Por João Paulo Guerra
E AGORA QUE O PSD elegeu um novo líder, de que valem os pactos com laranja anteriores? Ou será que PS e PSD chegaram a certos entendimentos sob condição ou mesmo à consignação, com prazo para devolver eventuais acordos à procedência?
Não lembraria a ninguém mas lembrou aos dois mais volumosos partidos portugueses, nos intervalos dos golpes baixos que aplicam um ao outro, entenderem-se para deixar passar medidas de médio e longo curso. Isto, tendo em conta que a direcção do laranja estava a recibos verdes e a líder distribuía o seu tempo entre negociações sobre o PEC e arrumações no gabinete da sede do partido.
E agora? Será possível que a democracia portuguesa tenha criado mais uma originalidade, a do líder partidário em liberdade condicional, com uma pulseira electrónica carregada de ‘chips' aos quais a liderança ficou amarrada? O que é verdadeiramente intrigante é que os mais directamente interessados nesta embaraçosa situação - os candidatos à liderança do PSD - discutiram o conteúdo do PEC como se o estivessem a fazer com o PS na qualidade de sucessores do cadeirão da Rua de São Caetano, mas jamais discutiram a oportunidade das apreciações e votações no Parlamento. E agora, se a palavra do novo líder voltar atrás em relação ao verbo de Manuela Ferreira Leite? Lá salta o PS a proclamar que não se pode confiar no PSD, pois um dia diz uma coisa e outro dia diz outra. O que, não deixando de ser verdade, será simultaneamente uma mentira.
O mais interessante é que tudo isto se passou e vai passar à volta de um Plano da pólvora que tem por objectivo a estabilidade. Qual estabilidade? Os tempos mais próximos vão certamente confirmar que a única situação que vai ser possível manter estável em Portugal será a da instabilidade.
«DE» de 29 Mar 10
E AGORA QUE O PSD elegeu um novo líder, de que valem os pactos com laranja anteriores? Ou será que PS e PSD chegaram a certos entendimentos sob condição ou mesmo à consignação, com prazo para devolver eventuais acordos à procedência?
Não lembraria a ninguém mas lembrou aos dois mais volumosos partidos portugueses, nos intervalos dos golpes baixos que aplicam um ao outro, entenderem-se para deixar passar medidas de médio e longo curso. Isto, tendo em conta que a direcção do laranja estava a recibos verdes e a líder distribuía o seu tempo entre negociações sobre o PEC e arrumações no gabinete da sede do partido.
E agora? Será possível que a democracia portuguesa tenha criado mais uma originalidade, a do líder partidário em liberdade condicional, com uma pulseira electrónica carregada de ‘chips' aos quais a liderança ficou amarrada? O que é verdadeiramente intrigante é que os mais directamente interessados nesta embaraçosa situação - os candidatos à liderança do PSD - discutiram o conteúdo do PEC como se o estivessem a fazer com o PS na qualidade de sucessores do cadeirão da Rua de São Caetano, mas jamais discutiram a oportunidade das apreciações e votações no Parlamento. E agora, se a palavra do novo líder voltar atrás em relação ao verbo de Manuela Ferreira Leite? Lá salta o PS a proclamar que não se pode confiar no PSD, pois um dia diz uma coisa e outro dia diz outra. O que, não deixando de ser verdade, será simultaneamente uma mentira.
O mais interessante é que tudo isto se passou e vai passar à volta de um Plano da pólvora que tem por objectivo a estabilidade. Qual estabilidade? Os tempos mais próximos vão certamente confirmar que a única situação que vai ser possível manter estável em Portugal será a da instabilidade.