Por José António Lima
AS CANDIDATURAS de Elisa Ferreira ao Porto e de Ana Gomes a Sintra sofreram um golpe fatal quando o eleitorado percebeu que as duas candidatas do PS não abdicavam de permanecer, também, na lista ao Parlamento Europeu – retaguarda segura, muito cosmopolita e bem remunerada para um eventual desaire na compita autárquica. Com as inevitáveis críticas, que se adivinhavam, a tal duplicidade eleitoral, as propostas camarárias de Ana Gomes e Elisa Ferreira saíram da campanha das europeias já em estado muito agonizante. Agora, ao impor a proibição de candidaturas duplas nas listas do PS, em nome da ética e da transparência política, José Sócrates deu o passo que faltava: passou a certidão de óbito às pretensões autárquicas das duas isoladas (mas duplas) candidatas.
Esta reviravolta de princípios à última hora, contrariando para as legislativas o que o PS há menos de um mês considerava natural e aceitável para as europeias, desencadeou reacções contraditórias, sonoras e politicamente ilustrativas nas hostes socialistas. Cerca de uma dúzia de deputados socialistas que se disponibilizaram para concorrer à presidência de câmaras, como Leonor Coutinho ou Sónia Sanfona, sentem-se enganados por Sócrates e queixam-se, com razão, de este ter «mudado as regras a meio do jogo». Mas esquecem, porque eram esses os hábitos da casa, que as duplas candidaturas representam falta de seriedade para com os eleitores, défice de credibilidade para os partidos, oportunismo e calculismo de quem as protagoniza. Já Elisa Ferreira e Ana Gomes, que viram o PS tirar-lhes o tapete debaixo dos pés quando o chão já lhes fugia, responderam em uníssono ao repto de Manuel Alegre: «Ou renunciam já ao mandato de eurodeputadas ou deixam de ser candidatas autárquicas». Gomes não considera que Alegre «tenha autoridade moral» para fazer tal exigência. Elisa completa: «De moral não deve falar para mim». Deixando de lado a moral, as palavras de Alegre resumem-se a uma questão de sensatez e decência política. Que só Elisa Ferreira e Ana Gomes parecem não querer ver.
Sócrates proibiu as duplas candidaturas mais por razões de emergência eleitoral do que por convicção de princípios. Com isso conseguiu, para já, fazer de médico legista e certificar a morte política de duas candidaturas do PS. Às Câmaras do Porto e de Sintra.
AS CANDIDATURAS de Elisa Ferreira ao Porto e de Ana Gomes a Sintra sofreram um golpe fatal quando o eleitorado percebeu que as duas candidatas do PS não abdicavam de permanecer, também, na lista ao Parlamento Europeu – retaguarda segura, muito cosmopolita e bem remunerada para um eventual desaire na compita autárquica. Com as inevitáveis críticas, que se adivinhavam, a tal duplicidade eleitoral, as propostas camarárias de Ana Gomes e Elisa Ferreira saíram da campanha das europeias já em estado muito agonizante. Agora, ao impor a proibição de candidaturas duplas nas listas do PS, em nome da ética e da transparência política, José Sócrates deu o passo que faltava: passou a certidão de óbito às pretensões autárquicas das duas isoladas (mas duplas) candidatas.
Esta reviravolta de princípios à última hora, contrariando para as legislativas o que o PS há menos de um mês considerava natural e aceitável para as europeias, desencadeou reacções contraditórias, sonoras e politicamente ilustrativas nas hostes socialistas. Cerca de uma dúzia de deputados socialistas que se disponibilizaram para concorrer à presidência de câmaras, como Leonor Coutinho ou Sónia Sanfona, sentem-se enganados por Sócrates e queixam-se, com razão, de este ter «mudado as regras a meio do jogo». Mas esquecem, porque eram esses os hábitos da casa, que as duplas candidaturas representam falta de seriedade para com os eleitores, défice de credibilidade para os partidos, oportunismo e calculismo de quem as protagoniza. Já Elisa Ferreira e Ana Gomes, que viram o PS tirar-lhes o tapete debaixo dos pés quando o chão já lhes fugia, responderam em uníssono ao repto de Manuel Alegre: «Ou renunciam já ao mandato de eurodeputadas ou deixam de ser candidatas autárquicas». Gomes não considera que Alegre «tenha autoridade moral» para fazer tal exigência. Elisa completa: «De moral não deve falar para mim». Deixando de lado a moral, as palavras de Alegre resumem-se a uma questão de sensatez e decência política. Que só Elisa Ferreira e Ana Gomes parecem não querer ver.
Sócrates proibiu as duplas candidaturas mais por razões de emergência eleitoral do que por convicção de princípios. Com isso conseguiu, para já, fazer de médico legista e certificar a morte política de duas candidaturas do PS. Às Câmaras do Porto e de Sintra.
«SOL» de 10 de Julho de 2009