segunda-feira, 31 de maio de 2010

Soltas

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Por João Paulo Guerra

Mais do mesmo. Alegadamente para combater a crise, o Governo propõe-se fechar escolas com menos de 20 alunos, enquanto os cortes na Saúde deixam várias urgências em risco de encerrar.
Quer isto dizer que a crise vem mesmo a jeito, a propósito e a tempo para que a política de liquidação do ensino e da saúde pública dê mais um passo em frente. Com crise ou sem crise, com esta ou outra crise, antes ou depois da crise, desde os governos de Cavaco Silva até ao de José Sócrates tem sido uma razia nas escolas e nos serviços de saúde mais próximos das pessoas. Mais do mesmo, com ou sem crise.

Déjà vu. As críticas da Igreja e da direita enfraquecem a recandidatura de Cavaco Silva e abrem mesmo espaço para uma outra candidatura no espaço da direita. Neste transe, o que pode valer a Cavaco Silva será simplesmente o PS. No preciso momento em que uma candidatura da esquerda poderia impor-se com credibilidade para as presidenciais de 2011, o PS continua a marcar passo quanto à candidatura de Manuel Alegre, ao mesmo tempo que uma ou outra figura de proa do PS tece loas à candidatura do presidente da AMI que caiu do céu, ou de outro lugar qualquer. Há qualquer coisa de déjà vu em tudo isto.

Silhueta. Dois meses após alcançar a liderança do PSD, Passos Coelho aproxima-se da maioria absoluta nas intenções de voto dos portugueses, segundo sondagem publicada pelo DE. Nestes dois meses, o líder do PSD pouco mais fez para além de apoiar as medidas de austeridade do Governo. A única diferença entre Sócrates e Passos Coelho é que o líder do PSD pediu desculpa e tanto bastou para fazer a diferença. De resto, o líder do PSD nem teve tempo para construir uma imagem. Mas para bater a impopularidade do Governo nem é preciso imagem. Basta uma silhueta.
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«DE» de 31 Mai 10