Por José António Lima
A NECESSIDADE DE HELENA ROSETA deixar claro, reiterar e voltar a esclarecer que estabeleceu um «compromisso de honra de não assumir o lugar de António Costa, no caso de este sair da presidência da Câmara de Lisboa», mostra bem o ambiente de desconfiança e de fim de ciclo que se respira nos meios socialistas quanto às eleições de 27 de Setembro. E o futuro breve e pouco risonho que, em muito PS, se augura à liderança de José Sócrates. A discussão pública da eventual saída de Costa para líder do PS, lá para Outubro/Novembro, acaba por se converter numa «desconsideração» a Sócrates, como logo observou Santana Lopes, com a sua apurada percepção política (que, curiosamente, nunca funciona quando se trata de a aplicar à sua pessoa e àqueles que habitualmente o rodeiam – o que ajuda a explicar o acidentado e rocambolesco percurso de Santana).
Mas a verdade é que os deprimentes 26,6% nestas eleições europeias tiveram, no interior do PS, um efeito semelhante ao que a derrota nas autárquicas de 2001 provocou no Governo e na quase maioria socialista de António Guterres: o do anúncio antecipado de um final próximo. E triste.
Bem pode José Sócrates aplicar-se nesta sua nova versão, humilde e toda virada para as políticas sociais, prometendo a cada dia novas bolsas de estudo, subsídios, estágios, pequenos apoios a quase tudo e a quase todos – como quem distribui afincadamente pensos rápidos à porta de um hospital. A credibilidade já não é muita. E a descrença alastra.
Se no PS grassa a desmotivação, no PSD vive-se a falta de motivação. Manuela Ferreira Leite não apresenta uma ideia, só fala pela negativa, para se mostrar escandalizada com «a falta de vergonha» do líder do PS e, ainda por cima, «não fala bem, enreda-se, tropeça» nas ideias e nas palavras, como explica em tom desculpabilizador Pacheco Pereira. O caso é sério: «A senhora, muitas vezes, expressa-se mal. E, quando quer corrigir, ainda pior», acrescenta Pacheco. Para retirar a conclusão extraordinária de que o que diz Manuela Ferreira Leite «não se pode reduzir a uma interpretação à letra das suas declarações». Veremos o que vai dizer em Chão de Lagoa, ao lado de Jardim. Se é para levar à letra. Ou não. Nunca se sabe.
«SOL» de 24 de Julho de 2009
A NECESSIDADE DE HELENA ROSETA deixar claro, reiterar e voltar a esclarecer que estabeleceu um «compromisso de honra de não assumir o lugar de António Costa, no caso de este sair da presidência da Câmara de Lisboa», mostra bem o ambiente de desconfiança e de fim de ciclo que se respira nos meios socialistas quanto às eleições de 27 de Setembro. E o futuro breve e pouco risonho que, em muito PS, se augura à liderança de José Sócrates. A discussão pública da eventual saída de Costa para líder do PS, lá para Outubro/Novembro, acaba por se converter numa «desconsideração» a Sócrates, como logo observou Santana Lopes, com a sua apurada percepção política (que, curiosamente, nunca funciona quando se trata de a aplicar à sua pessoa e àqueles que habitualmente o rodeiam – o que ajuda a explicar o acidentado e rocambolesco percurso de Santana).
Mas a verdade é que os deprimentes 26,6% nestas eleições europeias tiveram, no interior do PS, um efeito semelhante ao que a derrota nas autárquicas de 2001 provocou no Governo e na quase maioria socialista de António Guterres: o do anúncio antecipado de um final próximo. E triste.
Bem pode José Sócrates aplicar-se nesta sua nova versão, humilde e toda virada para as políticas sociais, prometendo a cada dia novas bolsas de estudo, subsídios, estágios, pequenos apoios a quase tudo e a quase todos – como quem distribui afincadamente pensos rápidos à porta de um hospital. A credibilidade já não é muita. E a descrença alastra.
Se no PS grassa a desmotivação, no PSD vive-se a falta de motivação. Manuela Ferreira Leite não apresenta uma ideia, só fala pela negativa, para se mostrar escandalizada com «a falta de vergonha» do líder do PS e, ainda por cima, «não fala bem, enreda-se, tropeça» nas ideias e nas palavras, como explica em tom desculpabilizador Pacheco Pereira. O caso é sério: «A senhora, muitas vezes, expressa-se mal. E, quando quer corrigir, ainda pior», acrescenta Pacheco. Para retirar a conclusão extraordinária de que o que diz Manuela Ferreira Leite «não se pode reduzir a uma interpretação à letra das suas declarações». Veremos o que vai dizer em Chão de Lagoa, ao lado de Jardim. Se é para levar à letra. Ou não. Nunca se sabe.
«SOL» de 24 de Julho de 2009