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Por João Paulo Guerra
NÃO HÁ RAZÃO para criticar o prof. Cavaco Silva por não ter estado presente no funeral do único Prémio Nobel da literatura portuguesa.
Nada mais falso que unanimidades de fachada e o chefe de Estado limitou-se a reafirmar, pela ausência, que não faz parte daquele mundo e que não se sente presidente de todas as manifestações da sociedade que engrandecem os portugueses. Aliás foi sob a chefia de Governo exercida por Cavaco Silva que um romance de Saramago foi censurado da lista dos candidatos portugueses ao Prémio Literário Europeu e ninguém poderá crer que uma decisão de tal responsabilidade tenha pertencido a um obscuro subsecretário de Estado cujo nome já ninguém recorda, ou a um secretário de Estado mais lembrado pelos pontapés na cultura que por outra coisa qualquer.
De igual modo a ausência do líder do PSD teve como objectivo afirmar o retorno a uma linha do partido avessa às coisas do intelecto e da cultura, pouco sofisticada, mais dada à leitura de relatórios que de livros, para usar uma feliz expressão de Mário Soares. Cabe mais uma vez a José Pacheco Pereira proclamar e confirmar que no PSD também há quem vá à ópera, a concertos, ao teatro e quem leia livros. Alguns outros figurantes da cena político-mediática fizeram questão de anunciar as respectivas ausências não fossem as mesmas passarem por completo despercebidas.
Restam os presentes, milhares de pessoas simples que anonimamente foram sublinhar a importância da cultura, das letras e o papel de um grande criador, amigos e admiradores sinceros, ou pessoas que simplesmente reconhecem a dimensão universal do falecido, como gente que foi pôr-se em bicos dos pés tentando colar-se à notoriedade de um imortal.
Têm razão todos aqueles que desconfiam das homenagens.
.Por João Paulo Guerra
NÃO HÁ RAZÃO para criticar o prof. Cavaco Silva por não ter estado presente no funeral do único Prémio Nobel da literatura portuguesa.
Nada mais falso que unanimidades de fachada e o chefe de Estado limitou-se a reafirmar, pela ausência, que não faz parte daquele mundo e que não se sente presidente de todas as manifestações da sociedade que engrandecem os portugueses. Aliás foi sob a chefia de Governo exercida por Cavaco Silva que um romance de Saramago foi censurado da lista dos candidatos portugueses ao Prémio Literário Europeu e ninguém poderá crer que uma decisão de tal responsabilidade tenha pertencido a um obscuro subsecretário de Estado cujo nome já ninguém recorda, ou a um secretário de Estado mais lembrado pelos pontapés na cultura que por outra coisa qualquer.
De igual modo a ausência do líder do PSD teve como objectivo afirmar o retorno a uma linha do partido avessa às coisas do intelecto e da cultura, pouco sofisticada, mais dada à leitura de relatórios que de livros, para usar uma feliz expressão de Mário Soares. Cabe mais uma vez a José Pacheco Pereira proclamar e confirmar que no PSD também há quem vá à ópera, a concertos, ao teatro e quem leia livros. Alguns outros figurantes da cena político-mediática fizeram questão de anunciar as respectivas ausências não fossem as mesmas passarem por completo despercebidas.
Restam os presentes, milhares de pessoas simples que anonimamente foram sublinhar a importância da cultura, das letras e o papel de um grande criador, amigos e admiradores sinceros, ou pessoas que simplesmente reconhecem a dimensão universal do falecido, como gente que foi pôr-se em bicos dos pés tentando colar-se à notoriedade de um imortal.
Têm razão todos aqueles que desconfiam das homenagens.
«DE» de 22 Jun 10