Por José António Lima
SANTANA LOPES queixou-se da transferência de milhares de votos da CDU para o PS, entre os boletins para a eleição das freguesias e os boletins para a escolha do presidente da Câmara, como uma das principais causas para a sua derrota em Lisboa. É verdade que quase 15 mil eleitores da CDU e mais de 5 mil do BE votaram nos seus partidos para as juntas de freguesia e, ao mesmo tempo, em António Costa na lista para a Câmara. E que, curiosa e coincidentemente, Santana perdeu Lisboa para Costa por menos de 15 mil votos.
Mas a explicação para tal facto não reside em qualquer acordo secreto, inverosímil e inexequível. Ela encontra-se na capacidade de Costa para potenciar o voto útil no PS dos eleitores do BE e do PCP, com uma imagem que sempre se afirmou na ala esquerda dos socialistas e uma lista aberta a movimentos e dissidentes de esquerda, como Helena Roseta e Sá Fernandes.
A mãozinha que Carvalho da Silva deu a Costa no encontro de ambos para as televisões também ajudou. E os anticorpos que Santana suscita epidermicamente em grande parte da esquerda, reforçados depois da sua memorável passagem pelo cargo de primeiro-ministro, deram um contributo suplementar para mobilizar muitos votantes do BE e do PCP e incentivá-los a passarem o seu voto para Costa.
A votação de domingo em Lisboa acabou por traçar dois destinos políticos a prazo.
Santana Lopes, que construíra uma imagem de triunfador quase imbatível com as vitórias eleitorais na Figueira da Foz e em Lisboa (que o catapultaram para a fugaz liderança do PSD e do Governo), vem somando derrotas em série: perdeu, e de que maneira, as legislativas de 2005; ficou em terceiro e último lugar na corrida à liderança do PSD contra Ferreira Leite e Passos Coelho; foi agora vencido em Lisboa (com bastante menos votos do que tivera em 2001, então sem o apoio do CDS). Passou, pois, de temível vencedor a crónico perdedor. Como já ficou demonstrado, com Santana Lopes não há mortes políticas. Mas na próxima meia-dúzia de anos Santana só pode mesmo continuar a andar por aí.
Por seu lado, António Costa ganhou, no noite de domingo, os galões e o estatuto de sucessor de Sócrates e próximo líder do PS. Não se vê, entre os socialistas, qualquer figura que lhe possa fazer sombra.
«SOL» de 16 de Outubro de 2009
SANTANA LOPES queixou-se da transferência de milhares de votos da CDU para o PS, entre os boletins para a eleição das freguesias e os boletins para a escolha do presidente da Câmara, como uma das principais causas para a sua derrota em Lisboa. É verdade que quase 15 mil eleitores da CDU e mais de 5 mil do BE votaram nos seus partidos para as juntas de freguesia e, ao mesmo tempo, em António Costa na lista para a Câmara. E que, curiosa e coincidentemente, Santana perdeu Lisboa para Costa por menos de 15 mil votos.
Mas a explicação para tal facto não reside em qualquer acordo secreto, inverosímil e inexequível. Ela encontra-se na capacidade de Costa para potenciar o voto útil no PS dos eleitores do BE e do PCP, com uma imagem que sempre se afirmou na ala esquerda dos socialistas e uma lista aberta a movimentos e dissidentes de esquerda, como Helena Roseta e Sá Fernandes.
A mãozinha que Carvalho da Silva deu a Costa no encontro de ambos para as televisões também ajudou. E os anticorpos que Santana suscita epidermicamente em grande parte da esquerda, reforçados depois da sua memorável passagem pelo cargo de primeiro-ministro, deram um contributo suplementar para mobilizar muitos votantes do BE e do PCP e incentivá-los a passarem o seu voto para Costa.
A votação de domingo em Lisboa acabou por traçar dois destinos políticos a prazo.
Santana Lopes, que construíra uma imagem de triunfador quase imbatível com as vitórias eleitorais na Figueira da Foz e em Lisboa (que o catapultaram para a fugaz liderança do PSD e do Governo), vem somando derrotas em série: perdeu, e de que maneira, as legislativas de 2005; ficou em terceiro e último lugar na corrida à liderança do PSD contra Ferreira Leite e Passos Coelho; foi agora vencido em Lisboa (com bastante menos votos do que tivera em 2001, então sem o apoio do CDS). Passou, pois, de temível vencedor a crónico perdedor. Como já ficou demonstrado, com Santana Lopes não há mortes políticas. Mas na próxima meia-dúzia de anos Santana só pode mesmo continuar a andar por aí.
Por seu lado, António Costa ganhou, no noite de domingo, os galões e o estatuto de sucessor de Sócrates e próximo líder do PS. Não se vê, entre os socialistas, qualquer figura que lhe possa fazer sombra.
«SOL» de 16 de Outubro de 2009