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Por Maria Filomena Mónica
NO ÚLTIMO SÁBADO [Set 2008], o Primeiro-Ministro relembrou que a educação era a «a prioridade das prioridades», acrescentando estar empenhado em «atingir maior igualdade social através da aposta no ensino». Pode S. Exa. berrar à vontade contra os «bota abaixo» - nos quais me incluirá - mas os recentes exames do 12. º Ano estão aí para provar que as escolas públicas deixaram de premiar o esforço.
Se hoje tivesse filhos pequenos, não os matricularia numa escola pública: não porque os docentes sejam piores do que na privada, mas porque, devido aos programas, regras e cultura impostos pelo Ministério, o ensino está degradado. Há dias, o Diário de Notícias anunciava, como se fosse um milagre, que oito em cada dez alunos frequentam escolas públicas. Perguntem a estes pais se lá manteriam os filhos, caso as privadas fossem igualmente gratuitas.
É por ter depositado esperança na educação pública que me sinto triste. Em 1974, matriculei os meus filhos na Escola Manuel da Maia e, terminado o Ciclo Preparatório, no Liceu Pedro Nunes. Apesar da turbulência da Revolução, pensei ser melhor tê-los ali, uma vez que, além da vantagem de não os enclausurar numa redoma social, o ensino era bom.
Actualmente, de tal forma estão as escolas públicas desorientadas que não sacrificaria o futuro dos meus filhos às minhas convicções. Provavelmente, optaria por uma privada, desde que não religiosa. Sei que a minha posição passou de moda, uma vez que todos os dias assisto a gente agnóstica, baptizando os descendentes, apenas porque tal permite enviá-los depois para colégios, mas isso não me comove, apenas me irrita.
Ao fim de trinta anos de democracia, o que vemos? Uma rede pública, que se transformou num gueto para os filhos dos pobres, e uma rede privada, frequentada pelos filhos das classes médias.
Há duas maneiras de se fazer com que uma sociedade se torne mais igual: através do sistema fiscal e da escola pública. Em Portugal, nenhuma delas funciona. Não admira que o nosso país seja aquele que, na Europa, possui o mais profundo fosso entre os ricos e os pobres.
Por Maria Filomena Mónica
NO ÚLTIMO SÁBADO [Set 2008], o Primeiro-Ministro relembrou que a educação era a «a prioridade das prioridades», acrescentando estar empenhado em «atingir maior igualdade social através da aposta no ensino». Pode S. Exa. berrar à vontade contra os «bota abaixo» - nos quais me incluirá - mas os recentes exames do 12. º Ano estão aí para provar que as escolas públicas deixaram de premiar o esforço.
Se hoje tivesse filhos pequenos, não os matricularia numa escola pública: não porque os docentes sejam piores do que na privada, mas porque, devido aos programas, regras e cultura impostos pelo Ministério, o ensino está degradado. Há dias, o Diário de Notícias anunciava, como se fosse um milagre, que oito em cada dez alunos frequentam escolas públicas. Perguntem a estes pais se lá manteriam os filhos, caso as privadas fossem igualmente gratuitas.
É por ter depositado esperança na educação pública que me sinto triste. Em 1974, matriculei os meus filhos na Escola Manuel da Maia e, terminado o Ciclo Preparatório, no Liceu Pedro Nunes. Apesar da turbulência da Revolução, pensei ser melhor tê-los ali, uma vez que, além da vantagem de não os enclausurar numa redoma social, o ensino era bom.
Actualmente, de tal forma estão as escolas públicas desorientadas que não sacrificaria o futuro dos meus filhos às minhas convicções. Provavelmente, optaria por uma privada, desde que não religiosa. Sei que a minha posição passou de moda, uma vez que todos os dias assisto a gente agnóstica, baptizando os descendentes, apenas porque tal permite enviá-los depois para colégios, mas isso não me comove, apenas me irrita.
Ao fim de trinta anos de democracia, o que vemos? Uma rede pública, que se transformou num gueto para os filhos dos pobres, e uma rede privada, frequentada pelos filhos das classes médias.
Há duas maneiras de se fazer com que uma sociedade se torne mais igual: através do sistema fiscal e da escola pública. Em Portugal, nenhuma delas funciona. Não admira que o nosso país seja aquele que, na Europa, possui o mais profundo fosso entre os ricos e os pobres.
Setembro de 2008