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Por José António Lima
AINDA ESTA SEGUNDA-FEIRA, com os juros da dívida de Portugal a dispararem para máximos assustadores e após mais uma semana negra da Bolsa nacional, José Sócrates continuava a mostrar, na passagem dos primeiros seis meses deste seu segundo Governo, que vive noutra dimensão: «Não se verificam os cenários catastrofistas, porque já se prevê crescimento para Portugal e para a Europa», afirmava com um sorriso aéreo o primeiro-ministro.
Com todas as campainhas de alarme a soarem, sob a pressão constante e crescente dos mercados financeiros, em que ocupa publicamente José Sócrates os seus dias? Pois bem: a inaugurar a 1.ª pedra de um terminal portuário de cruzeiros, as obras de requalificação de um estabelecimento liceal ou – acompanhado por uma legião de ministros e secretários de Estado – a 1.ª fase da remodelação, que ainda vai a meio, do Terreiro do Paço... Sem esquecer, claro, a actividade de fazer nomeações, às dezenas, sem concurso público, de boys do PS para cargos de chefias em organismos do Estado, como o Instituto do Emprego – mas essa é uma prática entranhada que se tornou já um vício diário e sem remédio deste poder socialista.
Parecendo viver noutro mundo, Sócrates chega a fazer lembrar, em certos momentos, o inesquecível ministro da Propaganda de Saddam Hussein, que persistia em negar a realidade e as evidências já com as tropas e tanques norte-americanos atrás de si, nas ruas de Bagdade. Sócrates, tal como o patético Muhamad al-Sahaf, não está a perceber bem o filme em que está metido.
Demonstrou-o, aliás, duplamente, na sequência do encontro com Passos Coelho. Ao perder o pulso e a liderança da agenda política, permitindo que fosse o novo líder do PSD a tomar a iniciativa da reunião, deixando-se ir a reboque do seu opositor. E ao propor, no final do encontro, um conjunto de paliativos parcelares, claramente insuficiente para inverter a situação. E que não evitará, a curto prazo, a aplicação de medidas de austeridade adicionais ao PEC, mais duras e penalizadoras.
Após o abalo que o país sofreu esta semana, os portugueses começam a ficar realmente nervosos – indo ao encontro das palavras do Presidente checo, Vaclav Klaus. Todos menos um: o seu impassível primeiro-ministro.
.Por José António Lima
AINDA ESTA SEGUNDA-FEIRA, com os juros da dívida de Portugal a dispararem para máximos assustadores e após mais uma semana negra da Bolsa nacional, José Sócrates continuava a mostrar, na passagem dos primeiros seis meses deste seu segundo Governo, que vive noutra dimensão: «Não se verificam os cenários catastrofistas, porque já se prevê crescimento para Portugal e para a Europa», afirmava com um sorriso aéreo o primeiro-ministro.
Com todas as campainhas de alarme a soarem, sob a pressão constante e crescente dos mercados financeiros, em que ocupa publicamente José Sócrates os seus dias? Pois bem: a inaugurar a 1.ª pedra de um terminal portuário de cruzeiros, as obras de requalificação de um estabelecimento liceal ou – acompanhado por uma legião de ministros e secretários de Estado – a 1.ª fase da remodelação, que ainda vai a meio, do Terreiro do Paço... Sem esquecer, claro, a actividade de fazer nomeações, às dezenas, sem concurso público, de boys do PS para cargos de chefias em organismos do Estado, como o Instituto do Emprego – mas essa é uma prática entranhada que se tornou já um vício diário e sem remédio deste poder socialista.
Parecendo viver noutro mundo, Sócrates chega a fazer lembrar, em certos momentos, o inesquecível ministro da Propaganda de Saddam Hussein, que persistia em negar a realidade e as evidências já com as tropas e tanques norte-americanos atrás de si, nas ruas de Bagdade. Sócrates, tal como o patético Muhamad al-Sahaf, não está a perceber bem o filme em que está metido.
Demonstrou-o, aliás, duplamente, na sequência do encontro com Passos Coelho. Ao perder o pulso e a liderança da agenda política, permitindo que fosse o novo líder do PSD a tomar a iniciativa da reunião, deixando-se ir a reboque do seu opositor. E ao propor, no final do encontro, um conjunto de paliativos parcelares, claramente insuficiente para inverter a situação. E que não evitará, a curto prazo, a aplicação de medidas de austeridade adicionais ao PEC, mais duras e penalizadoras.
Após o abalo que o país sofreu esta semana, os portugueses começam a ficar realmente nervosos – indo ao encontro das palavras do Presidente checo, Vaclav Klaus. Todos menos um: o seu impassível primeiro-ministro.
«SOL» de 30 Abr 10