segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dantas

No ano passado, quatro em cada 10 portugueses defendiam a integração de Portugal numa união ibérica.

Um estudo da Universidade de Salamanca com o apoio do ISCTE, agora divulgado, revela que do ano passado para este ano o número de defensores da integração ibérica aumentou. Pois pudera! Já Almada Negreiros proclamava que se o Dantas era português ele queria ser espanhol.

E em boa verdade, desde os tempos de Almada até à actualidade, Portugal está inflacionado de Dantas. Aliás, de doutores Dantas e engenheiros Dantas, dr. Dantas para aqui e eng. Dantas para ali, Dantas disse e afinal Dantas não disse nada, Dantas vai e Dantas esteve. A percentagem de Dantas entre a população portuguesa não é excessiva. Acontece é que os Dantas têm uma visibilidade que os tornam insuportáveis. Os Dantas estão em toda a parte e incomodam toda a gente. Os Dantas exibem-se, espaventam-se, desdobram-se. Os Dantas foram clonados e os portugueses começam a ver Dantas para onde quer que se voltem. Olha, lá está um Dantas. Pim!

Os Dantas são uns convencidos, uns pedantes. Antes de mais estão convencidos que são Dantas. E vai daí portam-se como uns verdadeiros Dantas: opinantes, imperativos, inconversáveis, ríspidos, enfatuados. E, no entanto, uns rústicos. O mal dos Dantas é que não se contentam em ser o que são e querem ser o que parecem: uns peneirentos sem bagagem, fanfarrões sem lastro, jactantes sem linhagem. Os Dantas convenceram-se que nasceram para ser Dantas. São uns iluminados, porém de luz reflectida. Os Dantas não têm nada de próprio, a não ser bastantes benesses, alguma freguesia e cada vez menos audiência.

Para o ano que vem sairá novo estudo e haverá mais portugueses do lado da integração ibérica. E quanto aos Dantas, Pim!

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«DE» de 24 Mai 10

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