quarta-feira, 23 de junho de 2010

Modelo

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Por João Paulo Guerra

A riqueza produzida e distribuída por cada português coloca o país como o 9º mais pobre da União Europeia.


Se a questão do PIB per capita se resolvesse aos pontapés na bola Portugal estaria certamente numa posição mais favorável e altamente eufórica do ‘ranking'. Mas a realidade é que, pelo terceiro ano consecutivo, o poder de compra dos portugueses permaneceu nos 78% da média da União Europeia, o que coloca Portugal atrás do Chipre e da Grécia, da Eslovénia e da República Checa, entre outros, e a milhas de países como o Luxemburgo, a Irlanda ou a Holanda, uma outra Europa, aqui ao lado e tão longe. Ou seja: Portugal não só não promoveu a aproximação aos índices europeus de poder de compra e nível de vida como estagnou nos últimos três anos no fundo da tabela, ultrapassado recentemente pela Grécia e por Malta. Um verdadeiro atraso de vida.

Dados como estes conferem uma desconfortável realidade: o contínuo atraso de Portugal no que diz respeito à produção e distribuição da riqueza e ao consequente bem-estar da população do país não tem a ver com esta ou aquela crise. Vem de trás e é resultado de uma política deliberada, cometida ao longo de décadas por diversos embora não muito diferentes governos, orientada para a produção de ricos em lugar da criação e distribuição da riqueza.

Governado em regime de alterne por socialistas ou social-democratas, o que na Europa quer dizer a mesma coisa, Portugal tem-se afundado numa crise social de acentuada e acelerada degradação das condições de vida da maioria da população, com ou sem crise, com empobrecimento de estratos da população decisivos para a dinamização da economia. Não é esse, no entanto, o modelo do país. Se é que o país tem algum modelo para além da mais retrógrada exploração.
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«DE» e 23 Jun 10

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