Por Antunes Ferreira
PARECE CHEGAR AO FIM este longuíssimo folhetim que bem poderia intitular-se, recordando o primeiro radiofónico que houve em Portugal, «A força do destino». Que os Portugueses, sempre ávidos de anedotizar, no que são (somos) pertinazes e, sobretudo, produtivos, rapidamente rebaptizaram de «A força do intestino». Trato, aqui e agora, do combate que opôs, anos a fio, professores e ministros da Educação.
Os últimos assaltos deste prolongadíssimo terçar de luvas (de boxe), para não dizer mesmo, de armas mais ou menos convencionais, tinham decorrido no consulado de Maria de Lurdes Rodrigues. Foram as enormes manifestações; foram as declarações de irredutibilidade de uma e outra parte; foram as greves; foram, foram, foram; foi finalmente a afirmação pública e solene por parte da FENPROF: os professores não vão votar PS.
Pelos vistos, não votaram mesmo. Há até quem diga que foram eles que retiraram a maioria absoluta a José Sócrates. Façam-se cuidadosamente as contas e poder-se-á concluir se sim, se não. O facto é que os socialistas não conseguiram alcançar essa meta eleitoral que, a ter acontecido, colocaria este Governo em condições absolutamente diferentes daquelas em que se encontra.
Por mais isto ou mais aquilo, penso que tem cabimento perguntar o que terá acontecido, já que o cantar de galo vitorioso é comum aos dois que se vinham confrontando. O que, diga-se de passagem, é absolutamente normal num País em que, depois de apurados os votos deitados nas urnas, todos os partidos concorrentes ganharam. E, na maioria dos casos, sem reticências. E no que concerne a este processo, eram apenas dois a digladiar-se: sindicatos e ministros, sucessivamente.
Abro aqui uma pequena parentética que me parece com alguma oportunidade. A não ser assim, não o faria. Na I República, tão vilipendiada, o poder produziu diplomas em que utilizou uma distinção que hoje dizem os especialistas na matéria – e temos muitíssimos em Portugal – ser perfeitamente obsoleta. A educação competia à família; o ensino, às escolas. Chamem-me o que quiserem: defendo a ideia e a prática que lhe devia corresponder. Fecho parênteses.
Com tudo o que se passou, pode perguntar-se - o que terá ganho o ensino? Isto é, o que terão ganho as escolas? Ou seja, o que terão ganho os alunos? Ainda, o que terão ganho as famílias? Em suma, o que terá ganho o País? Antes do mais, creio firmemente que ganhou uma estrela televisiva – o Senhor Mário Nogueira. Feitas as contas, é ele que sai aplaudido deste imbróglio que parecia não ter fim. Com mérito? Na minha fraca opinião, sobretudo, com arrogância. Mas também, tenho que o reconhecer, com firmeza e determinação. Porém, o protagonismo sobreleva tudo o resto.
Isabel Alçada levou o processo de maneira assaz diferente daquela que a sua antecessora utilizou. Método diverso, procedimento diverso, resultados diversos. Politicamente, tenho de perguntar se o primeiro-ministro (que apoiou uma e apoia a outra) será o mesmo. É bem capaz de não ser. Mas, tudo indica que se chama José Sócrates, é secretário-geral do PS e adepto da corrida pedestre. Logo, o que mudou não foi ele. Foram as condicionantes que o envolvem.
Esta maratona tinha de ter um fim. Ele aí está. É o que se pode, em verdade, chamar «a força do destino». A outra força da brejeirice não pode ser para aqui chamada. Não pode – nem deve.
O Sorumbático acaba de completar cinco anos – mas já é maior e vacinado. E conhecido e reconhecido. Por ter o prazer e a honra de ser seu contribuidor, regozijo-me, naturalmente, dou-lhe os parabéns e desejo-lhe uma longa vida, com as qualidades que tem e continuará a ter. Ao Carlos Medina Ribeiro, o pai da criança, deixo um abração. É só.
PARECE CHEGAR AO FIM este longuíssimo folhetim que bem poderia intitular-se, recordando o primeiro radiofónico que houve em Portugal, «A força do destino». Que os Portugueses, sempre ávidos de anedotizar, no que são (somos) pertinazes e, sobretudo, produtivos, rapidamente rebaptizaram de «A força do intestino». Trato, aqui e agora, do combate que opôs, anos a fio, professores e ministros da Educação.
Os últimos assaltos deste prolongadíssimo terçar de luvas (de boxe), para não dizer mesmo, de armas mais ou menos convencionais, tinham decorrido no consulado de Maria de Lurdes Rodrigues. Foram as enormes manifestações; foram as declarações de irredutibilidade de uma e outra parte; foram as greves; foram, foram, foram; foi finalmente a afirmação pública e solene por parte da FENPROF: os professores não vão votar PS.
Pelos vistos, não votaram mesmo. Há até quem diga que foram eles que retiraram a maioria absoluta a José Sócrates. Façam-se cuidadosamente as contas e poder-se-á concluir se sim, se não. O facto é que os socialistas não conseguiram alcançar essa meta eleitoral que, a ter acontecido, colocaria este Governo em condições absolutamente diferentes daquelas em que se encontra.
Por mais isto ou mais aquilo, penso que tem cabimento perguntar o que terá acontecido, já que o cantar de galo vitorioso é comum aos dois que se vinham confrontando. O que, diga-se de passagem, é absolutamente normal num País em que, depois de apurados os votos deitados nas urnas, todos os partidos concorrentes ganharam. E, na maioria dos casos, sem reticências. E no que concerne a este processo, eram apenas dois a digladiar-se: sindicatos e ministros, sucessivamente.
Abro aqui uma pequena parentética que me parece com alguma oportunidade. A não ser assim, não o faria. Na I República, tão vilipendiada, o poder produziu diplomas em que utilizou uma distinção que hoje dizem os especialistas na matéria – e temos muitíssimos em Portugal – ser perfeitamente obsoleta. A educação competia à família; o ensino, às escolas. Chamem-me o que quiserem: defendo a ideia e a prática que lhe devia corresponder. Fecho parênteses.
Com tudo o que se passou, pode perguntar-se - o que terá ganho o ensino? Isto é, o que terão ganho as escolas? Ou seja, o que terão ganho os alunos? Ainda, o que terão ganho as famílias? Em suma, o que terá ganho o País? Antes do mais, creio firmemente que ganhou uma estrela televisiva – o Senhor Mário Nogueira. Feitas as contas, é ele que sai aplaudido deste imbróglio que parecia não ter fim. Com mérito? Na minha fraca opinião, sobretudo, com arrogância. Mas também, tenho que o reconhecer, com firmeza e determinação. Porém, o protagonismo sobreleva tudo o resto.
Isabel Alçada levou o processo de maneira assaz diferente daquela que a sua antecessora utilizou. Método diverso, procedimento diverso, resultados diversos. Politicamente, tenho de perguntar se o primeiro-ministro (que apoiou uma e apoia a outra) será o mesmo. É bem capaz de não ser. Mas, tudo indica que se chama José Sócrates, é secretário-geral do PS e adepto da corrida pedestre. Logo, o que mudou não foi ele. Foram as condicionantes que o envolvem.
Esta maratona tinha de ter um fim. Ele aí está. É o que se pode, em verdade, chamar «a força do destino». A outra força da brejeirice não pode ser para aqui chamada. Não pode – nem deve.
.
SUBLINHADO