Por João Duque
LONDON, SATURDAY, 9:00 am. Estação de comboios de Waterloo. Entro na gare onde centenas de passageiros se acolhem e vejo, no meio do enorme hall de acesso às plataformas, um sujeito alto, envergando uma cartola. Seria publicidade ou o homem do fraque? O olhar desvia-se 10 graus oeste e outra cartola irrompe da planície de cabeças. Ainda sem perceber a razão de tanta cartola, dou de caras com uma elegante inglesa, encobrindo as madeixas louras sob um exuberante chapéu. Depois outro chapéu de diva, e mais outro, e ainda outro. E outra, e outra e outra cartola mais! Um mar de gente bem vestida a rigor, onda de chapéus e cartolas, fraques e vestidos compridos, como que preparados para um casamento.
"O que é isto?" Admiti por momentos que um grupo de cruzados pela abolição dos transportes privados, ou bando de train lovers fanáticos, tivesse decidido um casamento em comboio... Ainda pensei por momentos que fosse iniciar-se a produção de um flash mob.
"God Good João! Ascot my darling!", sussurrou-me a minha mulher ao ouvido. E lá foram elas (e eles) para a "Platform 5 to Ascot!"
As corridas de cavalos são um clássico inglês e estas, em particular, são um espetáculo com direito a transmissão televisiva em direto, mais pelo desfilar das humanas beldades e vaidades que das hípicas da mais pura raça com quem rivalizam.
Deixei-os a correr para Ascot e eu corri para Southampton. No caminho abro um jornal e vejo o anúncio a uma campanha publicitária de um banco. Este, oferecia uma taxa (de juro) de cupão de uma obrigação de 4,15%, mas que aumentará para 4,65% se a Inglaterra ganhar o campeonato do mundo de futebol. Lembrei-me que algumas empresas estão a fazer campanhas idênticas. Uma promete agora em Portugal devolver o dinheiro pago na compra da televisão da marca, se Portugal vencer este campeonato do mundo. Nisto vejo um anúncio semelhante da mesma empresa que promete o mesmo para o público inglês, se a Inglaterra vencer este mesmo campeonato.
De repente "realizei" (não digam isto porque está errado!). O truque está aqui! Empresas verdadeiramente globais podem e fazem isto. Prometem a todos os povos participantes do mundial que pagarão um prémio se a respetiva seleção ganhar o campeonato, e depois só devolvem a um! Ganham em 31 e pagam a um! Se esse for muito grande pode sempre reduzir o prémio desse mercado, mas a ideia é extraordinariamente simples. No cômputo geral acabam, naturalmente, a ganhar.
.LONDON, SATURDAY, 9:00 am. Estação de comboios de Waterloo. Entro na gare onde centenas de passageiros se acolhem e vejo, no meio do enorme hall de acesso às plataformas, um sujeito alto, envergando uma cartola. Seria publicidade ou o homem do fraque? O olhar desvia-se 10 graus oeste e outra cartola irrompe da planície de cabeças. Ainda sem perceber a razão de tanta cartola, dou de caras com uma elegante inglesa, encobrindo as madeixas louras sob um exuberante chapéu. Depois outro chapéu de diva, e mais outro, e ainda outro. E outra, e outra e outra cartola mais! Um mar de gente bem vestida a rigor, onda de chapéus e cartolas, fraques e vestidos compridos, como que preparados para um casamento.
"O que é isto?" Admiti por momentos que um grupo de cruzados pela abolição dos transportes privados, ou bando de train lovers fanáticos, tivesse decidido um casamento em comboio... Ainda pensei por momentos que fosse iniciar-se a produção de um flash mob.
"God Good João! Ascot my darling!", sussurrou-me a minha mulher ao ouvido. E lá foram elas (e eles) para a "Platform 5 to Ascot!"
As corridas de cavalos são um clássico inglês e estas, em particular, são um espetáculo com direito a transmissão televisiva em direto, mais pelo desfilar das humanas beldades e vaidades que das hípicas da mais pura raça com quem rivalizam.
Deixei-os a correr para Ascot e eu corri para Southampton. No caminho abro um jornal e vejo o anúncio a uma campanha publicitária de um banco. Este, oferecia uma taxa (de juro) de cupão de uma obrigação de 4,15%, mas que aumentará para 4,65% se a Inglaterra ganhar o campeonato do mundo de futebol. Lembrei-me que algumas empresas estão a fazer campanhas idênticas. Uma promete agora em Portugal devolver o dinheiro pago na compra da televisão da marca, se Portugal vencer este campeonato do mundo. Nisto vejo um anúncio semelhante da mesma empresa que promete o mesmo para o público inglês, se a Inglaterra vencer este mesmo campeonato.
De repente "realizei" (não digam isto porque está errado!). O truque está aqui! Empresas verdadeiramente globais podem e fazem isto. Prometem a todos os povos participantes do mundial que pagarão um prémio se a respetiva seleção ganhar o campeonato, e depois só devolvem a um! Ganham em 31 e pagam a um! Se esse for muito grande pode sempre reduzir o prémio desse mercado, mas a ideia é extraordinariamente simples. No cômputo geral acabam, naturalmente, a ganhar.
«Expresso» de 26 Mai 10