quinta-feira, 18 de março de 2010

Trocas

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Por João Paulo Guerra

TALVEZ PELA PRIMEIRA vez na sua História, Portugal atravessa uma situação de profunda e generalizada gravidade e decadência sem que apareçam, mais ou menos a propósito, anedotas.

Os portugueses inventam anedotas a propósito de tudo, e até mesmo de nada. A verdade é que a situação, desde Santana Lopes e com fartos exemplos na actualidade, não carece de anedotas pelo simples facto de que é, ela própria, uma anedota pegada. O regime perdeu o crédito e o respeito que é devido às pessoas e instituições de bem. Pois se até um destacadíssimo notável do PSD já veio dizer que quando o chefe de Estado fala "sentimos um mau hálito político do lado de cá da televisão"!

Já houve quem dissesse que o apodrecimento da situação política, social e moral cheira, para além do hálito, a fim de regime. O que vale é que uma sondagem também indicou que os portugueses estão fartos da falta de qualidade desta democracia, mas não da democracia.

Só no quadro de uma situação em estado de decomposição é que se entende a gafe do apresentador de um "evento" que introduziu o primeiro-ministro dizendo: "agora vai falar... José Trocas-te". Trocar o primeiro-ministro pelo seu próprio boneco no Contra-Informação não é apenas pôr os 200 participantes no "evento" a olhar para o boneco. Nem sequer apenas um lapsus língua. A linguagem e os respectivos lapsos traem o que anda pelo subconsciente individual e colectivo. E o bom povo olha para a corte do regime e não consegue distinguir os bobos da própria corte.

Ou como diriam os Monty Phyton: "E agora, para algo completamente diferente, vão falar Acabado Silva, Jaime Trama, José Trocas-te, Manuela Azeda o Leite, Paulo Tortas, Francisco Trotskã, Cassete Jerónimo, Arrastadeira de Campos e Esmurrais Sarmento".
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«DE» de 18 Mar 10