.
Por José António Lima
JOSÉ SÓCRATES DEIXOU, nos primeiros anos do seu Governo, uma imagem de determinação e mudança. Determinação na forma imediata e decidida como encarou a inevitável reforma, a médio prazo, da Segurança Social ou a obrigatória redução do défice público para um valor abaixo dos 3%. Sentido de mudança ao assumir e levar à prática causas como a aposta do país nas energias renováveis, a modernização e simplificação dos serviços públicos (lojas do cidadão, desburocratização de serviços, rapidez de resposta com a redução de prazos e formalidades) ou a introdução do Inglês e das novas tecnologias (incluindo a distribuição de computadores a todos os alunos) nos primeiros graus de Ensino.
JOSÉ SÓCRATES DEIXOU, nos primeiros anos do seu Governo, uma imagem de determinação e mudança. Determinação na forma imediata e decidida como encarou a inevitável reforma, a médio prazo, da Segurança Social ou a obrigatória redução do défice público para um valor abaixo dos 3%. Sentido de mudança ao assumir e levar à prática causas como a aposta do país nas energias renováveis, a modernização e simplificação dos serviços públicos (lojas do cidadão, desburocratização de serviços, rapidez de resposta com a redução de prazos e formalidades) ou a introdução do Inglês e das novas tecnologias (incluindo a distribuição de computadores a todos os alunos) nos primeiros graus de Ensino.
Sócrates falhou ao não reduzir a insustentável despesa do Estado nem o peso do funcionalismo nas contas públicas. E acabou a recuar na reforma dos serviços de Saúde ou na avaliação e carreiras dos professores, entre outros casos. Mas ficou a marca, ainda que atenuada no final, de um Governo com algumas causas, visão de futuro e de mudança.
Por contraste, este segundo Executivo de Sócrates surge como uma versão recauchutada e minimalista do Governo anterior, sem ímpeto reformador, sem ânimo para tomar medidas difíceis, sem causas que o motivem e orientem, sem ideias novas. Impotente perante a crise, tolhido pela perda de poder da maioria absoluta, Sócrates limita-se a apontar o TGV, repete-se e esgota-se a falar do investimento público – ou, para disfarçar o vazio de ideias e a ausência de energia de mudança, a colocar na agenda do dia temas marginais como o casamento entre homossexuais ou outro ensaio da inefável regionalização.
Sócrates lidera agora um Governo sem causas nem projectos reformadores. Um Governo de gestão corrente, precocemente esgotado. Até quando? – é a pergunta que se coloca.
Pior ainda. Quando o défice público já bate nos 9% e o endividamento está a ultrapassar os 100%, quando todos os organismos e autoridades internacionais afirmam que a economia portuguesa vai ficar ainda mais para trás e ter um crescimento mínimo nos próximos anos, incapaz de criar emprego e melhorar o nível de vida, Sócrates vem dizer aos portugueses, na sua mensagem de Natal, que «há sinais claros que estamos a retomar lentamente um caminho de recuperação». Se ainda for primeiro-ministro, o que dirá ao país quando se vir obrigado a tomar medidas drásticas, como está a acontecer na Irlanda e na Grécia?
«SOL» de 31 Dez 09