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Por José António Lima
O MINISTRO Luís Amado apareceu a pedir um Governo «de coligação já», sem o qual o país correria o risco de ter de sair do euro. Paulo Portas voltou a insistir na formação de um Executivo «PS-PSD-CDS» de salvação nacional, sem a dispensável presença de José Sócrates.
E várias foram as figuras políticas que surgiram a secundar tão instantes apelos a um Bloco Central mais ou menos alargado. São pedidos que, todavia, esbarram logo à partida numa impossibilidade e numa inutilidade.
A impossibilidade é eminentemente política. Nem o PSD está disposto a qualquer coligação em posição subalterna antes das eleições, porque tem a noção de ser já neste momento, e de continuar a ser em 2011, o maior partido em termos eleitorais, de acordo com todas as sondagens.
Nem Sócrates tem a natureza de se automarginalizar e assumir que expirou o seu prazo de validade, mesmo que a pedido de várias famílias. Nem o PS tem condições para fazer Sócrates sair de cena antes de uma derrota eleitoral (inevitável, mas que o aparelho e a clientela socialistas esperam adiar o mais possível). E, já agora, nem o CDS será forçosamente imprescindível numa hipotética solução de entendimento alargado.
Ou seja, é absolutamente inviável qualquer cenário de Governo de salvação nacional antes de umas clarificadoras legislativas antecipadas definirem o novo quadro político-eleitoral. E de se saber se o PSD terá, ou não, condições para governar em maioria. Até lá, basta que o actual Governo saiba levar à prática o Orçamento que o PSD se prestou a viabilizar. E que saiba assumir as consequências desse Orçamento.
A inutilidade é a de um Governo de Bloco Central - além de ser democraticamente esterilizador, por esgotar e anular as soluções de alternância política ao seu eventual insucesso - não ter condições para executar um programa de emergência nacional e de ruptura com o despesismo e o gigantismo da máquina do Estado. Nenhum líder do PS, ainda para mais recém-eleito num partido saído de uma derrota nas urnas, daria o seu aval a tal programa de Governo.
Bem pode, pois, Luís Amado forçar a sua demissão a curto prazo. Bem pode Paulo Portas continuar a pôr-se em bicos de pés. Não será o Governo de salvação nacional que os irá salvar.
.Por José António Lima
O MINISTRO Luís Amado apareceu a pedir um Governo «de coligação já», sem o qual o país correria o risco de ter de sair do euro. Paulo Portas voltou a insistir na formação de um Executivo «PS-PSD-CDS» de salvação nacional, sem a dispensável presença de José Sócrates.
E várias foram as figuras políticas que surgiram a secundar tão instantes apelos a um Bloco Central mais ou menos alargado. São pedidos que, todavia, esbarram logo à partida numa impossibilidade e numa inutilidade.
A impossibilidade é eminentemente política. Nem o PSD está disposto a qualquer coligação em posição subalterna antes das eleições, porque tem a noção de ser já neste momento, e de continuar a ser em 2011, o maior partido em termos eleitorais, de acordo com todas as sondagens.
Nem Sócrates tem a natureza de se automarginalizar e assumir que expirou o seu prazo de validade, mesmo que a pedido de várias famílias. Nem o PS tem condições para fazer Sócrates sair de cena antes de uma derrota eleitoral (inevitável, mas que o aparelho e a clientela socialistas esperam adiar o mais possível). E, já agora, nem o CDS será forçosamente imprescindível numa hipotética solução de entendimento alargado.
Ou seja, é absolutamente inviável qualquer cenário de Governo de salvação nacional antes de umas clarificadoras legislativas antecipadas definirem o novo quadro político-eleitoral. E de se saber se o PSD terá, ou não, condições para governar em maioria. Até lá, basta que o actual Governo saiba levar à prática o Orçamento que o PSD se prestou a viabilizar. E que saiba assumir as consequências desse Orçamento.
A inutilidade é a de um Governo de Bloco Central - além de ser democraticamente esterilizador, por esgotar e anular as soluções de alternância política ao seu eventual insucesso - não ter condições para executar um programa de emergência nacional e de ruptura com o despesismo e o gigantismo da máquina do Estado. Nenhum líder do PS, ainda para mais recém-eleito num partido saído de uma derrota nas urnas, daria o seu aval a tal programa de Governo.
Bem pode, pois, Luís Amado forçar a sua demissão a curto prazo. Bem pode Paulo Portas continuar a pôr-se em bicos de pés. Não será o Governo de salvação nacional que os irá salvar.
«SOL» de 19 Nov 10