Por Maria Filomena Mónica
O PRIMEIRO-MINISTRO continua a distribuir computadores, julgando que com tal gesto irá melhorar a qualidade das escolas, mas os laptops são como os lápis, ou seja, meros instrumentos. Antes de lhe passar a coisa para as mãos, convinha que alguém ensinasse os meninos a pensar. Há dias, em Abrantes, referindo-se ao dinheiro do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), o engº Sócrates declarou significarem os fundos europeus uma oportunidade para, nos próximos sete anos, se «alavancar (sic) a economia portuguesa». Balelas!
Ao mesmo tempo, a OCDE afirmava que o Estado português não podia investir mais no ensino superior. Vinda de uma organização invariavelmente pronta a defender um aumento de despesa no sector, a frase surpreende. Durante anos, os políticos apregoaram que mais educação significaria mais desenvolvimento. Era uma opinião partilhada, desde o século XVIII, pelos cérebros «iluminados» e pelas camadas da população que haviam cedido diante da propaganda anunciando que quanto mais licenciados existissem mais depressa Portugal ultrapassaria a Finlândia (no século XIX era a Noruega).
Que vemos nós? A economia estagna e um número crescente de doutorados está no desemprego. A pergunta é inevitável: se temos gente altamente qualificada por que não sobe o país até ao panteão dos ricos? Por uma razão: os políticos enganaram-se, ou pior, mentiram-nos. Há décadas que se sabe que a correlação desenvolvimento-educação não é elevada e que, mesmo que o fosse, nada diz sobre a causalidade. Para quem desejar perceber o que se passa, aconselho a leitura do livro de Alison Wolf, Does Education Matter?: Myths about Education and Economic Growth (2002).
Uma coisa é a retórica dos políticos, outra a realidade. Em Portugal, no mundo dos call centers (onde o pagamento à hora é, em média, de 2,5 euros), 35% dos 7.500 operadores têm um curso superior. O desenvolvimento económico depende de muitas coisas: a educação não é a decisiva. Em suma, é bom que existam escolas de qualidade, mas não pelos motivos invocados.
O PRIMEIRO-MINISTRO continua a distribuir computadores, julgando que com tal gesto irá melhorar a qualidade das escolas, mas os laptops são como os lápis, ou seja, meros instrumentos. Antes de lhe passar a coisa para as mãos, convinha que alguém ensinasse os meninos a pensar. Há dias, em Abrantes, referindo-se ao dinheiro do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), o engº Sócrates declarou significarem os fundos europeus uma oportunidade para, nos próximos sete anos, se «alavancar (sic) a economia portuguesa». Balelas!
Ao mesmo tempo, a OCDE afirmava que o Estado português não podia investir mais no ensino superior. Vinda de uma organização invariavelmente pronta a defender um aumento de despesa no sector, a frase surpreende. Durante anos, os políticos apregoaram que mais educação significaria mais desenvolvimento. Era uma opinião partilhada, desde o século XVIII, pelos cérebros «iluminados» e pelas camadas da população que haviam cedido diante da propaganda anunciando que quanto mais licenciados existissem mais depressa Portugal ultrapassaria a Finlândia (no século XIX era a Noruega).
Que vemos nós? A economia estagna e um número crescente de doutorados está no desemprego. A pergunta é inevitável: se temos gente altamente qualificada por que não sobe o país até ao panteão dos ricos? Por uma razão: os políticos enganaram-se, ou pior, mentiram-nos. Há décadas que se sabe que a correlação desenvolvimento-educação não é elevada e que, mesmo que o fosse, nada diz sobre a causalidade. Para quem desejar perceber o que se passa, aconselho a leitura do livro de Alison Wolf, Does Education Matter?: Myths about Education and Economic Growth (2002).
Uma coisa é a retórica dos políticos, outra a realidade. Em Portugal, no mundo dos call centers (onde o pagamento à hora é, em média, de 2,5 euros), 35% dos 7.500 operadores têm um curso superior. O desenvolvimento económico depende de muitas coisas: a educação não é a decisiva. Em suma, é bom que existam escolas de qualidade, mas não pelos motivos invocados.
Abril 2008