Por João Paulo Guerra
O PSD VAI A VOTOS para escolher o 17.º presidente da dinastia laranja.
O número de líderes confirma o PSD como o partido da instabilidade da trintona democracia portuguesa: dá pouco mais que dois anos por presidente, apesar do longo consulado de Cavaco Silva adulterar a média. Contando 16 líderes para os 26 anos do PSD sem Cavaco, a média da liderança baixa para cerca de ano e meio. Mas o líder que vier a ser hoje eleito pode ter uma esperança ainda mais reduzida. Depende do que se seguir às presidenciais do ano que vem.
Mas são precisamente as presidenciais que podem auxiliar um pouco o novo líder laranja a libertar-se na canga de muleta do governo PS que tem desempenhado nos últimos anos. É natural que as presidenciais agudizem a confronto político. O PS vai provavelmente apresentar um candidato - irá? - e como partido vai ter que se diferenciar e distanciar do actual inquilino de Belém. Este, por seu lado, tem absoluta necessidade de se demarcar da política do Governo que, por altura das presidenciais, já deverá ter reduzido a maior parte dos portugueses às condições de desempregados, pobres, indigentes e afins. O mal para a classe política não é que haja tantos desvalidos. Pior é que muitos deles votam, embora uma franja vá fugir para o populismo. Mas o líder do PSD hoje eleito pode, por fim, ser mais alguma coisa que um mero editor de críticas inconsequentes à política governamental. O que o próprio Cavaco Silva agradecerá, pois o partido que já anunciou que apoia a reeleição marcará a diferença em relação ao governo. Se o chefe de Estado tem uma cooperação estratégica com o Governo, passará a ter uma cooperação táctica com o líder da oposição.
Em suma, uma trapalhada. Mas nem seria Portugal se assim não fosse.
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«DE» de 26 Mar 10
O PSD VAI A VOTOS para escolher o 17.º presidente da dinastia laranja.
O número de líderes confirma o PSD como o partido da instabilidade da trintona democracia portuguesa: dá pouco mais que dois anos por presidente, apesar do longo consulado de Cavaco Silva adulterar a média. Contando 16 líderes para os 26 anos do PSD sem Cavaco, a média da liderança baixa para cerca de ano e meio. Mas o líder que vier a ser hoje eleito pode ter uma esperança ainda mais reduzida. Depende do que se seguir às presidenciais do ano que vem.
Mas são precisamente as presidenciais que podem auxiliar um pouco o novo líder laranja a libertar-se na canga de muleta do governo PS que tem desempenhado nos últimos anos. É natural que as presidenciais agudizem a confronto político. O PS vai provavelmente apresentar um candidato - irá? - e como partido vai ter que se diferenciar e distanciar do actual inquilino de Belém. Este, por seu lado, tem absoluta necessidade de se demarcar da política do Governo que, por altura das presidenciais, já deverá ter reduzido a maior parte dos portugueses às condições de desempregados, pobres, indigentes e afins. O mal para a classe política não é que haja tantos desvalidos. Pior é que muitos deles votam, embora uma franja vá fugir para o populismo. Mas o líder do PSD hoje eleito pode, por fim, ser mais alguma coisa que um mero editor de críticas inconsequentes à política governamental. O que o próprio Cavaco Silva agradecerá, pois o partido que já anunciou que apoia a reeleição marcará a diferença em relação ao governo. Se o chefe de Estado tem uma cooperação estratégica com o Governo, passará a ter uma cooperação táctica com o líder da oposição.
Em suma, uma trapalhada. Mas nem seria Portugal se assim não fosse.
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«DE» de 26 Mar 10