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Por João Paulo Guerra
O QUE É QUE a Suazilândia e a Ucrânia têm de comum com a Guiné Equatorial? É que nenhum destes países é de língua portuguesa. Ora tendo esta característica comum e acontecendo que a Guiné Equatorial está em vias de fazer parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não há razão para que a Suazilândia e a Ucrânia não adiram.
E o que é que têm em comum a Austrália e a Indonésia? É que ambos cobiçam o petróleo de Timor-Leste. Mas como, para além desse factor, nenhum desses países é de língua portuguesa, já agora porque não haverão de fazer parte da CPLP? E nem se estranhe que a Indonésia, potência ocupante de Timor-Leste durante mais de 25 anos, se proponha fazer parte de uma mesma comunidade que Portugal, potência administrante do antigo território ocupado.
Pois o Iraque também é alinhado com os Estados Unidos, após o primeiro ter sido invadido pelo segundo que, por sua vez, invadira o Kuwait.
A Guiné Equatorial é vista como uma espécie de Kuwait africano, em função das receitas da produção de petróleo e gás que colocam o território à frente da Dinamarca, do Reino Unido e da Espanha em matéria de rendimento. Com uma pequena ‘nuance': é que a democracia na Guiné Equatorial é tão viscosa, negra e malcheirosa como o crude. Mas isso que importa se tem petróleo e se hipotecou a independência à companhia Exxon?
Cada vez mais a CPLP se afirma como Comunidade de Países de Língua Petrolesa, isto é, falante do petro-português. E a abertura da CPLP em relação a outros falantes é tão elástica na língua como na democracia. O ditador Obianga dirige um país que, segundo o World Factbook da CIA, para além do petróleo, se dedica ao tráfico de pessoas, em particular de crianças, para exploração sexual. Que tipo de comunidade quer ser a CPLP?
Por João Paulo Guerra
O QUE É QUE a Suazilândia e a Ucrânia têm de comum com a Guiné Equatorial? É que nenhum destes países é de língua portuguesa. Ora tendo esta característica comum e acontecendo que a Guiné Equatorial está em vias de fazer parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não há razão para que a Suazilândia e a Ucrânia não adiram.
E o que é que têm em comum a Austrália e a Indonésia? É que ambos cobiçam o petróleo de Timor-Leste. Mas como, para além desse factor, nenhum desses países é de língua portuguesa, já agora porque não haverão de fazer parte da CPLP? E nem se estranhe que a Indonésia, potência ocupante de Timor-Leste durante mais de 25 anos, se proponha fazer parte de uma mesma comunidade que Portugal, potência administrante do antigo território ocupado.
Pois o Iraque também é alinhado com os Estados Unidos, após o primeiro ter sido invadido pelo segundo que, por sua vez, invadira o Kuwait.
A Guiné Equatorial é vista como uma espécie de Kuwait africano, em função das receitas da produção de petróleo e gás que colocam o território à frente da Dinamarca, do Reino Unido e da Espanha em matéria de rendimento. Com uma pequena ‘nuance': é que a democracia na Guiné Equatorial é tão viscosa, negra e malcheirosa como o crude. Mas isso que importa se tem petróleo e se hipotecou a independência à companhia Exxon?
Cada vez mais a CPLP se afirma como Comunidade de Países de Língua Petrolesa, isto é, falante do petro-português. E a abertura da CPLP em relação a outros falantes é tão elástica na língua como na democracia. O ditador Obianga dirige um país que, segundo o World Factbook da CIA, para além do petróleo, se dedica ao tráfico de pessoas, em particular de crianças, para exploração sexual. Que tipo de comunidade quer ser a CPLP?
«DE» de 14 Jul 10