segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Jogo

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Por João Paulo Guerra

A política é um jogo e quem está na política joga, para ganhar ou perder, porque perder e ganhar tudo é política. E tal como qualquer jogo, a política mede-se pelos resultados.

SÓ QUE no mais recente jogo político a que o País tem assistido, os jogadores não arriscaram apenas a sua vitória ou derrota: arriscaram seriamente a derrota do País. Disse quem sabe que a instabilidade política foi um dos factores que conduziu ao disparo da taxa de juro da dívida do Estado, à queda da Bolsa em autêntica quinta-feira negra e à colocação de Portugal na condição de presa dos predadores. Ou seja, como disse o antigo ministro das Finanças Medina Carreira referindo-se a estes e outros factores, «andamos a brincar com coisas sérias».

E a verdade é que nesta crise política - ou neste episódio da imensa e interminável crise portuguesa - todos os políticos jogaram. Mas jogaram como jogam estes profissionais do poker que aparecem na televisão: jogam por prémios mas com o dinheiro de patrocinadores. Assim, qualquer um arrisca, vai a jogo, faz bluff ou paga para ver. Só que ninguém perguntou aos portugueses se estavam dispostos a patrocinar o arriscado poker do Governo e das oposições.

O jogo consistiu na extrema dramatização em redor de uma questão na qual se percebe melhor a razão do Governo, e em particular do ministro das Finanças, que os pretextos das oposições, com excepção do PSD que defende um dos seus quintais. Ou seja, no jogo político, para jogar contra o Governo até vale apostar no «regabofe». E da parte do Governo as regras do jogo admitem a irresponsabilidade de considerar a hipótese, ou nem que seja simplesmente a ameaça, de deixar cair o poder de um País à beira do abismo. Ou, pelo menos, à beira do Mar Egeu.

«DE» de 8 Fev 10