sábado, 10 de julho de 2010

Salvar a Nação

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Por Antunes Ferreira

EL-REI DOM SEBASTIÃO, ao pé do Dr. Pedro Santana Lopes, não passa de um ajudante de auxiliar de praticante. O Desejado limitou-se a desencadear uma crise com a aventura espúria de Alcácer Quibir. O facto de ter sido considerado durante séculos (e hoje mesmo, ainda) como sendo o Salvador da Nação não tem nada a ver com proposta que ele tenha feito por ideia própria. E, de resto, os meios da Comunicação eram, na época, pouco significativos. Um tal Luís Vaz preparava o lançamento de obra que se visse – e lesse. Mas não percebia muito de marketing.

O Dr. Santana Lopes, bem ao contrário, com um fortíssimo pendor para a criação de impacto junto do povo sempre que faz afirmações, neste particular é um alho. Os já citados media aguardam-no com a tenacidade de um qualquer rotweiller que se preze, sempre na esperança de manchetes resultantes das suas declarações. Neste particular, é um verdadeiro Mestre. Quando menos se espera, ei-lo na berra, depois de andar por aí, ou mesmo quando anda. É um Salvador da Nação sofisticado. Sem espada, mas com armadura ainda que virtual.

Tenho para mim que é a altura ideal para apresentar ao José Cid (que, qual Fénix, vai renascendo das próprias cinzas), uma sugestão: compor uma nova balada que, desta feita, poderá começar, a exemplo do que fez com o saudoso monarca, com um sonoro Pedro Santana Lopeeees. O cavalo do êxito não passa assim tão frequentemente por um músico; há que aproveitar a ocasião e montá-lo.

Cito órgãos de informação: «(…) criticou o Presidente da República por ter deixado que o PS formasse Governo sozinho, na sequência das eleições legislativas de Outubro, insistindo que o ideal era ter promovido um "Governo de salvação nacional",(…) “com base maioritária estável no Parlamento". Mas não defende um Governo de bloco central, formado apenas por PS e PSD ou também com a participação do CDS-PP. "Era necessário um Governo de salvação nacional onde admito a conveniência de ser chamado o próprio PCP e as diferentes forças sindicais à mesa das negociações", advogou (…)»

Os Portugueses estão fartos de ser salvos contra vontade. Eu, pelo menos, estou. Consecutivamente, quais cogumelos, brotam excelentes intenções de salvar a Pátria exangue, com os resultados que se têm vindo a ver e se vêem. É um tanto como o escuteiro que, ao ver uma velhinha parada no passeio, se lhe dirigiu e a ajudou a atravessar a rua, alegando tratar-se da sua boa acção de cada dia. O óbice é que, já no outro lado, a senhora lhe disse que não queria atravessar coisíssima nenhuma, apenas estava à espera da neta Filomena.

Um «Governo de Salvação Nacional», com todos como o bacalhau é uma ideia muito interessante e que, na medida do possível, deveria ser tomada seriamente em consideração. Oportunidades como esta não se podem desaproveitar. Modestamente, adendo: no contexto da comparação histórica, o primeiro-ministro podia ser, então, o Senhor Dom Duarte Pio. Sem cavalo branco, mas com muito nevoeiro – para não ser reconhecido.