Por Maria Filomena Mónica
DANIEL LUÍS É ASSISTENTE de Sociologia na Universidade do Minho. Desde há anos que tem um blogue, «Dissidências», onde coloca brincadeiras satíricas, incluindo textos e vídeos. Há dias [Mar 2008], o director do seu departamento, Carlos Estêvão, declarou que o conteúdo do blogue – onde se brincava com a política, a religião e o desporto – era desprestigiante e que, por isso, aquele deveria acabar. O docente acabou por ceder ou, antes, por semi-ceder: continuaria a escrever, mas deixaria de pôr no ar os vídeos, uma vez que os colegas consideravam que «a sua linguagem, imagens e tom jocoso e desrespeitoso» eram atentatórios da dignidade da instituição.
Vale a pena salientar dois aspectos: o primeiro diz respeito ao facto de o docente ser contratado a prazo, ou seja, sem base material para se revoltar contra os superiores; o segundo, que o blogue não se debruçava sobre a Universidade, mas sobre temas gerais. Há uns meses, a London School of Economics censurou um docente que nas horas vagas se entretinha, através de um blogue, a denegrir a instituição, declarando que ninguém ali se deveria matricular, visto os professores serem uma cambada de tontos. Neste caso, percebo a indignação dos responsáveis. Mas não foi isto que se passou na Universidade do Minho, a qual, pura e simplesmente, se arrogou o direito de exercer censura. Apesar de o negar, é disto que se trata: o Dr. Carlos Estevão chamou à pedra alguém que nada mais fazia do que escrever sobre os traços sociais que lhe pareciam ridículos.
Por muitos serem anónimos, devo dizer que não vejo blogues – um dia até disse que os considerava o equivalente das frases apostas nos urinóis dos postos de gasolina – que não conheço o docente e que nada me move contra esta Universidade. Mas o gesto simboliza o clima que parece estar a instalar-se nas escolas portuguesas. É por odiar o velho princípio do «respeitinho» que, independentemente da qualidade do seu blogue, apoio Daniel Luís.
Março de 2008
DANIEL LUÍS É ASSISTENTE de Sociologia na Universidade do Minho. Desde há anos que tem um blogue, «Dissidências», onde coloca brincadeiras satíricas, incluindo textos e vídeos. Há dias [Mar 2008], o director do seu departamento, Carlos Estêvão, declarou que o conteúdo do blogue – onde se brincava com a política, a religião e o desporto – era desprestigiante e que, por isso, aquele deveria acabar. O docente acabou por ceder ou, antes, por semi-ceder: continuaria a escrever, mas deixaria de pôr no ar os vídeos, uma vez que os colegas consideravam que «a sua linguagem, imagens e tom jocoso e desrespeitoso» eram atentatórios da dignidade da instituição.
Vale a pena salientar dois aspectos: o primeiro diz respeito ao facto de o docente ser contratado a prazo, ou seja, sem base material para se revoltar contra os superiores; o segundo, que o blogue não se debruçava sobre a Universidade, mas sobre temas gerais. Há uns meses, a London School of Economics censurou um docente que nas horas vagas se entretinha, através de um blogue, a denegrir a instituição, declarando que ninguém ali se deveria matricular, visto os professores serem uma cambada de tontos. Neste caso, percebo a indignação dos responsáveis. Mas não foi isto que se passou na Universidade do Minho, a qual, pura e simplesmente, se arrogou o direito de exercer censura. Apesar de o negar, é disto que se trata: o Dr. Carlos Estevão chamou à pedra alguém que nada mais fazia do que escrever sobre os traços sociais que lhe pareciam ridículos.
Por muitos serem anónimos, devo dizer que não vejo blogues – um dia até disse que os considerava o equivalente das frases apostas nos urinóis dos postos de gasolina – que não conheço o docente e que nada me move contra esta Universidade. Mas o gesto simboliza o clima que parece estar a instalar-se nas escolas portuguesas. É por odiar o velho princípio do «respeitinho» que, independentemente da qualidade do seu blogue, apoio Daniel Luís.
Março de 2008