terça-feira, 20 de julho de 2010

Burrice

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Por João Paulo Guerra

AO CONTRÁRIO do que se passa em Portugal desde os anos 80, lá fora a aposta da Educação reside em escolas com dimensão mais humana.

Portugal, que anda em geral com trinta anos de atraso em relação aos países mais avançados, poderia tirar proveito de tal situação para reformar algumas instituições de acordo com as novas tendências, registadas lá fora em função de fracassos como de sucessos. Mas Portugal tem uma mentalidade tacanha, que herdou do velho Manholas, pequeno proprietário rural que fez do País uma horta. De maneira que desconfia das reformas e muda as instituições em função da contabilidade de mercearia.

Desde meados dos anos 80, Portugal fecha escolas pequenas e transfere os alunos para abarracamentos nos subúrbios das cidades e vilas. Essa concepção já deu o que tinha a dar lá fora, provando o seu fracasso. Pelo que, lá fora, se volta agora às escolas de mais reduzida dimensão. Essa é uma das razões do sucesso da Educação na Finlândia e está a ser retomada em Nova Iorque. Mas os burocratas da Avenida 5 de Outubro só devem ler os próprios relatórios, mais as directivas das Finanças e de São Bento. Um estudo da Fundação Bill e Melinda Gates, citado na notícia sobre a matéria que saiu ontem no Público, conclui que a taxa de conclusão dos estudos é superior em sete pontos nas novas escolas de dimensão mais reduzida que nos velhos estabelecimentos de grande escala. Mas Portugal está certamente muito satisfeito com o título de campeão europeu do abandono escolar, pelo que não vê razão para seguir as modernices nova-iorquinas.

Talvez alguém acorde, daqui a uns anos. Mas, entretanto, a burrice da burocracia e do economicismo terão conduzido o ensino a uma situação de catástrofe. Eventualmente irreversível.
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«DE» de 20 Jul 10