Por Antunes Ferreira
VIVEMOS ESTES DIAS num País à espera de apanhar a gripe. A modelo A, está bem de ver, que antes se chamou mexicana e porcina. A vulgar, a que se trata com a trilogia dos AAA, não é, por mais que se verifique o contra-senso, não é só de um único A. Explico-me. A trindade que alguns até podem considerar santíssima pelos efeitos curativos verdadeiramente milagrosos, é a tradicional receita: Abafe-se. Abife-se. Avinhe-se. Muito melhor do que um qualquer comezinho Tamiflu. Incomparavelmente.
Entre nós, se há prática retintamente indígena, ela é a má-língua, as mais das vezes acolitada pela coscuvilhice e pela inveja. De tão pequeninos que somos, e normalmente habituados ao final da tabela, esse diletântico procedimento avoluma-se e atinge dimensões que à partida seriam inimagináveis. Dizer mal a torto e a direito dá-nos, aos Portugas, um consolo acentuado. Nisso – não somos os últimos, nem mesmo dos últimos.
Donde, a expectativa da pandemia não parece ser suficiente motivo de precauções, somente de umas quantas preocupações. Algumas delas posso enumerá-las sem receio de falhar muitas. Mas, a anteriori, uma primeira indignação. Lamentavelmente, a gripe A não começou em Portugal, por isso não se pode culpar o Poder por tal ter acontecido. Mas, cuidado. Há toda a legitimidade no apontar-lhe o dedo acusador por não ter conseguido que assim tivesse… acontecido.
Deixar fugir uma tal oportunidade de visibilidade internacional foi profundamente lamentável. Permitir que o início da endemia se tivesse verificado no México – foi, no mínimo, desleixo reprovável do Executivo de São Bento. Nisto, não pode haver meias-tintas. Ou somos capazes de o fazer, ou não somos. No caso vertente – não fomos. Por incompetência? Por inépcia? Por inércia? Certo é que não fomos. Consolamo-nos com a indignação face à impotência governativa. Valha-nos isso. Isso e a apresentação do Cristiano Ronaldo no Santiago Bernabéu.
Daí que decorram de tal incapacidade sequelas que se vão acumulando em sequência imparável. Não temos vacinas para prevenir a doença. Não temos, está tudo dito, o Ministério que nos devia tratar da saúde - não trata. Diz-se por aí à boca pequena que tal vacina ainda não existe neste infectado Mundo ou, se a há, ainda não foi aprovada, nem mesmo nos Estados Unidos. Estranho. Estranhíssimo. Em tal circunstância tem de se questionar de novo o Executivo: por que bulas não a descobriram, desenvolveram e testaram oportunamente? Mais uma demonstração da carência quase total da investigação científica entre nós.
E os contágios? E os locais onde os nossos compatriotas a têm conseguido apanhar? E as transmissões laterais, que o mesmo é dizer, locais? Falta uma vez mais uma atitude firme do Governo. Um decreto-lei já devia ter sido oportuna e previdentemente produzido, através do qual seria proibida a famigerada A. Ou, pelo menos, a sua transmissão. Hoje já somos 71; amanhã seremos milhões. Sem pílula que nos valha. Com um articulado preciso mas suficientemente amplo para permitir as mais diversas e antagónicas interpretações; mas com penas estipuladas com força dissuasora suficiente. E democrática, obviamente.
Haverá meios de prevenção e combate para 30 % da população, diz a ministra. O que é isso, 30 %? Peanuts. Neste País do faz-de-conta, os números deveriam ultrapassar os 130 %, no mínimo. E a matemática? Quero lá saber dessa malfadada questão que todos os anos serve para amesquinhar os examinandos com os péssimos resultados das raízes quadradas, das equações, dos algoritmos, das tangentes e dos cálculos de probabilidades. Na mouche: 130 %.
Fosse outro o Poder e também outro galo cantaria. Assim, na constância da nossa apagada e vil tristeza, estamos a sofrer a ignominiosa quarentena lançada sobre a fragata Bartolomeu Dias. Falha gravíssima do Ministério da Defesa. Então a bordo de um navio da Armada Portuguesa permite-se um tripulante com a gripe A? Despautério perfeito, inexistência de medidas disciplinares, é o que é. E o bom nome de Portugal?
Por estas e por outras, não admira que sejamos um País uma vez mais à espera. Desta feita da gripe A. Isto enquanto não vierem a B, a C e sabe-se lá quantas mais. O alfabeto tem uma porrada de letras.
