quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Adivinha

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Por João Paulo Guerra

ESTIVE VAI-NÃO-VAI para apostar que o acordo para viabilização do Orçamento era aprovado terça-feira, mesmo a tempo da apresentação da recandidatura do professor Cavaco Silva.

Mas afinal aprendi que o mais avisado é seguir o conselho de um velho pensador português: prognósticos só depois do jogo.

Uma das razões porque apostaria era de ordem zodiacal: acabáramos de entrar no Escorpião, o signo magnético do senhor dos propósitos, do alto preço, o guerreiro que procura o caminho infalível para atingir os seus objectivos, para além do visível, com Marte como planeta regente, e com Vénus e a Lua cooperativos. Outra, mais prosaica e terrena, era simplesmente porque a delegação do PSD às conversações com o Governo haveria de querer acorrer ao CCB, a marcar presença no beija-mão. Afinal a delegação foi ao beija-mão mas de mãos a abanar quanto a compromisso para viabilizar o Orçamento.

Enganava-me pois e admito-o. Nisto de palpites até o polvo Paul, que ficou célebre por acertar nos vencedores dos jogos do último Mundial de futebol, terá falhado o derradeiro prognóstico, não adivinhando que iria morrer de causas naturais no aquário de Oberhausen.

Há no entanto um enigma na alocução do recandidato que "continua a ser Presidente". É quando o professor diz que "qualquer Governo contará sempre" com a sua "cooperação na resolução dos problemas do país". Ninguém se meta a adivinhar. Mas esta referência a "qualquer governo" poderá trazer água no bico. E o pote da água que traz a alusão no bico pode ser, por exemplo, um chumbo do Orçamento, como também pode muito bem não ser. Especular é uma contemplação própria do raciocínio humano mas adivinhar é do domínio da bruxaria. E para o Dia das Bruxas ainda faltam três noites.
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«DE» de 28 Out 10