Por Ferreira Fernandes
AO QUE SE DIZ, Passos Coelho mora em Massamá. O facto pertence à mesma família de uma fotografia de José Sócrates, adolescente e com fato mal amanhado.
Outra referência ainda mais antiga: as meias brancas nos tornozelos dos ministros dos primeiros governos cavaquistas. Minto, este último facto era diferente: o finório semanário Independente assumia-o para criticar a "falta de classe" da gente à volta de Cavaco. Como este acabou por viver mais tempo que o jornal, a pedantice social precaveu-se nas críticas que se seguiram.
Ninguém chama suburbano a Passos Coelho ou provinciano a Sócrates abertamente. Quem traz os casos à baila limita-se a abanar com a morada de um e o fato de outro a ver se servem de isca. Como se fato e morada indiciassem um destino.
Depois do deslize da adolescência Sócrates passou a vestir bem e, talvez, um dia destes Passos Coelho mude de bairro. Aliás, como prova da irrelevância do assunto, quem puxou Massamá para a berlinda foram os amigos, não os inimigos. Ora, se morar em Massamá não pode ser acusação também não é bandeira. Lincoln não foi bom Presidente por ter nascido numa cabana de terra batida. Mas foi por ser bom Presidente que essa cabana acabou reconstruída num monumento com colunatas gregas.
Peúgas, fato e morada são bobagens quando se trata do que se trata.
.
«DN» de 23 Ago 10