sexta-feira, 4 de junho de 2010

Escolas

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Por João Paulo Guerra

O GOVERNO socialista aproxima-se da sua própria expectativa: na anterior legislatura fechou 2500 escolas, agora prepara-se para fechar mais 900.

Dizem os jornais que essa é a "expectativa" do Governo. Fechar escolas transformou-se, desde os anos 80 com os governos de Cavaco Silva, num grande desiderato, um superior objectivo da acção governativa.

Em tempos, e à falta de um pensamento político próprio, original, os políticos portugueses diziam inspirar-se no modelo da Finlândia. Acontece que a Finlândia, posta perante uma crise, cortou em tudo e fez sacrifícios mas para aumentar os investimentos na educação e na formação tecnológica. Saiu da crise e hoje tem 75 por cento da população com o 12º ano, 32 por cento com formação universitária e a sociedade da informação mais avançada do mundo, dedica 3 por cento do PIB a investimentos em educação e dispõe de 25 universidades, todas públicas.

O Diário Económico explicava anteontem que é a situação económica que comanda a decisão de fechar 900 escolas. Mas o Governo e os seus arautos proclamam que os objectivos do fecho de escolas são educativos. O Governo diz que fecha escolas para combater o insucesso escolar. E pelo andamento que o fecho de escolas tem seguido nas últimas décadas, Portugal estará aqui estará perto do modelo da escolarização salazarista de um país que alcançou o vergonhoso lugar de campeão do analfabetismo. Quando deixar o Ministério da Educação, a ministra Isabel Alçada pode continuar a colecção juvenil, Aventura, escrevendo "Uma aventura na escola...fechada": crianças a atravessarem montes e vales, ao frio e à chuva, evitando os acidentes naturais dos caminhos e fugindo dos lobos, para chegarem às raras escolas de um país desertificado e mais ignorante.
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