Por Maria Filomena Mónica
HÁ MOMENTOS EM QUE ODEIO o mundo moderno. Isto é particularmente evidente de cada vez que sou forçada a lidar com empresas de telecomunicações. A PT tem agora um novo manda-chuva, ou, em linguagem moderna, um CEO, de seu nome Zeinal Bava. De acordo com as entrevistas que, ao longo das últimas semanas, deu aos jornais, este senhor estaria a repensar a forma como a empresa se relaciona com os clientes.
Na madrugada de 17 de Fevereiro, depois das cheias, o meu telefone deixou de funcionar. Quando o constatei, liguei para as avarias: apareceu uma voz gravada, ordenando-me que ligasse o 1 se…, o 2 se… , o 3 se…e o 4 se…. Depois de ter feito o que me mandavam, apareceu uma menina, a quem participei a avaria: que tomaria nota. Foi tudo o que aconteceu. Ao fim de três dias, voltei a ligar para a empresa, mas já não me foi possível falar com um ser humano, pois, de cada vez que discava o meu número, era remetida para uma gravação, na qual a PT me comunicava já ter registado o estrago. Como tenho uma central em casa, com três números diferentes, fui-os discando sucessivamente, o que me permitiu o privilégio de falar com alguém vivo por mais duas vezes. Esgotada esta artimanha, deixei de ser capaz de ultrapassar a barragem da gravação. Pelos vistos, as prestáveis «assistentes» da velha companhia de telefones haviam desaparecido.
Por mero acaso, soube de um truque que permite furar o muro de silêncio que a PT montou à sua volta. Depois da gravação 4, deixa-se tocar o telefone uns 5 ou 6 minutos, após o que aparece um senhor que nos informa termos passado a fazer parte dos clientes VIP, o que significa que, no máximo dentro de 24 horas, virá alguém a nossa casa a fim reparar a avaria. Efectivamente, pouco depois, dois rapazes tocaram à minha porta a fim de testar os sete aparelhos que possuo. Foi através de uma poção mágica que subi na hierarquia dos clientes da PT. Zeinal Bava vai ter muito que fazer: se há empresa que despreza os clientes é a PT.