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Por João Paulo Guerra
OS PORTUGUESES vão acabar por entender, perante esta etapa da crise e face à brutalidade das medidas de austeridade, que tanto lhes faz como lhes fez votar PS ou PSD.
As políticas dos dois partidos são idênticas, apenas divergindo em questões de luta pelo poder. O PSD não está em desacordo com o Orçamento do PS: está a fazer o seu número de prestidigitação para tirar um Coelho da cartola, ao mesmo tempo que procura que seja o PS a fazer o trabalho sujo, que lhe desbaste o caminho. Enquanto isto, o PS vai tentando diferenciar-se do PSD invocando a defesa do Estado Social, com o que poderá enganar mais uns tantos que acreditem que o Estado Social se defende com um Orçamento intermediado pelos bancos, que esmaga as famílias com menos rendimentos e aumenta as desigualdades. Atente-se neste pequeno mas significativo pormenor: o Governo que corta a direito, atropelando assalariados e pensionistas, justifica-se com a alegada escassez de meios técnicos para não carregar um poucochinho sobre as chamadas pensões douradas.
E depois há outro motivo de reflexão: de que vale aos portugueses votarem PS ou PSD se o País é depois governado pela direita radical europeia? Nunca como hoje a Europa foi tão uniforme na coloração política. E três dos governos que escapam ao redil, apesar das afinidades das práticas políticas - Portugal, Espanha e Grécia - estão sob terrível pressão para arrasar o que resta da Europa social. A direita europeia subiu ao poder sobre os escombros da política direitista dos partidos socialistas e social-democratas e agora tem o terreno desbravado para acabar com os derradeiros resquícios de direitos sociais.
E depois? Depois as Merkl e os Sarkozy nomeiam os seus regentes e os Pê Esses passam à história por umas décadas.
.Por João Paulo Guerra
OS PORTUGUESES vão acabar por entender, perante esta etapa da crise e face à brutalidade das medidas de austeridade, que tanto lhes faz como lhes fez votar PS ou PSD.
As políticas dos dois partidos são idênticas, apenas divergindo em questões de luta pelo poder. O PSD não está em desacordo com o Orçamento do PS: está a fazer o seu número de prestidigitação para tirar um Coelho da cartola, ao mesmo tempo que procura que seja o PS a fazer o trabalho sujo, que lhe desbaste o caminho. Enquanto isto, o PS vai tentando diferenciar-se do PSD invocando a defesa do Estado Social, com o que poderá enganar mais uns tantos que acreditem que o Estado Social se defende com um Orçamento intermediado pelos bancos, que esmaga as famílias com menos rendimentos e aumenta as desigualdades. Atente-se neste pequeno mas significativo pormenor: o Governo que corta a direito, atropelando assalariados e pensionistas, justifica-se com a alegada escassez de meios técnicos para não carregar um poucochinho sobre as chamadas pensões douradas.
E depois há outro motivo de reflexão: de que vale aos portugueses votarem PS ou PSD se o País é depois governado pela direita radical europeia? Nunca como hoje a Europa foi tão uniforme na coloração política. E três dos governos que escapam ao redil, apesar das afinidades das práticas políticas - Portugal, Espanha e Grécia - estão sob terrível pressão para arrasar o que resta da Europa social. A direita europeia subiu ao poder sobre os escombros da política direitista dos partidos socialistas e social-democratas e agora tem o terreno desbravado para acabar com os derradeiros resquícios de direitos sociais.
E depois? Depois as Merkl e os Sarkozy nomeiam os seus regentes e os Pê Esses passam à história por umas décadas.
«DE» de 19 Out 10