Por João Paulo Guerra
PORTUGAL tem sina de ser governado com vista para o quintal.
O único país do Mundo e da História governado por um ditador que tinha um galinheiro no ‘bunker' governamental ficou amarrado a esse horizonte mesquinho, rústico e algo patético: a Dona Maria, ministra sem pasta, a verificar com o dedo mindinho se as galinhas tinham ovo, para saber com o que podia contar para equilibrar as finanças. Puro Fellini.
Claro que entretanto os tempos mudaram, como constatou recentemente o actual ocupante, embora não residente, de São Bento. Mudaram neste sentido: agora, os frangos nascem sem cabeça, são embalados sem entranhas e os ovos são postos pelos supermercados em embalagens cartonadas.
Mas o espírito de antanho, de cortar a olho nas despesas e esperar pelo milagre das receitas, mantém-se. E perante uma crise financeira de proporções desastrosas, a alma do outro mundo que paira ainda sobre algumas mentalidades e costumes nacionais, e que habitará algures num sótão de São Bento, terá aconselhado alguns dos cortes que vão salvar o país da bancarrota. Por exemplo, a Justiça portuguesa vai deixar de fornecer água refrigerada aos agentes e utentes dos tribunais. Abençoados os que têm sede de Justiça porque vão continuar a tê-la.
O fornecimento de água refrigerada tem estado acessível em alguns tribunais, onde cidadãos perdem dias à espera para saber quando terão de voltar para esperar de novo e ainda mais. Agora, os cidadãos vão passar a esperar a seco que é para aprenderem que não há direitos adquiridos nesta democracia moderna. O impacto desta medida de austeridade garante, pelo menos, que o Estado deixará de meter água na justiça, embora apenas refrigerada. Que se seguirá nesta linha ousada de iniciativas? O mais avisado será consultar o espírito da Dona Maria.
PORTUGAL tem sina de ser governado com vista para o quintal.
O único país do Mundo e da História governado por um ditador que tinha um galinheiro no ‘bunker' governamental ficou amarrado a esse horizonte mesquinho, rústico e algo patético: a Dona Maria, ministra sem pasta, a verificar com o dedo mindinho se as galinhas tinham ovo, para saber com o que podia contar para equilibrar as finanças. Puro Fellini.
Claro que entretanto os tempos mudaram, como constatou recentemente o actual ocupante, embora não residente, de São Bento. Mudaram neste sentido: agora, os frangos nascem sem cabeça, são embalados sem entranhas e os ovos são postos pelos supermercados em embalagens cartonadas.
Mas o espírito de antanho, de cortar a olho nas despesas e esperar pelo milagre das receitas, mantém-se. E perante uma crise financeira de proporções desastrosas, a alma do outro mundo que paira ainda sobre algumas mentalidades e costumes nacionais, e que habitará algures num sótão de São Bento, terá aconselhado alguns dos cortes que vão salvar o país da bancarrota. Por exemplo, a Justiça portuguesa vai deixar de fornecer água refrigerada aos agentes e utentes dos tribunais. Abençoados os que têm sede de Justiça porque vão continuar a tê-la.
O fornecimento de água refrigerada tem estado acessível em alguns tribunais, onde cidadãos perdem dias à espera para saber quando terão de voltar para esperar de novo e ainda mais. Agora, os cidadãos vão passar a esperar a seco que é para aprenderem que não há direitos adquiridos nesta democracia moderna. O impacto desta medida de austeridade garante, pelo menos, que o Estado deixará de meter água na justiça, embora apenas refrigerada. Que se seguirá nesta linha ousada de iniciativas? O mais avisado será consultar o espírito da Dona Maria.
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«DE» de 26 Mai 10