sábado, 28 de agosto de 2010

«Dito & Feito»

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Por José António Lima

AÍ ESTÁ o tradicional candidato às presidenciais do PCP, depois de, à esquerda, já terem aparecido Manuel Alegre, Fernando Nobre e Defensor Moura. É mais um candidato comunista para marcar terreno, aproveitar os tempos de antena para propaganda partidária e desistir a favor de outro – como Jerónimo de Sousa em 96, Ângelo Veloso em 86 ou Carlos Brito em 80? Ou é um candidato que o PCP arrisca levar à contagem de votos – como Jerónimo em 2006, António Abreu em 2001, Carvalhas em 91 ou Octávio Pato em 76?

Jerónimo de Sousa garante que o quase desconhecido a nível do país (mas bem conhecido no pequeno mundo da Soeiro Pereira Gomes) Francisco Lopes vai «assumir plenamente o exercício dos seus direitos, desde a apresentação até ao voto». Mas a verdade é que o PCP já disse o mesmo noutras candidaturas que se finaram em inevitáveis desistências.

O líder do PCP, no entanto, vai mais longe e teoriza: «É um equívoco pensar que, neste quadro, numa 1.ª volta, é um mal a existência de várias candidaturas». Até porque «ou o candidato da direita, Cavaco Silva, ganha com mais de 50% perante uma ou 10 candidaturas, ou não ganha e a questão da 2.ª volta coloca-se». É um argumento que se reduz a uma falácia. Há cinco anos, recorde-se, Cavaco Silva ganhou à 1.ª volta com mais de 50%. Mais precisamente com 50,5%... graças à pulverização da esquerda por quatro candidatos: Alegre, Soares, Jerónimo e Louçã.

Francisco Lopes, com o seu perfil apagado e aparelhístico, é obviamente um candidato para desistir. Por duas razões simples.

Porque o PCP não quer arcar aos ombros com a responsabilidade de impedir Manuel Alegre de chegar à 2.ª volta. E porque levar um candidato como Francisco Lopes a votos poderia revelar-se eleitoralmente suicidário para o PCP: Lopes corria o risco de fazer pior que os humilhantes 5,2% alcançados há dez anos pelo candidato comunista António Abreu.
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«SOL» de 27 Ago 10