Por Antunes Ferreira
NA ÁFRICA DO SUL, Portugal defronta a Espanha na terça-feira, 29. Em Lisboa, Portugal defronta a Espanha no dia seguinte, ou seja a 20. Como assim? Parece um paradoxo, mas não é. O que une os dois acontecimentos é o confronto entre os dois países ibéricos. No restante, o caso fia muito mais fino.
Vamos por partes. Na primeira das datas as equipas de Portugal e da Espanha jogam nos oitavos de final da Mundial 2010, tendo por palco o estádio Green Point na Cidade do Cabo. Como dizia o anterior seleccionador nacional, o brasileiro Scolari, é um jogo do mata-mata. Quem ganhar passa aos quartos de final. O que quer dizer que o derrotado arruma as botas – e o restante equipamento – faz as malas e regressa ao lar–doce-lar.
De seguida, o embate verificar-se-á aqui na nossa capital durante a Assembleia-geral da Portugal Telecom. De um lado, alinhará Administração da PT e os accionistas que não querem vender, do outro a Telefonica de Espanha que quer comprar. O quê? Toda a gente que segue com alguma atenção este folhetim das telecomunicações sabe que o desacordo existe quanto à tentativa de Madrid de comprar a Participação de Lisboa na VIVO, uma operadora de sucesso no negócio de telefones móveis do Brasil, que ali são os celulares.
As coisas são o que são e singularmente a terra da Vera Cruz está indissoluvelmente ligada aos dois enfrentamentos. No primeiro, o escrete já tinha garantida a passagem à fase seguinte do Mundial. E jogava com Portugal. Registou-se um empate insosso sem golos marcados e, assim, os lusos qualificaram-se também. Com declarações finais do seleccionador Dunga, um tanto exaltado, acusando os tugas de terem entrado em campo para não pretenderem ganhar, só empatar.
Pelo seu lado, Carlos Queiroz vituperou os brasucas pelas entradas violentas para intimidar os jogadores de uniforme vermelho e verde. Por trás dessas declarações conflituosas, a principal razão era que ambos não queriam defrontar os homens de Vicente del Bosque, campeões europeus em título. Caiu-nos em sorte, por mor dos regulamentos, que as duas selecções ibéricas vão mesmo ter de se matar uma à outra. Fatal, como o destino. E só uma passará.
Voltemo-nos para o embate do dia seguinte. Até hoje de madrugada, data em que escrevo esta crónica, os esforços da operadora espanhola parecem não ter o sucesso que a Telefonica pretendia. Os accionistas, que votarão contra o negócio, deverão fazê-lo na esperança de que os espanhóis ofereçam mais dinheiro pela tentativa de compra. E até Sócrates revelou ontem no Parlamento que já dera ordem à CDG e à Parpública para votarem contra.
Estes desaguisados são, pelo menos, um atentado contra a Jangada de Pedra do Saramago que acabou de falecer há dias. As relações económicas e principalmente as financeiras entre as duas entidades máximas das telecomunicações móveis de Portugal e da Espanha.
E também aqui não se poderá aceitar um hipotético empate, porque também se trata de outro mata-mata. Por certo muito mais grave do que o que decorre em território sul-africano. Os golpes mais ou menos sujos estão lançados. A CMVM diz que não pode intervir. A FIFA diz o mesmo.
Desde que Portugal se tornou independente que isto tem sido calino. Em muitas matérias. Mas em Futebol e Finanças, simultaneamente, é caso raro. Raríssimo. Para mim – único.
NA ÁFRICA DO SUL, Portugal defronta a Espanha na terça-feira, 29. Em Lisboa, Portugal defronta a Espanha no dia seguinte, ou seja a 20. Como assim? Parece um paradoxo, mas não é. O que une os dois acontecimentos é o confronto entre os dois países ibéricos. No restante, o caso fia muito mais fino.
Vamos por partes. Na primeira das datas as equipas de Portugal e da Espanha jogam nos oitavos de final da Mundial 2010, tendo por palco o estádio Green Point na Cidade do Cabo. Como dizia o anterior seleccionador nacional, o brasileiro Scolari, é um jogo do mata-mata. Quem ganhar passa aos quartos de final. O que quer dizer que o derrotado arruma as botas – e o restante equipamento – faz as malas e regressa ao lar–doce-lar.
De seguida, o embate verificar-se-á aqui na nossa capital durante a Assembleia-geral da Portugal Telecom. De um lado, alinhará Administração da PT e os accionistas que não querem vender, do outro a Telefonica de Espanha que quer comprar. O quê? Toda a gente que segue com alguma atenção este folhetim das telecomunicações sabe que o desacordo existe quanto à tentativa de Madrid de comprar a Participação de Lisboa na VIVO, uma operadora de sucesso no negócio de telefones móveis do Brasil, que ali são os celulares.
As coisas são o que são e singularmente a terra da Vera Cruz está indissoluvelmente ligada aos dois enfrentamentos. No primeiro, o escrete já tinha garantida a passagem à fase seguinte do Mundial. E jogava com Portugal. Registou-se um empate insosso sem golos marcados e, assim, os lusos qualificaram-se também. Com declarações finais do seleccionador Dunga, um tanto exaltado, acusando os tugas de terem entrado em campo para não pretenderem ganhar, só empatar.
Pelo seu lado, Carlos Queiroz vituperou os brasucas pelas entradas violentas para intimidar os jogadores de uniforme vermelho e verde. Por trás dessas declarações conflituosas, a principal razão era que ambos não queriam defrontar os homens de Vicente del Bosque, campeões europeus em título. Caiu-nos em sorte, por mor dos regulamentos, que as duas selecções ibéricas vão mesmo ter de se matar uma à outra. Fatal, como o destino. E só uma passará.
Voltemo-nos para o embate do dia seguinte. Até hoje de madrugada, data em que escrevo esta crónica, os esforços da operadora espanhola parecem não ter o sucesso que a Telefonica pretendia. Os accionistas, que votarão contra o negócio, deverão fazê-lo na esperança de que os espanhóis ofereçam mais dinheiro pela tentativa de compra. E até Sócrates revelou ontem no Parlamento que já dera ordem à CDG e à Parpública para votarem contra.
Estes desaguisados são, pelo menos, um atentado contra a Jangada de Pedra do Saramago que acabou de falecer há dias. As relações económicas e principalmente as financeiras entre as duas entidades máximas das telecomunicações móveis de Portugal e da Espanha.
E também aqui não se poderá aceitar um hipotético empate, porque também se trata de outro mata-mata. Por certo muito mais grave do que o que decorre em território sul-africano. Os golpes mais ou menos sujos estão lançados. A CMVM diz que não pode intervir. A FIFA diz o mesmo.
Desde que Portugal se tornou independente que isto tem sido calino. Em muitas matérias. Mas em Futebol e Finanças, simultaneamente, é caso raro. Raríssimo. Para mim – único.