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Por João Paulo Guerra
O GOVERNO JÁ APRESENTOU queixas em Belém: “Deixem-nos governar”, um apelo ao qual o inquilino de Belém foi em tempos muito sensível. E as queixas do Governo confirmam as suspeitas de quantos alvitravam que este Governo não se conformaria com a modalidade de governar sem maioria absoluta. E que a palavra “diálogo” repetida até à saciedade no arranque da legislatura era simplesmente um slogan.
Porque a verdade é que o Governo não tem só razões de queixa das oposições. Quem é que salvou o Governo de ter que suspender a avaliação dos professores, o que seria uma verdadeira humilhação? Quem é que vai deixar passar o Orçamento rectificativo? Quem é que ajudou o Governo a tramar a reforma de 84 mil trabalhadores com 40 anos de trabalho e descontos para a Segurança Social? Quem é que poderá salvar o negócio dos contentores?
Agora, o Governo não pode querer tudo, porque o eleitorado não lhe deu tudo. Farto de quatro anos de poder com maioria absoluta, o eleitorado só deu uma maioria relativa ao PS. De maneira que o Governo tem que engolir as coligações negativas e as comissões de inquérito, os chumbos e as aprovações, sem puxar logo do arsenal de acusações de “irresponsabilidade” e de clamar “aqui d’el rei que nos estão a tramar a governabilidade”. Tudo isso faz parte das regras do jogo democrático, tão aplaudido para uns efeitos e tão vilipendiado para outros.
É com a relatividade da maioria que este PS não se entende, a pontos de pedir socorro a Belém. E o drama do PS é que a terrível arma das eleições antecipadas poderia revelar-se uma mera pistola de fulminantes.
Por João Paulo Guerra
O Governo do PS está a entrar num processo de mimetismo em relação a Cavaco Silva. Já fala em “forças de bloqueio” e até já pede que o deixem governar.
O GOVERNO JÁ APRESENTOU queixas em Belém: “Deixem-nos governar”, um apelo ao qual o inquilino de Belém foi em tempos muito sensível. E as queixas do Governo confirmam as suspeitas de quantos alvitravam que este Governo não se conformaria com a modalidade de governar sem maioria absoluta. E que a palavra “diálogo” repetida até à saciedade no arranque da legislatura era simplesmente um slogan.
Porque a verdade é que o Governo não tem só razões de queixa das oposições. Quem é que salvou o Governo de ter que suspender a avaliação dos professores, o que seria uma verdadeira humilhação? Quem é que vai deixar passar o Orçamento rectificativo? Quem é que ajudou o Governo a tramar a reforma de 84 mil trabalhadores com 40 anos de trabalho e descontos para a Segurança Social? Quem é que poderá salvar o negócio dos contentores?
Agora, o Governo não pode querer tudo, porque o eleitorado não lhe deu tudo. Farto de quatro anos de poder com maioria absoluta, o eleitorado só deu uma maioria relativa ao PS. De maneira que o Governo tem que engolir as coligações negativas e as comissões de inquérito, os chumbos e as aprovações, sem puxar logo do arsenal de acusações de “irresponsabilidade” e de clamar “aqui d’el rei que nos estão a tramar a governabilidade”. Tudo isso faz parte das regras do jogo democrático, tão aplaudido para uns efeitos e tão vilipendiado para outros.
É com a relatividade da maioria que este PS não se entende, a pontos de pedir socorro a Belém. E o drama do PS é que a terrível arma das eleições antecipadas poderia revelar-se uma mera pistola de fulminantes.
«DE» de 10 Dezembro 09