quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Columbine

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Por João Paulo Guerra


Numa escola de Braga, considerada uma das mais seguras do País, sem alunos “problemáticos”, frequentada por filhos da classe média-alta da região que pagam em média 200 euros mensais de propina, dois jovens, manuseando uma arma de fogo transformada no intervalo das aulas provocaram um disparo acidental que atingiu um deles no tórax.

OS JOVENS SÃO AMIGOS, procuraram minimizar as responsabilidades pelo acontecido, no que foram secundados por outros colegas. O autor do disparo foi ouvido pela PJ e saiu naturalmente em liberdade, o atingido está hospitalizado mas não corre perigo e o coordenador do Observatório de Segurança Escolar aproveitou para informar que a violência escolar caiu para metade nos últimos três anos e que "a existência de armas de fogo nas escolas é raríssima".

Porém, no outro País que também é Portugal, o coordenador do Observatório tem conhecimento de "pais descuidados" que "guardam armas de fogo montadas e até carregadas" que episodicamente os filhos levam para as escolas. E foi também por esta via, embora não só, que no ano lectivo de 2007/08 a PSP apreendeu 242 armas nas escolas, sendo 71 por cento armas brancas e cinco por cento de fogo. E que em 2008/2009 foram apreendidas mais armas nas escolas que no ano anterior, embora os números só sejam revelados em Fevereiro. Nas estatísticas gerais nem sequer devem pesar os dados das escolas dos guetos, onde há miúdos armados por questões de ataque ou de defesa.

Claro que o País dos "brandos costumes" fica muito longe de Columbine, assim como a corrida doméstica aos armamentos nos EUA fica a grande distância dos arsenais caseiros em Portugal. O que se espera é que não seja necessário que aconteça uma desgraça como em Columbine para que alguém acorde.

«DE» de 14 Jan 10