Por João Paulo Guerra
O CHEFE DE ESTADO produziu uma afirmação que fica bem a qualquer estadista e em qualquer discurso.
Disse que não é Bruxelas que decide a agenda de Lisboa. Acontece que pelo andamento da carruagem se vê que não é preciso Bruxelas decidir a agenda de Lisboa, uma vez que Lisboa decide segundo a agenda de Bruxelas.
Recapitulemos. O comissário europeu para os Assuntos Económicos, o liberal finlandês Olli Rehn, reincidiu nos seus remoques a Portugal e nos seus avisos aos portugueses em matéria de austeridade e direitos laborais. O comissário, escolhido pelo Dr. Durão Barroso, já tinha metido o bedelho no PEC, em Abril passado, reclamando a Portugal e aos portugueses "esforços adicionais" para reduzir o défice orçamental. E como ninguém em Portugal se mostrou melindrado, o finlandês reincidiu, dando agora um público puxão de orelhas ao governo de Lisboa pela alegada insuficiência das medidas de austeridade e a suposta brandura da legislação laboral portuguesa. Foi então que o chefe do Estado se fez ouvir para declarar que "nenhuma entidade exterior pode colocar matérias dessas na agenda portuguesa".
Muito bonito mas absolutamente inútil. Porque a pressão para endurecer a austeridade e agravar a legislação laboral em Portugal tem origem no próprio Governo português. Ou seja: o governo socialista de Portugal não precisa dos conselhos de nenhum liberal finlandês, nem mesmo de uma União Europeia dominada por uma direita fundamentalista, para meter a mão no bolso das classes média e média baixa portuguesas e reduzir mais os direitos laborais dos portugueses que ainda têm emprego.
O mundo está a mudar, sentenciou o primeiro-ministro. Mas a questão é que está a mudar para pior. E a crise veio mesmo a propósito e dá mesmo jeito.
.O CHEFE DE ESTADO produziu uma afirmação que fica bem a qualquer estadista e em qualquer discurso.
Disse que não é Bruxelas que decide a agenda de Lisboa. Acontece que pelo andamento da carruagem se vê que não é preciso Bruxelas decidir a agenda de Lisboa, uma vez que Lisboa decide segundo a agenda de Bruxelas.
Recapitulemos. O comissário europeu para os Assuntos Económicos, o liberal finlandês Olli Rehn, reincidiu nos seus remoques a Portugal e nos seus avisos aos portugueses em matéria de austeridade e direitos laborais. O comissário, escolhido pelo Dr. Durão Barroso, já tinha metido o bedelho no PEC, em Abril passado, reclamando a Portugal e aos portugueses "esforços adicionais" para reduzir o défice orçamental. E como ninguém em Portugal se mostrou melindrado, o finlandês reincidiu, dando agora um público puxão de orelhas ao governo de Lisboa pela alegada insuficiência das medidas de austeridade e a suposta brandura da legislação laboral portuguesa. Foi então que o chefe do Estado se fez ouvir para declarar que "nenhuma entidade exterior pode colocar matérias dessas na agenda portuguesa".
Muito bonito mas absolutamente inútil. Porque a pressão para endurecer a austeridade e agravar a legislação laboral em Portugal tem origem no próprio Governo português. Ou seja: o governo socialista de Portugal não precisa dos conselhos de nenhum liberal finlandês, nem mesmo de uma União Europeia dominada por uma direita fundamentalista, para meter a mão no bolso das classes média e média baixa portuguesas e reduzir mais os direitos laborais dos portugueses que ainda têm emprego.
O mundo está a mudar, sentenciou o primeiro-ministro. Mas a questão é que está a mudar para pior. E a crise veio mesmo a propósito e dá mesmo jeito.
«DE» de 11 Jun 10