VIVEMOS ESTES DIAS num País à espera de apanhar a gripe. A modelo A, está bem de ver, que antes se chamou mexicana e porcina. A vulgar, a que se trata com a trilogia dos AAA, não é, por mais que se verifique o contra-senso, não é só de um único A. Explico-me. A trindade que alguns até podem considerar santíssima pelos efeitos curativos verdadeiramente milagrosos, é a tradicional receita: Abafe-se. Abife-se. Avinhe-se. Muito melhor do que um qualquer comezinho Tamiflu. Incomparavelmente.
Entre nós, se há prática retintamente indígena, ela é a má-língua, as mais das vezes acolitada pela coscuvilhice e pela inveja. De tão pequeninos que somos, e normalmente habituados ao final da tabela, esse diletântico procedimento avoluma-se e atinge dimensões que à partida seriam inimagináveis. Dizer mal a torto e a direito dá-nos, aos Portugas, um consolo acentuado. Nisso – não somos os últimos, nem mesmo dos últimos.
Donde, a expectativa da pandemia não parece ser suficiente motivo de precauções, somente de umas quantas preocupações. Algumas delas posso enumerá-las sem receio de falhar muitas. Mas, a anteriori, uma primeira indignação. Lamentavelmente, a gripe A não começou em Portugal, por isso não se pode culpar o Poder por tal ter acontecido. Mas, cuidado. Há toda a legitimidade no apontar-lhe o dedo acusador por não ter conseguido que assim tivesse… acontecido.
Deixar fugir uma tal oportunidade de visibilidade internacional foi profundamente lamentável. Permitir que o início da endemia se tivesse verificado no México – foi, no mínimo, desleixo reprovável do Executivo de São Bento. Nisto, não pode haver meias-tintas. Ou somos capazes de o fazer, ou não somos. No caso vertente – não fomos. Por incompetência? Por inépcia? Por inércia? Certo é que não fomos. Consolamo-nos com a indignação face à impotência governativa. Valha-nos isso. Isso e a apresentação do Cristiano Ronaldo no Santiago Bernabéu.
Daí que decorram de tal incapacidade sequelas que se vão acumulando em sequência imparável. Não temos vacinas para prevenir a doença. Não temos, está tudo dito, o Ministério que nos devia tratar da saúde - não trata. Diz-se por aí à boca pequena que tal vacina ainda não existe neste infectado Mundo ou, se a há, ainda não foi aprovada, nem mesmo nos Estados Unidos. Estranho. Estranhíssimo. Em tal circunstância tem de se questionar de novo o Executivo: por que bulas não a descobriram, desenvolveram e testaram oportunamente? Mais uma demonstração da carência quase total da investigação científica entre nós.
E os contágios? E os locais onde os nossos compatriotas a têm conseguido apanhar? E as transmissões laterais, que o mesmo é dizer, locais? Falta uma vez mais uma atitude firme do Governo. Um decreto-lei já devia ter sido oportuna e previdentemente produzido, através do qual seria proibida a famigerada A. Ou, pelo menos, a sua transmissão. Hoje já somos 71; amanhã seremos milhões. Sem pílula que nos valha. Com um articulado preciso mas suficientemente amplo para permitir as mais diversas e antagónicas interpretações; mas com penas estipuladas com força dissuasora suficiente. E democrática, obviamente.
Haverá meios de prevenção e combate para 30 % da população, diz a ministra. O que é isso, 30 %? Peanuts. Neste País do faz-de-conta, os números deveriam ultrapassar os 130 %, no mínimo. E a matemática? Quero lá saber dessa malfadada questão que todos os anos serve para amesquinhar os examinandos com os péssimos resultados das raízes quadradas, das equações, dos algoritmos, das tangentes e dos cálculos de probabilidades. Na mouche: 130 %.
Fosse outro o Poder e também outro galo cantaria. Assim, na constância da nossa apagada e vil tristeza, estamos a sofrer a ignominiosa quarentena lançada sobre a fragata Bartolomeu Dias. Falha gravíssima do Ministério da Defesa. Então a bordo de um navio da Armada Portuguesa permite-se um tripulante com a gripe A? Despautério perfeito, inexistência de medidas disciplinares, é o que é. E o bom nome de Portugal?
Por estas e por outras, não admira que sejamos um País uma vez mais à espera. Desta feita da gripe A. Isto enquanto não vierem a B, a C e sabe-se lá quantas mais. O alfabeto tem uma porrada de letras.
2 comentários:
Desta feita, esteve bem, sim senhor!
Caro Mg,
Distraí-me, e não bloqueei os comentários nesta "extensão" do texto.
Se não se importa, volte a afixar o seu, mas no 'Sorumbático-propriamente-dito', para que seja reencaminhado para o autor.
Abraço
CMR
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