Por João Paulo Guerra
MAS A ANÁLISE das estatísticas confirma, por outro lado, que sob o ponto de vista qualitativo o país não saiu da cepa torta. E a culpa é precisamente das estatísticas. Ou, melhor dizendo, a responsabilidade é dos políticos que encaram a educação como um mero objectivo estatístico. De maneira que para ter muito mais, para apresentar números que não envergonhem tanto, as políticas de educação têm em geral a quantidade como fim, enquanto a qualidade se perde pelo meio.
Uma análise possível destes "50 Anos de Estatísticas da Educação" também confirma que o obscurantismo salazarista, em cima de uma herança de trevas inquisitórias, traçou um destino trágico por longos anos para este país. Leva décadas a recuperar o atraso de um país cujo sistema educativo excluía da escola 99 por cento da população. E essa - digam o que disserem os saudosistas mais ou menos disfarçados - foi a maior obra do salazarismo: a implantação da ignorância, da desconfiança e do preconceito em relação ao saber. E se isto foi dramático, passou a trágico quando, já em democracia, alguns ilustres ministrantes não se coibiram de exibir e pôr em prática um absoluto desprezo pelo saber, embora sempre atento aos sinais quantitativos. Portugal, para sua vergonha, chegou a ter ministros e secretários de Estado da área da Educação que falaram e escreveram com erros de português. O que é que pode esperar-se mais?
E assim "tá" o país tal como "tá" a Educação. Ou será que ainda não deram pela institucionalização do verbo "tar" no discurso político e mediático?
«DE» de 22 Jan 10
A publicação pelo INE dos “50 Anos de Estatísticas da Educação” veio confirmar o que já toda a gente sabia: que no último meio século a educação em Portugal registou um aumento quantitativo explosivo.
MAS A ANÁLISE das estatísticas confirma, por outro lado, que sob o ponto de vista qualitativo o país não saiu da cepa torta. E a culpa é precisamente das estatísticas. Ou, melhor dizendo, a responsabilidade é dos políticos que encaram a educação como um mero objectivo estatístico. De maneira que para ter muito mais, para apresentar números que não envergonhem tanto, as políticas de educação têm em geral a quantidade como fim, enquanto a qualidade se perde pelo meio.
Uma análise possível destes "50 Anos de Estatísticas da Educação" também confirma que o obscurantismo salazarista, em cima de uma herança de trevas inquisitórias, traçou um destino trágico por longos anos para este país. Leva décadas a recuperar o atraso de um país cujo sistema educativo excluía da escola 99 por cento da população. E essa - digam o que disserem os saudosistas mais ou menos disfarçados - foi a maior obra do salazarismo: a implantação da ignorância, da desconfiança e do preconceito em relação ao saber. E se isto foi dramático, passou a trágico quando, já em democracia, alguns ilustres ministrantes não se coibiram de exibir e pôr em prática um absoluto desprezo pelo saber, embora sempre atento aos sinais quantitativos. Portugal, para sua vergonha, chegou a ter ministros e secretários de Estado da área da Educação que falaram e escreveram com erros de português. O que é que pode esperar-se mais?
E assim "tá" o país tal como "tá" a Educação. Ou será que ainda não deram pela institucionalização do verbo "tar" no discurso político e mediático?
«DE» de 22 Jan 10