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Por João Paulo Guerra
BASTAVA QUE EDUARDO não tivesse defendido para a frente, de onde é mais provável e fatal a recarga, e que Puyol tivesse convertido aquele auto-golo que esteve iminente, e neste dia e a esta hora os portugueses não davam pelo facto de o aumento dos impostos ter arrastado o aumento dos preços...
Bastava que Eduardo não tivesse defendido para a frente, de onde é mais provável e fatal a recarga, e que Puyol tivesse convertido aquele auto-golo que esteve iminente, e neste dia e a esta hora os portugueses não davam pelo facto de o aumento dos impostos ter arrastado o aumento dos preços, para além dos preços que aumentaram por dinâmica própria, o que, conjugado com a perda de apoios sociais, o congelamento ou contenção dos salários, o desemprego, o trabalho precário, a restrição ao crédito, está a fazer da vida dos portugueses um inferno.
Sintomaticamente, no dia em que terminou o chamado "sonho africano" da selecção da FPF - uma expressão institucionalizada que tresanda a neocolonialismo - as notícias sobre a vida de aflições dos portugueses retomaram a sua dimensão e projecção reais. A vida de dificuldades dos portugueses leva famílias a cortar na escola e na saúde; o medo faz disparar a poupança das famílias; só um terço dos portugueses vai para férias este ano.
Lá fora, em países que voltaram mais cedo da África do Sul, na França dois milhões manifestaram-se contra o aumento da idade de reforma e a Grécia parou com a quinta greve. E em Itália, um milhão de pessoas nas ruas deu maior expressão a uma greve geral. Mesmo em Espanha, carrasco de Portugal no Mundial, a greve do Metro paralisa a capital. Ou seja, com ou sem futebol a cidadania e a intervenção pública dos cidadãos não param. Mas o português é superior a essas ninharias.
Cá por casa, depois de andarem umas semanas embalados por manias de grandezas que não têm, os portugueses vão ficar mais uns tempos a discutir o que falhou na táctica ou na composição da equipa. E depois, com este calor, há sempre a frescura da água do mar ou a sombra de um centro comercial.
.Por João Paulo Guerra
BASTAVA QUE EDUARDO não tivesse defendido para a frente, de onde é mais provável e fatal a recarga, e que Puyol tivesse convertido aquele auto-golo que esteve iminente, e neste dia e a esta hora os portugueses não davam pelo facto de o aumento dos impostos ter arrastado o aumento dos preços...
Bastava que Eduardo não tivesse defendido para a frente, de onde é mais provável e fatal a recarga, e que Puyol tivesse convertido aquele auto-golo que esteve iminente, e neste dia e a esta hora os portugueses não davam pelo facto de o aumento dos impostos ter arrastado o aumento dos preços, para além dos preços que aumentaram por dinâmica própria, o que, conjugado com a perda de apoios sociais, o congelamento ou contenção dos salários, o desemprego, o trabalho precário, a restrição ao crédito, está a fazer da vida dos portugueses um inferno.
Sintomaticamente, no dia em que terminou o chamado "sonho africano" da selecção da FPF - uma expressão institucionalizada que tresanda a neocolonialismo - as notícias sobre a vida de aflições dos portugueses retomaram a sua dimensão e projecção reais. A vida de dificuldades dos portugueses leva famílias a cortar na escola e na saúde; o medo faz disparar a poupança das famílias; só um terço dos portugueses vai para férias este ano.
Lá fora, em países que voltaram mais cedo da África do Sul, na França dois milhões manifestaram-se contra o aumento da idade de reforma e a Grécia parou com a quinta greve. E em Itália, um milhão de pessoas nas ruas deu maior expressão a uma greve geral. Mesmo em Espanha, carrasco de Portugal no Mundial, a greve do Metro paralisa a capital. Ou seja, com ou sem futebol a cidadania e a intervenção pública dos cidadãos não param. Mas o português é superior a essas ninharias.
Cá por casa, depois de andarem umas semanas embalados por manias de grandezas que não têm, os portugueses vão ficar mais uns tempos a discutir o que falhou na táctica ou na composição da equipa. E depois, com este calor, há sempre a frescura da água do mar ou a sombra de um centro comercial.
«DE» de 1 Jul 10