sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Drama do Desemprego

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Por Maria Filomena Mónica

ANDO HÁ MESES para escrever um artigo sobre o desemprego. Se não o fiz, é porque o tema me bate à porta e me faz sofrer. Poder-se-ia pensar que um membro da classe média estaria acima destas preocupações, mas há muito que o fenómeno deixou de ser um exclusivo do proletariado. Agora, as empresas usam o mundo como palco das suas actividades, o que, para um país que vendia mão-de-obra barata, é complicado. Tudo isto faz parte do Progresso mas, tal como sucedeu durante a Revolução Industrial, este provoca vítimas. Se me preocupa o desemprego dos jovens – alguns deles meus alunos – angustia-me mais o de longo prazo, que atinge gente já fragilizada. Aos primeiros, digo para emigrarem; aos segundos, não sei o que aconselhar.

Em 2009, a taxa de desemprego vai aumentar. Previsivelmente, o anúncio do engº Sócrates durante a campanha eleitoral no sentido de que iria «criar» 150.000 empregos foi um embuste. Na realidade, o desemprego vai subir para 7,8%, como explicou James Daniel, o chefe da missão do FMI que há dias esteve em Portugal, acrescentando que a economia portuguesa iria crescer menos do que a média europeia, em parte porque «as empresas, as famílias e o Estado têm estado sempre a consumir mais do que se produz».

A produtividade nacional é baixíssima, não porque os portugueses sejam especialmente preguiçosos, mas porque há políticos, gestores e empresários que não estão à altura da sua missão. Em 1988/9, quando entrevistei os maiores patrões da indústria portuguesa, o que me espantou, sobretudo entre os da têxtil, foi o optimismo. Deve ter sido por isso que, em vez de reconverterem as suas empresas com o dinheiro que a CEE lhes entregou, deixaram correr o marfim. O resultado está à vista.

Garanto-vos que não será a dádiva de uns magalhaezinhos que irá aumentar a produtividade nacional. Mas é a isto que o Primeiro-Ministro dedica os seus dias. Na minha opinião, em vez de se pavonear pelas escolas, o engº Sócrates poderia, pelo menos, dar a impressão de que se preocupa com o destino dos que estão ou vão ficar no desemprego.

Outubro de 2008