamados soaristas», àqueles que «tudo farão para que eu não seja o candidato do PS». E adverte os recalcitrantes: «Agora, todas as semanas vai aparecer um candidato. Desde já eu aviso: estou prevenido».
A verdade é que, só nas últimas semanas, já apareceram, lançados do PS como alternativas a Alegre, os nomes de Jaime Gama, de António Guterres e até de Jorge Sampaio. Ora, a sugestão da candidatura de Sampaio é, no mínimo, delirante (ninguém está a ver o ex-Presidente a macular a carreira e o prestígio que conquistou com uma quimera fora de prazo e destinada ao fiasco, como a de Mário Soares em 2006) e a de Guterres vem a destempo (se, porventura, acalenta o sonho de chegar a Belém, o seu momento será em 2016 e nunca em 2011). Mas já a hipótese Jaime Gama pode ir fazendo o seu curso no seio do PS. E estorvar a caminhada frentista de Alegre.
Alegre tem dois problemas difíceis de superar na sua ambição presidencial. O primeiro é que, curiosamente, suscita mais anticorpos no aparelho e nas bases do PS do que entre os dirigentes e militantes do Bloco de Esquerda. O segundo é que, reunindo características ideais para fazer o rassemblement do povo de esquerda, dificilmente disputará a Cavaco Silva os votos decisivos do eleitorado do centro.
Jaime Gama, reconheça-se, reúne melhores condições para ultrapassar qualquer um destes problemas. Ainda que fique muito longe da capacidade de Alegre para mobilizar e empolgar a esquerda numa corrida presidencial contra a direita.
Por tudo isto, Manuel Alegre vai reconhecendo que Cavaco será «um adversário muito difícil. Não menorizava o Presidente, como estão já a fazer, dando-o como derrotado. Isso é um disparate». E vai lançando avisos para o interior do PS: «O Vítor Ramalho já começou, depois veio o Sérgio Sousa Pinto... Não estou disponível para esses jogos nem para essas armadilhas». Não está disponível, mas é bom estar preparado...
«SOL» de 9 de Outubro de 2009
Por José António Lima
MANUEL ALEGRE viu-se obrigado a apressar o seu calendário político e a retirar o véu diáfano com que vinha encobrindo (pouco) o desígnio que o tem movido nos últimos dois anos: ser o candidato unitário do PS e de toda a esquerda às presidenciais de 2011. Desde já, Alegre veio assumir a sua disponibilidade presidencial e apontar o dedo a «uma parte da direcção do PS, como os chamados soaristas», àqueles que «tudo farão para que eu não seja o candidato do PS». E adverte os recalcitrantes: «Agora, todas as semanas vai aparecer um candidato. Desde já eu aviso: estou prevenido».
A verdade é que, só nas últimas semanas, já apareceram, lançados do PS como alternativas a Alegre, os nomes de Jaime Gama, de António Guterres e até de Jorge Sampaio. Ora, a sugestão da candidatura de Sampaio é, no mínimo, delirante (ninguém está a ver o ex-Presidente a macular a carreira e o prestígio que conquistou com uma quimera fora de prazo e destinada ao fiasco, como a de Mário Soares em 2006) e a de Guterres vem a destempo (se, porventura, acalenta o sonho de chegar a Belém, o seu momento será em 2016 e nunca em 2011). Mas já a hipótese Jaime Gama pode ir fazendo o seu curso no seio do PS. E estorvar a caminhada frentista de Alegre.
Alegre tem dois problemas difíceis de superar na sua ambição presidencial. O primeiro é que, curiosamente, suscita mais anticorpos no aparelho e nas bases do PS do que entre os dirigentes e militantes do Bloco de Esquerda. O segundo é que, reunindo características ideais para fazer o rassemblement do povo de esquerda, dificilmente disputará a Cavaco Silva os votos decisivos do eleitorado do centro.
Jaime Gama, reconheça-se, reúne melhores condições para ultrapassar qualquer um destes problemas. Ainda que fique muito longe da capacidade de Alegre para mobilizar e empolgar a esquerda numa corrida presidencial contra a direita.
Por tudo isto, Manuel Alegre vai reconhecendo que Cavaco será «um adversário muito difícil. Não menorizava o Presidente, como estão já a fazer, dando-o como derrotado. Isso é um disparate». E vai lançando avisos para o interior do PS: «O Vítor Ramalho já começou, depois veio o Sérgio Sousa Pinto... Não estou disponível para esses jogos nem para essas armadilhas». Não está disponível, mas é bom estar preparado...
«SOL» de 9 de Outubro de 2009