Por João Paulo Guerra
E É ASSIM que os ministros dos Transportes da União Europeia decidiram aliviar as restrições aos voos na Europa, apesar de nenhum especialista conseguir declarar que a erupção do vulcão de nome impronunciável acabou e quando a nuvem de cinzas vulcânicas atinge novos espaços aéreos, designadamente o português. Fosse uma questão de liberdade ou de direitos e os voos ficavam cancelados ad eternum. Mas trata-se de lucros e dividendos e perante tal situação, de uma penada, "normaliza-se" o espaço aéreo, isto é, retoma-se a circulação e a nuvem vulcânica que se remeta à sua insignificância, pois valores mais altos se levantam.
Faz-me lembrar uma história deliciosa que me contou o músico e meu especial amigo José Barros. Aqui há uns anos, num voo interno no arquipélago de Cabo Verde, durante uma digressão, foi excedido o peso de passageiros e carga permitido pela capacidade do pequeno avião. Quem sai, quem não si? Quem espera e quem não espera pelo próximo voo? Ninguém queria sair. Encetaram-se negociações mas o impasse manteve-se. Até que o comandante tomou uma decisão, comunicada aos passageiros pela hospedeira - que, essa sim, já estava decidido que ficaria em terra. "O avião vai seguir viagem com toda a gente. O comandante arrisca".
E é assim. Os ministros dos Transportes arriscam, porque as companhias aéreas, apesar de terem começado a cortar nos direitos mais elementares dos passageiros retidos, queixavam-se de prejuízos de milhões que, aliás, a UE já estuda a modalidade de compensar. O Conselho de Ministros dos Transportes arrisca. E consumando-se algum dos riscos que levaram ao encerramento dos espaços aéreos, pode sempre invocar-se "falha humana".
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«DE» de 21 Abr 10
Não há nada que os interesses e o poder do dinheiro não consigam.
E É ASSIM que os ministros dos Transportes da União Europeia decidiram aliviar as restrições aos voos na Europa, apesar de nenhum especialista conseguir declarar que a erupção do vulcão de nome impronunciável acabou e quando a nuvem de cinzas vulcânicas atinge novos espaços aéreos, designadamente o português. Fosse uma questão de liberdade ou de direitos e os voos ficavam cancelados ad eternum. Mas trata-se de lucros e dividendos e perante tal situação, de uma penada, "normaliza-se" o espaço aéreo, isto é, retoma-se a circulação e a nuvem vulcânica que se remeta à sua insignificância, pois valores mais altos se levantam.
Faz-me lembrar uma história deliciosa que me contou o músico e meu especial amigo José Barros. Aqui há uns anos, num voo interno no arquipélago de Cabo Verde, durante uma digressão, foi excedido o peso de passageiros e carga permitido pela capacidade do pequeno avião. Quem sai, quem não si? Quem espera e quem não espera pelo próximo voo? Ninguém queria sair. Encetaram-se negociações mas o impasse manteve-se. Até que o comandante tomou uma decisão, comunicada aos passageiros pela hospedeira - que, essa sim, já estava decidido que ficaria em terra. "O avião vai seguir viagem com toda a gente. O comandante arrisca".
E é assim. Os ministros dos Transportes arriscam, porque as companhias aéreas, apesar de terem começado a cortar nos direitos mais elementares dos passageiros retidos, queixavam-se de prejuízos de milhões que, aliás, a UE já estuda a modalidade de compensar. O Conselho de Ministros dos Transportes arrisca. E consumando-se algum dos riscos que levaram ao encerramento dos espaços aéreos, pode sempre invocar-se "falha humana".
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«DE» de 21 Abr 10